CAPÍTULO 3

Eu estava exausta após um longo dia de trabalho, ansiosa para tomar um banho relaxante e esquecer todos os problemas do mundo lá fora. Enquanto conversava com emma, que estava ao meu lado, ela mencionou uma entrega misteriosa que havia chegado para mim. Acompanhando o pacote, um bilhete cuidadosamente escrito à mão, com meu nome, Eve, destacado em vermelho.

A garota dirigiu-se para um canto do nosso apartamento e arrastou o pacote para o centro da sala, deixando-me intrigada. Brincando, ela sugeriu que poderia ser um admirador secreto, mas algo naquele pacote parecia muito mais perturbador do que uma simples surpresa romântica.

Com cautela, abri o pacote pesado, sentindo meu coração acelerar. Dentro, encontrei um quadro.

Minha atenção foi capturada instantaneamente pela pintura em frente a mim. Os traços daquela imagem sinistra se tornaram ainda mais vívidos. A figura retratada era a minha mãe, inconfundível em cada detalhe. Seus olhos profundos, como poços de sabedoria e ternura, agora pareciam vazios e sombrios, refletindo um tormento desconhecido.

Os traços do rosto dela eram reproduzidos com precisão impressionante, cada linha, cada ruga, exatamente como eu me lembrava. Mas algo estava errado. Uma aura de desespero e agonia emanava daquela representação distorcida. As pinceladas vermelhas, que imitavam sangue fresco, manchavam a pele da minha mãe, como feridas abertas que se recusavam a cicatrizar.

As manchas escorriam, criando padrões abstratos que pareciam evocar angústia e desespero. Era como se cada marca vermelha fosse um grito silencioso, uma representação simbólica do tormento que ela enfrentara em vida, um tormento que até então permanecera oculto.

A expressão no rosto dela, antes radiante e cheia de amor, agora se contorcia em uma máscara de inquietação. Os olhos, outrora cheios de vida, estavam vazios, como se a essência de sua alma tivesse sido sugada para fora. Os lábios, que costumavam curvar-se em sorrisos reconfortantes, estavam presos em uma expressão de tormento silencioso.

As cores da pintura pareciam exalar uma escuridão sutil, envolvendo-a em um véu de mistério e desassossego. Os tons avermelhados e escuros fundiam-se de forma sombria, criando uma atmosfera opressora. Cada pincelada parecia uma gota de sangue, como se a vida tivesse sido drenada do retrato, deixando para trás apenas a morte e o desespero.

Meu coração apertou-se diante daquela visão perturbadora, uma mistura de tristeza e inquietude. Reconhecer minha mãe ali, retratada de forma tão agonizante, era como reviver sua perda, como se a ferida ainda fresca de sua ausência fosse rasgada novamente.

Meu olhar se fixou em algo pequeno e quase imperceptível no canto inferior. Uma frase grifada, como se clamasse por minha atenção. "Memento mori" estava ali, em letras cuidadosamente desenhadas.

A expressão em latim ressoou em minha mente, despertando um sentimento de desconforto. "Lembra-te de que és mortal" - a tradução daquela frase tão carregada de significado. O contraste entre a lembrança da minha mãe e essa mensagem macabra parecia criar um paradoxo assustador.

Aquelas palavras eram um lembrete cruel da fragilidade da vida, da inevitabilidade da morte. E ali, naquele desenho, elas se tornavam ainda mais sinistras. Como se alguém estivesse tentando transmitir um aviso sombrio ou até mesmo uma ameaça.

O significado oculto por trás dessa frase arrepiou minha espinha. Será que essa pintura era uma forma de lembrar-me da efemeridade da existência humana? Ou seria um aviso sobre algo mais sinistro e desconhecido? As perguntas invadiram minha mente, alimentando o suspense que me envolvia cada vez mais.

Enquanto me debatia com minhas próprias conjecturas, uma sensação de insegurança e vulnerabilidade tomou conta de mim. A incerteza do que aquilo significava e o porquê de ter sido enviada a mim instigavam meu medo mais profundo. Eu estava diante de algo maior do que podia compreender, algo que desafiava minha razão e minha sanidade.

Com os dedos trêmulos, soltei o quadro, deixando-o cair no chão com um estrondo que ressoou pela sala. O som do impacto ecoou no silêncio, como se cada batida do meu coração fosse amplificada por aquele barulho repentino.

O impacto da queda reverberou por todo o meu ser, e um peso avassalador se abateu sobre mim. Meu corpo tremia, enquanto me afundava no sofá como se fosse incapaz de suportar o fardo emocional que aquele quadro carregava.

A sensação era como se uma âncora invisível tivesse sido lançada sobre mim, prendendo-me naquele lugar de desespero e agonia. Cada músculo parecia pesar toneladas, tornando difícil até mesmo respirar. O ar parecia rarefeito, como se a atmosfera estivesse impregnada de uma energia densa e opressora.

O desespero se desdobrava em lágrimas que fluíam descontroladamente pelo meu rosto. Um grito estrangulado escapou dos meus lábios trêmulos, ecoando pela sala, carregado com toda a angústia que havia se acumulado dentro de mim.

Meu corpo cedeu sob o peso esmagador do medo, e eu caí de joelhos no chão frio, sentindo minhas pernas falharem. As lágrimas se misturavam com soluços, engasgando-me enquanto minha mente se afundava em um colapso emocional.

No auge do meu desespero, Emma se agachou ao meu lado, envolvendo-me em um abraço reconfortante. Seus braços me envolveram com força, como uma âncora que tentava me segurar diante da tempestade furiosa que devastava minha mente.

— Shh... Eve, acalme-se. Estou aqui por você, e juntas vamos encontrar uma maneira de lidar com tudo isso. Eu não suportaria perdê-la. —

Palavras de consolo escapavam de seus lábios, sussurradas com ternura e compaixão. Ela me lembrava que eu não estava sozinha, que podia contar com seu apoio incondicional. Suas palavras, embora abafadas pelo som do meu choro desesperado, penetravam em minha consciência, oferecendo um vislumbre de esperança em meio à escuridão.

Enquanto as lágrimas secavam em meu rosto, uma escuridão inquietante tomava conta do meu coração. O ódio crescia em mim como uma chama insaciável, alimentando uma sede de matança que eu não podia ignorar. Cada batida do meu coração era impulsionada por uma determinação sinistra, disposta a fazer qualquer coisa para alcançar a minha vingança. A luz da esperança desapareceu completamente, substituída por um desejo obscuro e implacável de ver aqueles que me fizeram sofrer pagarem pelo que fizeram. Não haveria misericórdia, nem piedade. Apenas a crueldade calculada que infligiria a todos que cruzassem o meu caminho.

— Destruirei eles, mesmo que eu mesma seja reduzida a cinzas no processo. Ninguém escapará da minha vingança. —

Com determinação ardente nos olhos, afastei Nina, minha amiga leal, e me ergui do chão. Era hora de superar aquele medo insignificante que se instalara em meu ser. Com passos firmes, dirigi-me ao quadro virado de cabeça para baixo, sentindo a energia sombria emanando dele.

Peguei-o nas mãos e, por um breve momento, observei-o intensamente. Meu olhar penetrava cada detalhe, como se buscasse desvendar os segredos ocultos naquelas pinceladas carregadas de segredos.

Sem hesitar, rasguei aquela folha fina, meticulosamente trabalhada por semanas, sentindo a satisfação momentânea de liberar minha frustração e raiva contidas. Os pedaços da folha voaram pelo ar, dispersando-se como fragmentos de uma verdade que eu estava disposta a desvendar.

Porém, em meio aos pedaços rasgados, algo chamou minha atenção. Havia um endereço inscrito na tábua do quadro. Uma nova onda de surpresa me envolveu, deixando-me curiosa e ao mesmo tempo apreensiva. O que aquele local poderia revelar? Quem o enviara e com que propósito?

Meu coração acelerou novamente, impulsionado por uma mistura de curiosidade e ansiedade. Sabia que, seguindo aquele endereço, adentraria um território desconhecido e perigoso. Mas, naquele momento, o chamado da verdade e da vingança era irresistível.

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Comments

Maria Rosangela Alves de Oliveira

Maria Rosangela Alves de Oliveira

ainda não entendi nada

2023-08-13

0

Iara Drimel

Iara Drimel

Gosto da forma que é feita a narrativa, além de ser bem descrita e detalhada com esmero, tem um tom sombrio que realça o sentimento de vingança em Eve. Muita maldade em enviar um quadro tão perfeccionista e tão macabro para a filha triste e marcada pelo terror de acontecimentos passados.

2023-08-02

2

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