Capítulo 10

Eu me envolvi demais com Katrina, tanto que fiz uma grande descoberta sobre ela. Eu não costumo misturar trabalho com amor, amor com amizade, e muito menos me envolver com parentes de sócios ou amigos, e eu fiz errado. Porém, eu terei que me perdoar dessa vez, porque tanto eu, como Katrina, não sabíamos do parentesco entre ela e meu sócio amigo Anthony Vicente.

Nos conhecemos em uma festa beneficente de um colega de trabalho, que veio do exterior e nos convidou. Ele queria nossa presença lá, e foi aí então que conheci Anthony. Tive o prazer de conhecer suas boas obras de perto, e eu reconheço que o homem é fera no que faz.

Anthony trabalhou duro em sua empresa multinacional, misturando todo tipo de operações empresariais. Na época, ele procurava alguém para, juntamente com ele, expandir seus negócios. Eu também queria expandir o meu, e por esse motivo, entramos em um acordo de sociedade particular. Com o tempo, nos tornamos amigos mais próximos. Com o passar do tempo, não só construímos belas imagens de bons sócios, mas também construímos um respeito um pelo outro.

Katrina está em meus braços, eu a abracei e deixei um beijo no topo de sua cabeça.

— Faremos como você disse, apenas compartilhamos um momento de conforto. — falei soltando-a.

— Sim. — disse ela. — Obrigado. — Katrina saiu da minha frente, fechando a porta do quarto, com todo o cuidado possível, para não acordar Arthur.

Voltei a me sentar sobre o sofá, o sono que eu agora pouco ainda sentia, sumiu. Agora sim, consegui me concentrar em todos os meus problemas, que eu teria que resolver quando chegasse na França. Me lembrei do papai que deixei pra trás, estava bastante doente e debilitado. Andrei que ainda continua desaparecido, e nada de pistas sobre ele e a esposa. Ninguém disse mais nada sobre o caso. Arthur é apenas uma criança, tão nova para ficar sem os pais. É bem complicado e triste, chegava a doer o peito, e meu coração sangrava ao pensar em tudo isso.

— Senhor Armstrong, trouxe seu café da manhã, o senhor não apareceu na cozinha e já são quase 10h. — disse Renata, trazendo uma bandeja completa de café e frutas.

— Obrigada, Renata. — agradeci. — Eu não fui até a cozinha porque não estava sentindo fome ainda, mas mesmo assim, obrigado. Renata, peça a Rômulo para que ele compre as minhas passagens, por favor.

— Sim senhor, mais alguma coisa?

— Sim. — pensei um pouco. — Diga para que Laura faça as malas, vou levá-la nessa viagem.

— Perdão senhor, mas Laura não está trabalhando na mansão, ela demitiu-se.

— Demitiu-se? Laura se demitiu? — perguntei incrédulo.

— Sim senhor, pensei que já soubesse.

— Caramba. — praguejei. — Eu não estava sabendo. Renata, eu preciso discutir algo com você, poderia me acompanhar no café? Enquanto tomamos café, conversaremos.

— Claro. — disse ela.

Sob meu olhar, a mulher de cabelos grisalhos, sentou-se no sofá à minha frente, me serviu com uma xícara de café, e logo depois ela também se serviu.

— Então, o que deseja conversar senhor Armstrong? — perguntou ela, esperando que eu tomasse logo meu café, mas não o fiz. — Tome seu café, ontem não comeu direito. — ela me olhou.

— A questão é que estou muito preocupado com toda essa situação, Renata. — falei tomando o primeiro gole de café, parece que toda a comida não tinha gosto para mim.

— Sei que é difícil, toda essa situação, mas não pode parar de comer, porque ficará fraco. — disse ela cobrindo minhas mãos com as dela. — Enquanto o senhor Andrei não retornar para casa, você sempre estará preocupado. — concluiu ela.

— Você tem razão. — falei.

— Ande, desfrute dessa refeição, e depois conversaremos sobre o que você quiser. — Renata descobriu um prato, com ovos mexidos.

Enquanto eu fazia a minha bela refeição, Renata tomou um gole a mais de seu café, degustando o gosto e depois mostrou um sorriso tímido, por sentir o aroma do mesmo.

— Sabe, sempre que tomo um bom café, me recordo de meu falecido esposo. Sempre que estávamos ao redor da mesa para o café da manhã, nós dois começávamos uma disputa. — disse ela tristonha. — Ele preferia chá e eu sempre amei o café. Tem um cheirinho ótimo.

— Sinto muito Renata, muito mesmo por sua perda, mas quero lhe dizer que não há nada melhor que um bom café para começar o dia. — concordei colocando o prato vazio na bandeja, e recebi um sorriso calmo vindo de sua parte.

— Eu temo muito por Laura, ela foi criada conosco, e do nada quis se demitir. Me procurou à noite e disse que não poderia acompanhá-lo até a França. — disse ela calmamente.

— Ela foi no momento em que eu mais precisava dela. — falei. — Muito estranho a forma na qual ela tomou essa decisão, assim tão rápida.

— Ela deve ter os motivos dela, vi que ela estava bem perturbada. Quase sempre estava chorando pelos cantos. Você sabe que a senhora Adriana e ela eram bem próximas, isso deve tê-la abalado.

— Entendo. — respondi.

— É até melhor que ela se dê um tempo. Laura andava muito sobrecarregada, e isso também poderia afetar Arthur, porque ele precisa de alguém para confortá-lo, e não alguém que chore na frente dele para assustá-lo ainda mais.

— Concordo. Porém, eu queria saber de você Renata, quem você me indicaria para cuidar de Arthur? Quero que me dê uma sugestão. A mansão do meu irmão conta com várias pessoas que podem cuidar de Arthur, já que tem bastante tempo na qual trabalham aqui. Arthur precisa de uma pessoa que seja para ele mais que uma babá, e eu estou bem longe disso.

— Bem senhor Armstrong, não sei se reparou, mas Arthur é bem apegado a Katrina. Certo que Laura e ela compartilhavam do mesmo papel, para não ficarem puxando para ambas, mas o menino sempre foi apegado com Katrina. — disse me analisando. — Minha sugestão é que você leve Katrina consigo, pelo menos até Laura voltar para seu cargo ou você arrumar outra substituta. — concluiu.

— Oh não. — falei horrorizado pela sugestão que Renata me deu. — Não posso levar Katrina comigo, isso não pode acontecer, nem em sonhos. — mostrei um sorriso fraco.

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