CAPÍTULO 4

No outro dia, cheguei à empresa com o humor amargo impregnado em minha alma. A manhã estava fria e nublada, como se o próprio clima refletisse minha disposição sombria. Usava um elegante vestido preto de renda floral, uma escolha deliberada para expressar meu estado de espírito para aquele dia.

Caminhei pelos corredores da empresa, passando por colegas e cumprimentando-os com um aceno de cabeça desinteressado. Minha mente estava ocupada com pensamentos sombrios e determinação implacável. Não havia espaço para amabilidades superficiais.

Enquanto seguia em frente, meu olhar perspicaz observava cada detalhe do ambiente ao meu redor. As paredes brancas e sem vida, as conversas abafadas que sussurravam meu nome e os passos apressados criavam um ambiente desprovido de cor e vitalidade. Era como se a própria atmosfera capturasse minha melancolia e refletisse o clima pesado que pairava sobre mim.

Mesmo no meio de tarefas cotidianas, meu semblante permanecia sério e distante. Meu foco estava voltado para além dos afazeres rotineiros, em busca de respostas e justiça para o mistério que me atormentava. Não havia espaço para trivialidades e banalidades mundanas.

Caminhava com determinação pelos corredores da empresa, com meu olhar fixo no horizonte. Ouvia o som dos meus saltos ecoando no piso, criando uma cadência firme que acompanhava o pulsar do meu coração.

Enquanto me aproximava do meu escritório, pude ouvir vozes distantes, sussurros abafados que flutuavam no ar. Entre as conversas triviais, um tom de malícia e desdém se destacava, como uma flecha envenenada apontada diretamente para mim.

Curiosa e, ao mesmo tempo, relutante, me aproximei do grupo de funcionários que estava reunido. Entre as vozes, uma se destacava, alta e rude, carregada de um despeito palpável. Reconheci a funcionária como alguém que, aparentemente, via prazer em me colocar para baixo, como se tentasse minar minha força de propósito.

— Ouvi dizer que Eve só conseguiu esse cargo porque teve um caso com o chefe. É o que dizem nos corredores, não é mesmo? —

As pessoas ao redor trocaram olhares cheios de curiosidade e interesse, como se estivessem ansiosas para absorver a nova dose de fofoca. Alguns inclinaram levemente a cabeça, como se estivessem ponderando sobre a veracidade das palavras da funcionária. Outros sussurravam entre si, comentando sobre o meu suposto caso.

As palavras que ecoavam em meus ouvidos eram maldosas, impregnadas de veneno e inveja. Ela falava sobre mim com desdém, tentando me diminuir e questionar minha competência. A voz alta e clara, como se quisesse que eu ouvisse cada palavra cruel e afiada.

A raiva e a indignação borbulharam em meu peito, lutando para se libertar. Era uma provocação descarada, um desafio que ela lançava sem medo das consequências.

Com um olhar gelado e uma postura ereta, cruzei o caminho da jovem garota, sem desviar o olhar nem conceder o prazer de me ver abalada. Meus passos eram firmes, meu rosto inexpressivo. Ela tentou disfarçar seu desconforto quando percebeu minha aproximação, mas o estrago já estava feito.

— Se você tem tanta certeza das suas palavras, por que não as repete diretamente para mim? Ou será que não tem coragem de enfrentar a verdade e prefere se esconder por trás das fofocas e insinuações sem sentido? — retruquei com uma voz calma e cortante

Aquela mera vadiazinha, com um sorriso debochado nos lábios, ignorou as minhas palavras como se fossem meros ruídos insignificantes. Seu olhar arrogante transmitia a mensagem de que não se abalaria facilmente. Era como se estivesse convencida de que suas fofocas e insinuações tinham o poder de manchar a minha reputação.

— Tenho certeza de que você teve que "mostrar seus talentos" de maneira bem pessoal para conseguir subir tão rápido nessa empresa. —

A funcionária soltou uma gargalhada sarcástica, acompanhada pelas risadinhas dos colegas ao seu redor.

Seu rosto exibia um sorriso presunçoso, enquanto seus olhos brilhavam com uma mistura de desdém e dúvida. Era evidente que a insinuação havia atingido seu objetivo de minar a minha reputação, pelo menos na opinião daqueles que a rodeavam. No entanto, permaneci imperturbável, ignorando o riso e mantendo a expressão fria de sempre.

— Pode ser que eu tenha capturado a atenção do chefe, mas o fato de você estar aqui fofocando ao invés de trabalhar apenas evidencia o seu real valor e suas qualificações limitadas. —

Com uma expressão de exasperação, passei as mãos pelos cabelos, sentindo a tensão se acumular em cada fio. Meu tom de voz transmitia uma mistura de frustração e cansaço, refletindo o peso da situação em que eu me encontrava. Era como se, por um momento, a pressão do ambiente de trabalho e as fofocas maliciosas tivessem se tornado quase tangíveis.

Um silêncio mortal se instalou no ambiente, interrompendo as conversas e transformando a sala em um cenário de expectativa e curiosidade. Os olhares de todos se voltaram em direção a mim, como se estivessem ávidos por cada palavra que eu pudesse proferir. O ar estava carregado de antecipação, enquanto todos aguardavam ansiosamente por alguma resposta, algum desfecho para a tensão que pairava.

Era evidente que minha troca de palavras havia capturado a atenção ao redor. Os olhos curiosos e atentos buscavam qualquer indício, qualquer gesto que pudesse revelar mais sobre a situação. Era como se estivessem sedentos por detalhes, prontos para alimentar seus próprios julgamentos e especulações.

Meus olhos desviaram-se para o crachá dela, notando seus detalhes. Era uma jovem com manchas no rosto e óculos, características que antes passavam despercebidas. No entanto, naquele momento, ficou claro para mim que algo havia mudado. Se comparada a quando tirou aquela foto, era evidente que agora se preocupava mais com sua aparência.

Uma onda de compreensão percorreu meu ser. Aquelas palavras rudes e debochadas que ela havia proferido eram mais uma tentativa de diminuir-me, de compensar sua própria insegurança. Era uma forma de projetar suas frustrações em mim, talvez na esperança de elevar sua própria autoestima.

Envolvi minhas mãos entre os braços dela e a puxei para mais perto, encarando-a com um olhar firme e determinado. Em meio àquele silêncio tenso, não pude deixar de notar o pequeno cartão amarrado ao colar. Meus lábios se curvaram em um sorriso irônico antes de me dirigir a ela.

— Seu nome é Ana, certo? — questionei, deixando o ar de desafio permear minhas palavras. — Agora posso entender o motivo de você querer tanto diminuir os outros.

Aquela resposta era uma forma sutil de confrontar sua atitude mesquinha, de trazer à tona suas próprias inseguranças que a levavam a tentar derrubar as pessoas.

Meu aperto firme em seus braços transmitia a mensagem de que eu não seria afetada por suas tentativas de desestabilização.

Ana parecia sem reação, seus olhos revelando uma mistura de surpresa e desconforto. Era evidente que minhas palavras haviam tocado em algo profundo dentro dela, talvez suas próprias inseguranças em relação à aparência. Enquanto observava sua expressão abalada, uma onda de desdém e raiva percorreu meu ser.

Neste mundo onde a beleza e o dinheiro podem ser comprados e vendidos, aqueles que não têm nada para apostar no jogo não deveriam tentar diminuir os outros. Era uma lição que Ana ainda tinha que aprender. Eu estava decidida a destruí-la completamente, soltando veneno com cada palavra que escapasse dos meus lábios.

Levei meus lábios rosados ao ouvido dela, permitindo que apenas ela ouvisse meus sussurros mortais. O tom da minha voz era gélida e carregada de uma malícia calculada. A proximidade entre nós duas intensificava a tensão no ar, enquanto eu sussurrava palavras que tinham o poder de dilacerar sua confiança.

— Você é patética, Ana… — cada palavra que escapava dos meus lábios era um veneno intenso, projetado para corroer suas defesas e expor suas fraquezas. Eu sabia que, mesmo que ninguém mais pudesse ouvir, encontrariam seu caminho até o âmago dela, deixando marcas indeléveis em sua mente.

— Não suporto mais olhar a sua cara feia aqui. Faça um favor a todos e se demita. Não há espaço para pessoas como você neste ambiente. — enquanto sussurrava, meu olhar penetrante encontrava os da garota, desafiando-a a enfrentar a verdade que estava sendo revelada.

Aquele momento de intimidade cruel era uma maneira de mostrar a ela que não havia mais lugar para suas táticas mesquinhas e tentativas de me derrubar. Eu estava disposta a ir até as profundezas sombrias para que pudesse compreender que não havia escapado do meu alcance.

Em meio ao silêncio ao nosso redor, nossos sussurros mortais criavam uma atmosfera carregada de ameaça. Era um momento em que as máscaras caíam e as verdadeiras intenções eram reveladas. Ana teria que encarar a realidade de suas ações e lidar com as consequências de seus atos.

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Comments

Iara Drimel

Iara Drimel

Eve tem que enfrentar um demônio por dia! A coitada não tem folga. Até uma simples funcionária a destrata. O que Eve fez ou tem que sempre é atacada e humilhada?

2023-08-02

2

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