Capítulo 12

Arthur acabou dormindo em meus braços, já haviam se passado bastante horas, que estávamos viajando, ainda faltava uma hora para chegar em nosso destino.

Daniel movimentou-se de onde estava, pegou Arthur de meus braços o aninhando em seu colo, sua camisa estava um pouco aberta, me dando uma visão ampla de seu peitoral.

O silêncio me sufoca, desde que saímos da mansão, não trocamos uma só palavra.

Não sei se ele havia ficado feliz, por eu vir com ele nessa viagem, mas com seu silêncio e o modo na qual ele tenta evitar meu olhar, parece que algo o perturba, minha presença lhe perturba, Daniel estava um pouco inquieto, nervoso.

— Obrigado pela paciência que você tem demonstrado com Arthur, outra em seu lugar já teria pedido demissão. — disse ele quebrando o silêncio.

— Não se preocupe, eu amo crianças. — falei tendo a atenção dele sobre mim. — Arthur é uma criança doce e inteligente, ele apenas está enfrentando um momento complicado.

— Claro. — Daniel me mostrou um sorriso maroto e desviou seu olhar do meu.

— Às vezes, eu acho que você se incomoda com minha presença, senhor Armstrong. — falei sentindo seu olhar me congelar.

— E por que acha isso?

— Porque sempre tenta me evitar.

— Impressão sua. — disse me analisando.

— Falo com convicção. — concluí.

— Você é muito impertinente.

Senti minhas bochechas queimarem, eu sei que agora estavam coradas, eu desviei meu olhar dos dele. Mas algumas horas haviam se passado, o jatinho pousou em um tipo de bosque, um lugar bonito que ficava longe da cidade.

Sai de dentro do jatinho, me coloquei sobre meus pés ao lado de alguns seguranças, que nos acompanharam na viagem. Olhei ao meu redor, e reparei que realmente estávamos em um bosque, afastado da cidade.

— Vamos. — Daniel convidou, pegando Arthur nos braços.

— Não entendo, por que ficaremos aqui? Será que isso é um sequestro?

— Não se preocupe, não é um sequestro. Se um dia eu sequestrar você, não traria ninguém comigo e muito menos traria você sem algemas ou sem cordas. — sorriu sorrateiramente.

— Como assim? — finjo não saber, o que ele quis dizer.

— Você é tão inocente, que não entende o que eu falo? Que pena. — falou calmamente.

Subimos alguns degraus feitos de madeira rústica, Daniel levou as mãos para abrir a porta, assim que ela se abre, tenho uma visão perfeita daquela casa, bem organizada, tudo ali era bonito. O lado de fora contava com gramas verdes, a casa era confortável e acolhedora, todas as janelas da casa eram feitas de vidro.

— Que lugar maravilhoso. — falei passando os olhos por todos os cantos daquele lugar.

— Chão. — Arthur pediu, agitando-se para descer do colo de Daniel.

Daniel o colocou no chão, o pequeno se sentiu solto para explorar o lugar.

— Escolhi trazê-lo pra cá, é um lugar mais indicado para que Arthur esqueça um pouco a vida na cidade grande, e aqui é confortável e espaçoso para ele brincar e correr. — disse ele, enfiando as mãos no bolso da calça social.

— Claro, é um ótimo lugar, ele ficará bem aqui. — concordei com ele.

— Venha, quero mostrar-lhe as dependências e todas as áreas da casa. — Daniel caminhou na frente, eu o acompanhei. — A casa conta com três quartos de hóspedes. — disse ele abrindo a porta esquerda, me mostrando um quarto com uma cama de solteiro, as paredes são bem decoradas e elegantes, o segundo quarto revelou um quarto semelhante, mas dessa vez a cama não era de solteiro, mas uma beliche.

— Os quartos são bem organizados, tem muito tempo que você não vem aqui?

—  Sim, sou um homem muito ocupado, não tenho tempo. Acho que não venho aqui há mais ou menos uns oito meses, a última vez que vim, eu trouxe alguns colegas para comemorarmos um aniversário de uma colega de trabalho. — Disse. — Tudo está organizado porque Flor, a faxineira sempre vem limpar e organizar para mim.  — falou me olhando.

— Entendi. — falei.

— Esses dois quartos compartilham um banheiro com ducha completa. — explicou ele me apontando o espaço.

— Se me permitir, Arthur e eu dormiremos nesse quarto. — falei, e ele assentiu.

— Venha. — convidou passando em minha frente, paramos na frente de outra porta, ele a abriu. — Essa aqui é suíte master, e a mesma possui um banheiro particular adjunto. — disse. — A casa toda mandei fazer com madeira pinus, uma madeira muito boa para construções de casas em vilarejos e bosques. — explicou. — Todas as janelas daqui também são em vidros bem resistentes, tanto que são à prova de balas.

— Muito bem senhor Armstrong, fizemos um grande tour pela casa do bosque. — brinquei vendo ele me mostrar um sorriso mínimo.

Continuamos o nosso passeio pela casa, onde Daniel me mostrou um jardim de inverno, bem bonito e decorado, com todos os tipos de rosas com cores variadas. Após ele me mostrou uma área com uma adega, um amplo espaço com um minibar, e havia também uma área com vários assentos de couro escuro. Havia uma sala de observação, com uma TV plana, sala de jantar formal, a cozinha, a pequena sala de descanso e uma biblioteca.

— Que lugar bem equipado. — falei prestando atenção em tudo.

— Verdade, quando mandei construir, pensei em tudo com carinho, e eu mesmo fiz a planta de como eu queria tudo.

— Bem planejado. —  mostrei-lhe um sorriso.

Descemos até a sala, Arthur correu até o sofá com as mãos cheias de blocos, sentou-se de um modo desajeitado e começou a montar o novo brinquedo. Daniel ficou o admirando, e eu fiquei super feliz, por vê-lo tão animado com o novo lugar.

— Primeiro sorriso que vejo dele desde a saída dos pais. — comentei.

— Nós Armstrongs gostamos muito de liberdade, ele está feliz por conhecer novos lugares e por estar em um novo ambiente. — disse Daniel acariciando os cabelos loiros de Arthur.

Me acomodei no sofá vazio, observando Arthur brincar. Daniel sentou-se ao meu lado, cobriu minhas mãos com as dele me fazendo encará-lo :

— Eu te devo desculpas Katrina. — começou ele com cerimônia.

— Não precisa se desculpar, afinal você não me fez nada. — falei.

— Preciso sim, eu sei o que eu estou falando. — disse calmamente. — Só me perdoe, por favor.

— Tudo bem, não se preocupe, está perdoado.

Um sorriso brincou com o canto de seus lábios, ficamos por ali por mais alguns segundos, conversando, e depois nos sentamos sobre o tapete, e brincamos com Arthur, até a hora de ele jantar e ir dormir.

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