O ambiente estava impregnado de tensão, um silêncio denso pairava no ar, até que os passos cadenciados de um sapato ecoaram pelo corredor.
Cada passo era calculado, anunciando a chegada iminente. Meus olhos encontraram os dele, um par de esmeraldas reluzentes, penetrantes.
Os ombros largos denotavam confiança, e sua estatura de aproximadamente 1,85m conferia-lhe uma presença potente.
Seu estilo de vestir era refinado, perfeitamente alinhado com sua postura altiva. Não foi surpresa vê-lo ali naquele momento. Era Benjamin Montgomery, o noivo de minha prima miserável.
— Eve, como pode fazer minha bela Sophia chorar? — sua voz soou carregada de deboche, enquanto ele delicadamente enxugava as lágrimas dela com o polegar. — Se esse rosto angelical ficar manchado pelas lágrimas, terá que arcar com as consequências. Você bem sabe como sua irmã é sensível a humilhações.
As palavras afiadas de Benjamin ecoaram em meus ouvidos, e meu interior estremeceu. Passei as mãos trêmulas pelo meu corpo, sentindo o ar gélido que parecia envolver-me por completo.
Antes que eu pudesse formular uma resposta, a loira avançou em minha direção e segurou minhas mãos.
— Sim, irmã, não seja assim. Eu sei que sente raiva por eu ter revelado ao papai que você se envolveu com meu ex-namorado, mas está tudo bem agora. Eu realmente te perdoei. — afirmou, com uma desfaçatez descarada.
Não contive minha indignação e dei um tapa em sua mão, evitando que ela me tocasse novamente. Sentia um misto de repulsa e desgosto.
— Um casal de hipócritas, vocês foram feitos um para o outro, não é mesmo? — minha voz soou trêmula, repleta de desprezo.
Apesar de manter minha postura, os sussurros incessantes e os olhares acusatórios daqueles ao nosso redor me assombravam.
“Como uma mulher como ela ousa frequentar esse evento?" alguém questionou.
“Ela é a verdadeira personificação da falsidade, bela por fora, mas uma farsa por dentro", afirmou outro.
A verdade era que eles não tinham a menor ideia de quão manipuladoras essas duas pessoas conseguiam ser.
Senti a minha impotência diante daquela situação, uma sensação avassaladora de não ser párea para o poder e influência que essa família carregava.
Era exatamente por isso que eu precisava de uma pessoa ao meu lado, alguém com um sobrenome que transcendesse os limites da cidade, com uma influência capaz de balançar até mesmo as estruturas do país.
— Por que você age assim, Eve? — Sophia fez uma expressão de tristeza — Você é sempre tão insensível e fria. Meu pai a acolheu como uma filha, e eu sempre a tratei como minha irmã mais velha.
Eu sabia que iria me arrepender do que estava prestes a fazer, mas sentia um calor intenso percorrendo meus dedos, pronto para explodir.
Se eu não tomasse uma atitude, minha reputação estaria arruinada por Sophia. Eu preferia destruir por mim mesma do que permitir que ela o fizesse.
— O amor fraterno e o cuidado de um pai? Você está delirando — afirmei, erguendo minha mão num movimento rápido que encontrou o rosto pálido dela com um estalo audível. O som reverberou pelo ambiente, causando um silêncio constrangedor.
— O que pensa que está fazendo, Eve? — Benjamin bradou, preocupado, enquanto verificava o rosto avermelhado de sua noiva.
— Quando você invadiu a casa dos meus pais e me tratou mal, também considerou o amor de uma irmã? Não tem vergonha de dizer essas coisas debaixo deste teto? —
— Como se atreve a tocar um dedo em minha filha, sua ingrata? —
O som de sapatos ecoou por todos os lados, aquela voz firme interrompeu a discussão.
Com cada passo, a tensão em meu corpo aumentava. Do alto das escadas, emergiram duas figuras.
O primeiro era Blake, meu tio e pai de Sophia. Seu olhar era penetrante, carregado de um profundo ódio dirigido a mim.
Ao seu lado, o homem que fez meu coração disparar: Henry.
Ele tinha o poder de destruir qualquer família, de apagar sobrenomes com apenas um movimento. Fiquei atônita ao vê-lo ali, envolvido com essas pessoas. Minha mente ficou em turbilhão, questionando o motivo de sua presença.
“Qual é a conexão dele com eles?"
Em meio a um misto de surpresa e choque, observei os dois homens se aproximarem. Com uma dose de sarcasmo, decidi confrontar meu tio:
— Talvez seja hora de o senhor reavaliar o comportamento de sua filha, Sr. Blake. Convidados não merecem ser tratados de maneira tão rude. —
Meu tio avançou em minha direção com passos rápidos e firmes, sua face contorcida pela fúria que emanava de sua essência. Cada músculo do meu corpo se preparava para o impacto, enquanto o medo se entrelaçava com a raiva queimando em meu peito.
Meus olhos se fecharam instintivamente, prontos para enfrentar o estalo do tapa que se aproximava.
No entanto, o golpe nunca veio. Um rosnado masculino, impregnado de autoridade e indignação, rompeu o silêncio tenso.
Lentamente, abri os olhos, incrédula com o cenário diante de mim. Henry, segurava o braço de Blake com uma força desafiadora.
— Não ouse encostar um único dedo nela — a voz dele ecoou, sua palavra carregada de um poder que parecia transcender a própria sala.
O impacto de suas palavras reverberou no ar, como um trovão silencioso, desafiando Blake a lutar contra a força que agora o enfrentava.
Sophia, agarrada a Benjamin, lançou-me um olhar de incredulidade, enquanto as lágrimas turvavam sua visão. Seus olhos verdes, normalmente tão radiantes, agora estavam nublados pelo desespero.
Em resposta, o Sr. Brixton aproximou-se de mim com passos firmes, desprendendo-se de seu paletó escuro para envolver meus ombros delicadamente. A textura macia do tecido em minha pele despertou uma sensação reconfortante.
— Por que está defendendo essa garota? — a loira perguntou com a voz trêmula, apertando ainda mais o abraço em seu noivo.
Sua expressão de confusão e mágoa estava marcada em seu rosto angelical. Henry, com seu olhar decidido e determinado, enfrentou-os com uma postura intensa.
— Vocês já estão avisados — proferiu, sua presença dominante enchendo o ambiente — se encostarem nela, estarão declarando uma oposição direta a mim.
As palavras saíram de seus lábios com uma força que ecoou pelo ambiente, preenchendo o espaço com uma energia eletrizante.
Enquanto caminhávamos pelo corredor de entrada, cada passo firme dele transmitia uma sensação de proteção e segurança. O perfume amadeirado invadia minhas narinas, trazendo consigo uma mistura de familiaridade.
Sua mão, que apertava suavemente meu braço, transmitia um calor reconfortante, como se estivesse selando um pacto de apoio incondicional.
Mordi o lábio inferior, tentando conter a enxurrada de emoções que me invadia. Aquela presença ao meu lado despertava um sentimento de esperança.
A imagem de Sophia e Benjamin se distanciando no horizonte enquanto caminhávamos, deixando para trás a atmosfera carregada da sala, permaneceria gravada em minha memória.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Iara Drimel
Foi um grande final para a Eve. Quem imaginaria que Henry estaria lá? E que a salvasse de um tapa feroz e a defendesse de tiranos insuportáveis. Um ponto para Eve em sua vingança.
2023-08-08
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