A escuridão me envolvia por completo, impedindo-me de enxergar qualquer coisa ao meu redor. Era como se estivesse imersa em um vácuo silencioso, onde apenas os pensamentos e sensações permeavam minha consciência. Meu corpo ardia em uma intensa sensação de calor, como se estivesse em chamas, enquanto minha mente lutava para compreender o que estava acontecendo.
Em meio a essas sensações, vozes masculinas distantes ecoavam no fundo da minha mente. Uma delas, tão familiar, era a de Henry. A preocupação transparecia em suas palavras, e eu podia sentir uma vez já angústia em seu tom. Enquanto a escuridão persistia, as palavras pareciam chegar até mim como sussurros distantes.
— Como ela está? Por favor, me diga que ela vai ficar bem. —
Sua voz, repleta de aflição, me transmitia a sensação de que algo estava muito errado. Ele questionava minha saúde, expressando sua preocupação com sinceridade. Mesmo naquele estado de escuridão e dor, suas palavras encontravam um lugar dentro de mim, tocando minha alma de uma forma indescritível.
— Eu a sedei algumas horas atrás e administrei os medicamentos apropriados. A febre persistiu, mas não temos motivo para preocupação além disso. Com repouso e cuidados adequados, ela deverá se recuperar em breve. — respondeu, o tranquilizando.
— H… Henry — Com grande esforço, consegui formar o nome dele, pronunciando-o com dificuldade enquanto meus lábios se moviam lentamente.
A luz fraca do ambiente começou a se tornar mais nítida aos poucos, permitindo-me abrir os olhos e me familiarizar com o entorno. Minha voz fraca ecoou pelo espaço, trazendo consigo uma mistura de alívio e anseio.
Embora meus olhos ainda estivessem se ajustando, eu pude sentir a presença dele ao meu lado. Seus passos rápidos ecoaram pelo ambiente, e sua mão segurou a minha com firmeza. Mesmo sem conseguir vê-lo, era evidente sua preocupação, transmitida através de seu toque e do tremor sutil em sua voz.
— Por favor, deixe-nos a sós imediatamente. — dirigiu-se a figura desconhecida que prontamente acatou sua ordem, fechando a porta atrás de si.
Ao abrir os olhos, me deparei com o rosto de Henry à minha frente. Seus cenhos estavam franzidos, evidenciando sua preocupação e tensão. No entanto, mesmo em meio a essa expressão de frieza, seus olhos transmitiam uma gentileza profunda, como se estivessem implorando para que eu me recuperasse. Era um contraste intrigante, que refletia a complexidade de seus sentimentos em relação a mim. Sua mão ainda segurava a minha com suavidade, como se temesse que eu pudesse escapar a qualquer momento. Uma mistura de frieza e gentileza, revelando o conflito interno que habitava seu ser.
O homem colocou a palma da mão contra minha cabeça, em busca de algum sinal de febre. Senti um calor reconfortante irradiando de sua mão e percorrendo suavemente pela minha testa.
Com um sorriso fraco nos lábios, agradeci amorosamente a Henry pelos seus cuidados.
— Isso significa muito para mim — disse em voz baixa, quase como um sussurro. — Eu quase nunca recebi tanta atenção assim. É reconfortante saber que você se importa.
Com um pouco de esforço, ergui-me lentamente na cama macia e luxuosa. Sentindo meu corpo ainda fraco, o Sr Brixton prontamente passou o braço forte ao redor da minha cintura fina para me apoiar. Seu toque era reconfortante, transmitindo segurança e proteção.
Ele me encarou, com uma expressão que denotava certo distanciamento. A memória de minhas palavras no restaurante parecia surgir em sua mente, porém ele atribuía isso ao meu estado febril. Seu olhar, antes tão caloroso, agora de alguma maneira parecia mais frio. Era como se ele estivesse colocando uma barreira entre nós, protegendo-se de qualquer aproximação emocional.
— Você se lembra do que eu disse no restaurante? — questionei.
Um silêncio gélido pairou no ar por um momento, enquanto o homem, distante de mim, parecia imerso em seus pensamentos, refletindo sobre minha pergunta.
Então Henry olhou para mim com um olhar condescendente e disse suavemente:
— Não se preocupe, Eve. Eu entendo que suas palavras no restaurante foram apenas resultado da febre. Você não precisa se explicar. —
Olhei ao redor do quarto, absorvendo a atmosfera de luxo e opulência que o cercava. Cada detalhe, desde os móveis elegantes até os tecidos suntuosos, exalava riqueza e poder. No entanto, mesmo diante de toda essa grandiosidade, eu não conseguia me acalmar com a resposta indiferente de Henry. Uma sensação de inquietação e frustração começou a surgir dentro de mim.
Eu me lembrava de minha missão, de minha vingança ardente que me impelia a seguir em frente, a destruir Alice e tudo o que a cercava. Mas, ao mesmo tempo, havia uma parte de mim que reconhecia minha fraqueza, minha incapacidade de resistir aos sentimentos que começavam a se formar em meu coração.
Sentia-me dividida entre a necessidade de ser fria e implacável, de suprimir qualquer emoção que pudesse me distrair do meu objetivo final, e a ânsia de explorar esses sentimentos proibidos que começavam a aflorar. Sabia que não podia me permitir ser consumida pelas emoções, pois isso poderia comprometer meu plano e enfraquecer minha determinação.
A sensação de poder e dinheiro que permeava aquele lugar parecia se fundir com a minha própria fragilidade. Era um lembrete constante de que, para alcançar a justiça que buscava, eu não podia me permitir ter nenhuma fraqueza. Eu precisava ser implacável, calculista e controlada, mesmo que isso significasse abrir mão de qualquer emoção que pudesse surgir.
Finalmente, minha atenção foi atraída para minha bolsa de ombro, que repousava ao lado da cama. Com um movimento rápido, a peguei e, com cuidado, retirei meu celular de dentro. Ao desbloqueá-lo, deparei-me com um mar de notificações não lidas, todas provenientes de Nina. Meu coração se apertou ao perceber que ela havia me ligado cinco vezes. Olhei para o relógio no celular e constatei que já era altas horas da madrugada.
Com determinação e um olhar firme, me voltei a Henry:
— Eu me lembro perfeitamente das minhas palavras, e não tenho intenção de retirá-las. Se você preferir ignorar, é uma questão sua —
O homem desviou o olhar, incapaz de me encarar novamente. Ele caminhou em direção à porta, as mãos enfiadas nos bolsos de sua calça. Seus passos eram silenciosos e pesados, ecoando a tensão que se instalara entre nós.
Ele virou-se na porta e lançou-me um olhar fugaz.
— Em breve amanhecerá — disse com uma voz baixa e firme. — Me acompanhe no café da manhã. E se precisar de alguma coisa, basta tocar o sino ao lado. Uma das empregadas virá atendê-la.
Seus olhos transmitiam uma mistura de distância e preocupação, deixando-me pela primeira vez com uma sensação de incerteza sobre o que realmente se passava em sua mente.
Fiquei parada ali, encarando a porta do quarto se fechar enquanto Henry se afastava.
Eu finalmente havia entendido que aquele não era o homem que eu pensava ser, ele era gentil e realmente se preocupava comigo.
Minhas pernas tremeram, quase me deixando cair no chão. Enquanto pensava em como iria lidar com as próximas semanas, lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto.
Seria possível deixá-lo para trás quando o momento chegasse? Seria possível viver sem a presença e o carinho que ele me oferecia? Eu não sabia, mas uma coisa era certa, essa seria uma triste despedida.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 36
Comments
Maria Rosangela Alves de Oliveira
ela tá estranha
2023-08-13
0
Iara Drimel
Eve terá força de vontade para seduzir Henry e depois se afastar? Isso parece ser bem perigoso para quem quer vingança. Henry para mim ainda é uma incógnita que pretendo desvendar.
2023-08-04
2