— Katina, eu quero a Katina. — Arthur choramingou.
Caminhei para fora dali, a porta se fechou atrás de mim. Era doloroso vê-lo me chamar, e eu não pude colocá-lo em meus braços e dizer que tudo estaria bem. A fúria parecia me acompanhar pelos corredores da mansão. O maldito médico, com consentimento da família, sedou Arthur. Depois que ele acordou, o sedou novamente.
Contaram a ele que os pais nunca mais iam voltar, e o pequeno entrou em um estado de desespero. Se tivessem me deixado falar do meu jeito, talvez ele teria chorado, mas não entrado em desespero da forma como entrou. Porém, não era necessário tê-lo dopado por esses dias.
O luto precisava ser vivenciado. Dói? Sim, dói muito. Mas mascará-lo apenas atrasa o processo, não iria aliviar.
Daniel estava no escritório do irmão, e eu sabia muito bem para qual direção ficava. A mansão é enorme e conta com várias áreas diferentes. Caminhei até lá e me deparei com uma moça muito bonita, olhos verdes, pele clara, cabelos e cabelos negros.
Eu nunca a havia visto por aqui, talvez tenha vindo nos carros que adentraram na mansão. Ela estava bem concentrada no notebook, teclando rapidamente, e ignorou completamente minha entrada.
— Eu gostaria de falar com o Senhor Armstrong. — falei cruzando os braços na altura do meu peito. Ela nem sequer se deu ao trabalho de me olhar, continuou a encarar a tela do notebook.
— Ele disse que não quer ser interrompido. E além disso, sua agenda está bem lotada. — disse ela, me fazendo ranger os dentes de raiva.
Balancei a cabeça em negativa.
— Então eu gostaria de marcar uma reunião com ele. — insisti, fazendo a mulher me olhar dos pés à cabeça, e rapidamente ela fechou a cara.
— Não.
— Olha mulher, não sei quem você é, e dá pra ver que não vai com a minha cara, e isso não me interessa. — me inclinei sobre a mesa, ficando cara a cara com ela. — Estou aqui porque quero tratar de um assunto muito importante, sobre Arthur, o sobrinho dele, e é de grande urgência.
A mulher suspirou.
— Tudo é de grande urgência. — murmurou ela. Porém, pegou o telefone e discou o número, colocou o telefone no ouvido e trocou algumas palavras. — Meu Senhor Armstrong mandou lhe avisar para que esperasse no berçário, ele vai até lá falar com você.
— Quando "seu Senhor Armstrong" vai? — falei fazendo aspas com os dedos no nome dele.
— Quando ele puder e quiser. — disse com desdém.
Soltei a respiração pesada e caminhei pisando em brasas para fora dali, caminhei até o berçário onde Arthur dormia calmamente. O menino estava ardendo em febre, e ainda assim, o médico lhe aplicou calmante. Já falei com o Senhor Edward, mas ele confia muito no médico da família.
— Arthur, meu amor, está na hora de acordar. — falei passando a mão em seus cabelos loiros, mas sem sucesso. Tentei acordá-lo de hora em hora, mas ele não acordava, aquilo me assustava, pois ele não se movia há mais de três horas.
— Quero ver esse médico de araque vir dar outra dose de calmante no meu garoto, que eu mesma tomo dele, e aplico em seu neurônio, e todos aqui saberão quem é a babá louca desse mundo. — sussurrei alisando seus cabelos macios e sedosos.
Fiquei andando pra lá e pra cá no amplo quarto, aquele luxo todo, que alguma vez eu admirava. Naquele instante, perdeu toda a graça. Eu estava triste por ver meu Arthur daquela forma.
Daniel adentrou o quarto, acompanhado por Carl, um dos seguranças da mansão.
— Senhorita Vicente, o que é tão urgente, pra que precise tanto da minha presença?
— Da...— eu iria lhe chamar pelo nome, ele percebeu. Tanto que fechou a cara. — Senhor Armstrong, estou preocupada com o estado de Arthur.
— Não vejo com o que se preocupar, senhorita. Arthur está com a família dele, na casa dele. E além de tudo, tem um Doutor que lhe cuida super bem, melhor do que todas as babás que existem no mundo. — disse ele, me fazendo engolir o seco que se formou em minha garganta.
— Ele é um garoto que acabou de perder os pais, que precisa de amor, atenção e uma rotina normal. O que pretende? Aplicar calmantes nele toda vez que se sentir triste e frustrado pela perda dos pais? — o desafiei, e não me importo com isso. Minha prioridade naquele momento é Arthur.
Cada palavra de revolta que sai da minha boca era um passo que eu dava até Daniel. Eu adentrei em seu mundo pessoal, não tava ligando pra quem estava perto dele, eu me sentia revoltada. Até que Carl, com sua ordem, saiu do quarto, nos deixando a sós.
— Tem ideia das coisas com que eu tenho que lidar neste momento? Preparativos para o funeral, declarações para a imprensa, a reestruturação dos meus deveres. Não posso perder meu tempo mimando uma criança de luto.
— Então, acha certo droga-lo? — perguntei com os olhos cheios de lágrimas, mas lágrimas de ódio. — Depois dos momentos em que passamos na sua casa de campo, eu esperava mais de você. — limpei as lágrimas e me afastei.
— Droga-lo? Do que você está falando?
— Estou falando do médico que não para de seda-lo, mantendo-o consciente ao ponto de não poder ser acordado. — vociferei. — Me fala, grande CEO Daniel Armstrong, o que os jornalistas falariam se algo desse tipo vazasse?
— Você se esquece do seu lugar, senhorita Vicente. — disse Daniel passando por mim, foi até a cama de Arthur, verificou suas pupilas. — Eu autorizei que o Doutor o medicasse com sedativo leve, e ele me garantiu que não sofreria efeitos colaterais.
— Veja por você mesmo, Armstrong. São 16h e ele está dormindo a horas. Ele está tão afetado, que eu não consegui acordá-lo para almoçar. Isso não é saudável. O médico...
— Faça silêncio, por favor, senhorita Vicente. — ordenou, me fazendo ficar irritada.
Vi Daniel pegar Arthur nos braços, e tentou acordá-lo, mas não conseguiu também.
Ele me olha, e uma ponta de preocupação pareceu nos olhos de Daniel.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Maria Sena
Gente, sério, não sei como a Katrina aguenta esse cara esnobe ridículo. Eu sinceramente já tinha dado uns tapas na cara dele pra ver se ele acorda. Nem que eu fosse mandada embora, mas eu levaria minha alma.
2025-03-17
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Elizabeth Fernandes
Crápula arrogante sedar uma criança por tanto tempo é covardia
2025-03-09
1
Gislaine Duarte
e agr seu babaca o q vai fazer
2025-03-14
0