O que faz aqui?

Henrique estava cada vez mais confuso, não era nada disso que esperava daquela família. Veio preparado para encontrar pessoas horríveis que poderiam até mesmo deixar ele morrer, mas em vez disso, encontrou uma família amorosa e compreensiva, embora com personalidades bastante diferentes.

A casa da ONG era perto. Do lado dela havia um grande terreno vazio voltado para atividades. Como Katrina havia adiantado, as crianças realmente estavam esperando por elas. Henrique prestou atenção em todo caminho. Precisava do máximo de informações possíveis, não apenas da favela, mas também daquela família.

— Você não deve lembrar como funciona um jogo de futebol, né? Mas é bem simples. Você ficará naquela trave. As crianças farão uma fila, chutando a bola em sua direção. Depois eles têm que correr 15 vezes, por fim, jogam uma partida. Sua função é evitar que eles arranquem os pedaços uns dos outros. Às vezes eles se empolgam um pouco no meio da partida e esquecem que são amigos ou até seres humanos, mas são meninos maravilhosos. — Katrina explicou sorrindo. Henrique não conseguiu segurar a risada. A descrição das crianças parecia tudo, menos maravilhoso.

Katrina se aproximou da roda que as crianças estavam. Explicou que havia uma pessoa nova na ONG, que ajudaria nas atividades, começando daquele dia. Orientou as crianças para obedecer e seguir as regras de Henrique. As crianças concordaram.

— Agora é com você. Boa sorte. Você vai precisar — Katrina entregou três bolas para Henrique antes de entrar para ficar nas outras atividades.

Henrique não tinha noção até aquele dia, de como crianças pequenas tinham energia e se empolgavam tanto quanto adultos em uma partida. Foram os 60 minutos mais longos de sua vida. Quando acabou, ele se sentou na cadeira, ao lado de Katrina, que ensinava uma atividade de pintura para crianças.

— Tome um pouco desse chá e descanse. A próxima turma deve estar a caminho já. — Katrina disse entregando uma xícara com chá gelado e sorrindo.

Henrique começou a questionar se ela era realmente uma senhora doce. No fim do dia, ele mal conseguia andar. Voltando para casa, sentia que estava muito mais longe do que pela manhã.

— Olha o estado do garoto. Você não tem dó mesmo, Katrina. Ele está destruído. Nem lembrou que ele estava com ponto ainda. Por isso que eu te amo, até quando é sádica, parece ser doce. — Dinamite brincou. Katrina levou na mesma hora as mãos a boca. Tinha esquecido completamente.

— Desculpa! Eu realmente esqueci, mas não se preocupe, amanhã é dia de jogo de tabuleiro, será bem mais fácil. Futebol é apenas duas vezes na semana. — Katrina tentou acalmar Henrique, que realmente acabou se sentindo aliviado com o que ouviu. Não iria aguentar dois dias seguidos como aquele. — E onde está Júlia?

— Bem.. Júlia pediu para dormir na casa de Janaína. Avisou que passará alguns dias lá. — Dinamite explicou. Um silêncio constrangedor tomou conta da sala, todos sabiam o real motivo de Júlia não querer voltar para casa, sabendo que a esposa odiava constranger as pessoas, ele mudou de assunto. — Então, vamos comer? O cão abandonando deve está morrendo de fome.

Todos concordaram indo direto para a sala de jantar. Henrique sabia que o real motivo da garota não voltar para casa era ele, mas não se importava. Na verdade, preferia dessa forma, não suportava a presença dela, era exatamente o tipo de mulher que ele odiava. Força simpatia era exaustivo. Seria muito mais prático para seu plano que ela continue o mais distante possível.

O jantar correu sem problemas. Quando Henrique chegou haviam algumas roupas no seu quarto dobradas. Doação de Dinamite coagido pela esposa. Maior parte eram moletons, o que era ótimo, exatamente o que Henrique gostava de vestir. Quando todos estavam dormindo, Henrique usou a desculpa que iria beber água para conhecer, mas quando estava entrando no corredor, viu a luz acendendo.