À medida que nos afastávamos da tumultuada residência, o ruído dos acontecimentos ficava para trás, substituído por um silêncio sútil.
Caminhávamos lado a lado, perdidos em nossos próprios pensamentos. Cada passo nos levava mais longe, para longe daquela atmosfera opressiva.
A escuridão da noite envolvia nossos corpos, criando uma sensação de intimidade compartilhada.
Ao chegarmos ao final da rua, o brilho de um elegante Tesla branco capturou nossa atenção. O veículo parecia esperar pacientemente por seu dono, uma máquina perfeitamente alinhada com a estética de seu proprietário.
Diante do carro, paramos de caminhar, nossos olhares se encontrando.
Curiosa e ansiando por entender suas motivações, não pude conter minha pergunta:
— Por que decidiu me ajudar daquela forma? Você não tinha nenhuma obrigação de intervir. — Meus olhos refletiam uma mistura de curiosidade e admiração enquanto esperava sua resposta.
O Sr. Brixton soltou uma risada leve, como se estivesse se lembrando de algo divertido. Suas mãos se encontravam nos bolsos da calça preta, seu gesto denotando uma certa casualidade.
Finalmente, ao meu lado, diante do Tesla, ele voltou-se para mim. A iluminação fraca da rua fez com que seu rosto ficasse parcialmente obscurecido pelas sombras, tornando-o ainda mais intrigante.
Sua expressão era um enigma a ser decifrado, revelando um misto de satisfação momentânea e profunda reflexão.
— Pode parecer estranho, mas não consigo explicar exatamente por que decidi ajudar — confessou com sinceridade. Sua voz era suave e carregada de significado, ecoando no silêncio noturno. — Acredito que tenha sido um impulso, um instinto interior que me levou a agir naquele momento.
Suas palavras pairaram no ar, como se esperassem ser compreendidas além do seu significado literal.
Impulsionada pela curiosidade e pela conexão que sentia, minha mão encontrou seu caminho até o peito de Henry. Um gesto inesperado que o surpreendeu momentaneamente.
Na penumbra, eu buscava respostas nas batidas aceleradas de seu coração, tentando decifrar o turbilhão de emoções que pulsavam dentro dele.
— Acredito que tenha sido seu coração que o guiou — murmurei suavemente, permitindo que minhas palavras se fundissem em sua mente — consigo sentir as batidas aceleradas, a agitação que minha presença provoca em você.
Em um ato audacioso, meus braços envolveram seu corpo, puxando-o para mais perto de mim. Um arrepio percorreu minha espinha ao sentir a maciez de seus lábios contra minha bochecha. O momento era fugaz, mas intenso, repleto de eletricidade que alimentava nossos desejos mais profundos.
No entanto, a efemeridade daquele momento de intimidade logo se dissipou quando Henry afastou gentilmente minhas mãos das suas, interrompendo o contato que tanto ansiava.
— Sinto muito, mas isso não é correto para mim — disse, sua voz carregada de hesitação e conflito. Seu olhar revelava uma batalha interna entre seus sentimentos e suas obrigações — por mais que eu não ame Alice, ainda sou o noivo dela.
Permaneci ali, imersa na quietude daquele momento, enquanto cada palavra que escapava dos lábios do Sr. Brixton dançava delicadamente em meu coração.
Seus olhos, espelhos de sua alma, irradiavam uma sinceridade que transcendeu as barreiras da frieza e do distanciamento.
Foi como se o tempo congelasse ao nosso redor, permitindo que eu absorvesse cada matiz de suas confissões.
No entanto, no meio dessa melodia encantadora, emergiu uma nota dissonante de realidade. A imagem de Alice, sua noiva, pairava na nebulosa de meus pensamentos, trazendo consigo uma dolorosa clareza. Um misto de emoções contraditórias se chocava dentro de mim, desafiando meu senso de moralidade e colocando em xeque minhas escolhas.
— Acho que devo ir, meu carro chegará em breve. — me virei na direção oposta, não ousei encará-lo novamente.
A porta do carro dele se abriu, então finalmente pude confirmar a frieza sobre os seus sentimentos.
— Só para você saber, desde o primeiro momento do nosso encontro, senti uma conexão especial com você — sussurrou baixinho — eu realmente gosto de você, Eve, mas não sei explicar o que sinto.
Me virei com aquela resposta, mas ele já estava dentro do carro, o motor ligou e o veículo correu, pegando uma velocidade enorme e deixando a marca de suas rodas na pista do chão.
"Parece que de uma maneira ou de outra, conquistei seu coração, Henry", pensei com uma mistura de triunfo e tristeza.
Peguei o celular dentro da minha bolsa de ombro, discando um número enquanto soltava uma pequena risada.
Dentro de um mês aquele homem seria meu, ele se ajoelharia em meus pés, implorando para me ter e dizendo que vai se separar de sua noiva.
A decisão final estava tomada, uma escolha que ecoava com a inevitabilidade do destino.
Eu estava pronta para abdicar de todos os sentimentos que se mostravam vãos diante da grandiosidade do meu propósito.
Em dois dias, minha renúncia formal da empresa estaria selada, entregue cuidadosamente nas mãos daquele que outrora me tratara com carinho. Um gesto que desencadearia uma reação incerta, abalando o equilíbrio delicado de sua existência.
Aquele homem sentiria o peso da perda, uma torrente de incertezas que o consumiria. Tudo aquilo que ele acreditava ter sob controle se desfaria, deslizando entre seus dedos.
De maneira irônica, o futuro que se delineava à minha frente agora repousava em suas mãos. Seria um destino regido pelos sentimentos que nutria por mim: um amor sincero ou a perigosa atração de um romance proibido.
As peças do jogo estavam em constante movimento. Alice, uma vadia até que formidável, era como uma ameaça brutal, capaz de lançar-se contra meu plano meticulosamente tramado ao longo do tempo.
O caminho à minha frente era uma trilha escura, repleta de desafios e perigos, onde cada passo poderia resultar na diferença esmagadora entre a vitória e a derrota.
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Atualizado até capítulo 36
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Iara Drimel
Eve tem uma vingança a ocupar sua mente, mas seu coração está se ocupando de Henry, e o dele está começando a encontrar em Eve a sedução do proibido, talvez do amor. Será que Eve conseguirá sua vingança sem machucar Henry?
2023-08-09
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