Capítulo 07

Acordei com os raios do sol invadindo o amplo quarto, olhei ao meu redor, Daniel estava acordado mexendo em um notebook. Me levantei com toda a calma do mundo, caminhei até o berço, e Arthur ainda dormia calmamente.

— Eu queria falar para você, que tomei a liberdade de afastar você do seu cargo, Laura cuidará de Arthur a partir de hoje. — disse Daniel.

— Claro senhor Armstrong, como quiser. — respondi.

— Está zombando de mim? — ele arqueou a sobrancelha.

— Não. — falei. — Fechei o roupão, e o encarei, olhando em seus olhos. — Sei que você quer o melhor pra ele, assim como eu também quero. — mostrei-lhe um sorriso fraco. — Do contrário, eu não estaria aqui nesse momento.

— Excelente. — disse ele, dando atenção ao seu notebook novamente.

Eu iria voltar novamente para o meu quarto, porém o chorinho de Arthur fez com que eu ficasse ali.

— Mamãe... Papai.. — Arthur os chamou, enquanto choramingava.

Eu me apressei em ir até o berço, peguei Arthur no colo e o coloquei em meus braços.

— Calma meu amor, tenha calma... — tentei acalmá-lo.

— Quero a mamãe... — disse Arthur passando as mãos nos olhinhos claros.

— Eu sei meu anjinho, mamãe também quer estar com você. Olhe lá... — Caminhei até o sofá, onde Daniel estava. — O tio Daniel veio buscar você. — falei, vendo aqueles olhinhos tão pequenos, observar Daniel com seriedade.

— Tio Daniel. — Arthur chamou, estendendo os bracinhos para que o homem o pegasse.

Percebi que Daniel não tem tanta afinidade com crianças, tanto que não sabia como pegar o sobrinho.

— Isso é ótimo,  ele tem que se acostumar com você. — ajudei.

Era a primeira vez que Arthur quis estar nos braços do tio, porque desde que Daniel Armstrong chegou aqui, só tem levado patadas do pequeno, e agora vê-lo em seu braço, eu fiquei feliz, pois ele está com alguém de sua família e ele precisa disso.

Daniel sentou-se sobre o sofá, colocou Arthur em sua perna, e conversou com o sobrinho calmamente, e ele, com seu jeitinho inteligente e observador, prestava a devida atenção em tudo que o tio falava.

Arthur voltou a me olhar, e estendeu seus braços para mim novamente, eu o peguei no colo, enquanto observei Daniel soltar a respiração pesada. Como ainda era muito cedo, eu optei por levar Arthur de volta para o quarto que foi organizado para ele dormir, o coloquei sobre a caminha de carro de corrida.

— Durma um pouco Arthur. — falei ajeitando seu cabelo.

— Não, não quelo... — disse mexendo em seu carrinho de brinquedo.

Eu não forcei a barra, me virei pra chamar Lana para preparar a mamadeira de Arthur, e dei de encontro com o corpo forte e masculino de Daniel.

— Perdão Senhor Armstrong, eu não o vi. — pedi sentindo suas mãos fortes apertarem minha cintura, parecia que ele queria me quebrar ao meio, me apertando daquela forma, eu o encarei, seus olhos que eram azuis claro, agora ficaram em um tom de azul mais escuro. — Desculpe-me. — sussurrei limpando a garganta, tentei me afastar dele, mas toda vez que eu tentava, suas mãos me mantinham firme no lugar, seus olhos estavam carregados de lascívia, enquanto olhava meu decote e alternava seu olhar, hora olhava em meus olhos e depois dava atenção aos meus lábios. Congelei vendo Daniel me olhar daquela forma indecifrável, meu coração palpitou no peito, e um frio percorreu minha espinha.

Daniel pareceu pensar um pouco, e me soltou, passei apressadamente por ele, fugindo de sua presença, como o diabo foge da cruz. Voltei minutos depois com um livro de histórias infantis, que Arthur amava ouvir. Daniel estava próximo à lareira, estava bem pensativo.

Me sentei sobre o sofá de modelo antigo, coloquei Arthur em minhas pernas e li a história pra ele, nem percebi que ele já havia dormido, aos poucos eu também fui fechando os olhos.

— Katrina... — mãos fortes me sacudiram pra lá e cá, abri os olhos lentamente, e vi a figura masculina, chamada de Daniel, parado diante de mim.

Senti meus braços leves, me ajeitei sobre o sofá e observei Daniel colocar o sobrinho no berço. Eu observei cada passo daquele homem, e o carinho que ele demonstrava pelo Arthur, mesmo não tendo jeito em lidar com crianças. Ele é bruto, arrogante, mas mostrou-me sua parte sensível, em abrir mão de sua vida, pra vir cuidar de seu sobrinho, e aquilo me comoveu de alguma forma.

— Venha, vou levá-la até seu quarto, e você dorme um pouco. — Daniel tentou me pegar nos braços.

— Não tem necessidade Armstrong, só peço que fique aqui, eu vou sozinha. — falei sonolenta.

— Você não está em condições de ir caminhando até seu quarto. — sussurrou.

— Quem disse que não? — fechei os olhos, e me aninhei em seu peito, pude sentir o cheirinho bom de seu perfume masculino, afundei mais meu rosto em sua camisa, pra que eu pudesse sentir mais aquele perfume.

— Katrina... — disse ele calmamente.

— Hum... — resmunguei.

— Não vai dormir em meu colo dessa forma, não é mesmo? — perguntou sentando-se no sofá, comigo ainda em seu colo. — Eu não posso sair pela mansão, carregando você nos braços até o outro lado do pátio, é bem longe.

— Como vou dormir, se você não para de  falar? — resmunguei sonolenta.

— Eu só quero que saiba, que não sou cama. — disse me fazendo sorrir baixinho.

— Eu sei, mas é que seu perfume é tão gostoso, que eu ficaria assim o dia todo. — falei sem pensar, às vezes o sono tinha suas vantagens, porque só delirando de sono, eu teria coragem de falar isso pra Daniel Armstrong.

Mas eu não estou mentindo, quando digo que eu poderia ficar em seus braços o dia inteiro. Seus braços fortes me prendiam ali, de um jeito ousado, seu peitoral era confortável, como ele disse que "não é cama", mas é bem mais confortável do que uma, não tinha comparação, eu podia sentir seu coração palpitar no peito, com aquele pulsar rápido, quando você está sentindo alguma adrenalina no corpo, era assim que o coração dele batia, rápido e acelerado, sua respiração pesada me deixava inquieta, com pensamentos aflorados."

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