Levei Arthur para tomar um banho bem caprichado, troquei sua roupinha, ajeitei os cabelos loiros, e depois desci para a cozinha. Daniel pegou Arthur nos braços, ergueu-o para cima, arrancando-lhe gargalhadas. Mas tudo estava diferente, Daniel estava. Ele pegou Arthur e me ignorou totalmente, nem sequer me olhou, só pegou o pequeno nos braços e seguiu para a cozinha.
Tudo bem, que eu não deveria ligar pra isso. Afinal, não temos nada, não somos nada. Mas me senti magoada e rejeitada por ele, é a sensação mais péssima do mundo. Já ao redor da mesa, Daniel fez questão de dar comida a Arthur, que comeu tudo, e isso era bom, já que passou muitas semanas sem querer comer bem.
Encarei aquele prato, furei o salmão com o garfo, sem levá-lo pra boca, a fome parece que havia sumido de repente. Daniel estava sendo carinhoso por esses dias, conversava animadamente enquanto me tratava com cortesia, quando estávamos compartilhando minutos juntos, e com isso me senti muito próxima a ele. Agora, ele estava distante, e isso me feria, não deveria mais me magoa bastante, eu tentava não demonstrar isso. Talvez, eu tenha criado sentimentos por ele, só em minha cabeça mesmo, eu achava que Daniel Armstrong, um CEO bem sucedido na vida, que é rodeado por mulheres lindas e pode ficar com quantas ele quiser, iria ter olhos pra mim, que sou uma simples babá.
Eu decidi então entrar no mesmo jogo que ele, colocarei uma pedra em cima de tudo que pensei ser possível com Daniel, e decidi focar em Arthur. Afinal de contas, é por ele que eu estou aqui. Daniel pegou o guardanapo, e limpou a boca de Arthur com cuidado.
Alguns minutos depois daquela refeição tensa entre nós, o telefone do Daniel tocou, ele olhou na tela e depois pediu, pra que eu pegasse Arthur, e levantou-se indo até um canto, mas eu ouvia tudo que ele falava. Daniel, estava falando com o presidente, e aquilo fez meu coração bater forte no peito, talvez o presidente teria ligado, pra dar alguma notícia sobre Andrei, já que ele está ajudando nas buscas.
Vi o quanto Daniel, estava tenso, a postura do homem indicava que estava ouvindo péssimas notícias.
— Cabei. — Arthur chamou minha atenção, colocando um pedaço do sanduíche que sobrou, sobre o prato.
— Que bom meu anjinho, você encheu a barriga? — indaguei, entregando a ele um copo com água, vendo ele balançar a cabeça em concordância.
Dei uma última olhada para Daniel, peguei Arthur nos braços e segui para o quarto dele, para colocá-lo pra dormir um pouco. Liguei a TV no DVD, coloquei um desenho pra ele. Arthur deitou-se sobre a cama, e ficou quietinho enquanto assistia. Depois que Daniel chegou em sua vida, o pequeno tem se comportado muito bem.
Me sentei na beira da cama, tentei assistir um pouco do desenho que Arthur estava entretido assistindo, mas não consegui me concentrar, de forma alguma. Girei um anel que estava em meu dedo, me sentindo perdida, e ansiosa à espera de alguma notícia. Eu sentia vontade de estar com ele, de abraçá-lo, se caso recebesse uma péssima ou uma boa notícia. Porém, Daniel se afastou de mim, porque achou melhor fazer isso, então não posso avançar esse sinal.
Eu queria ser igual Daniel, quando faz suas regras, e decidi segui-las ao pé da letra, queria poder seguir as minhas na mesma proporção, e não ter aquela recaída, que eu prometi a mim que não teria.
Quando eu era garota, uma simples menina de oito anos, eu cuidava de minha mãe bêbada, e dos meus irmãos que o conselho tutelar levou, fui a única que escapou deles, e me refugiei na casa dos Armstrongs. Me lembrei de todas as vezes que minha mãe me falava, que eu tenho um coração enorme, que eu não era mãe ainda, mas que meu coração era grande, e cabia todo mundo. E tudo foi triste, ver minha família acabar dessa forma. As drogas e o álcool, acabaram com a vida de minha mãe, e meus irmãos também foram atingidos.
Quase tirei o anel do dedo, de tanto girá-lo. Porém, todos os meus pensamentos, me levaram a ele, a Daniel Armstrong, eu não conseguia pensar em mais nada, ele é minha preocupação, às vezes eu esqueço que sou uma babá.
Uma batida leve na porta, me fez sair de meus pensamentos, eu me ajeitei e caminhei rapidamente até a porta. Uma senhora que agora pouco, eu havia visto na cozinha, agora estava ali, parada na porta.
— Senhorita, o senhor Armstrong lhe espera no escritório. — anunciou.
— São más notícias? — perguntei impaciente.
— Não sei senhora. Com sua licença. — disse saindo.
Dei uma verificada em Arthur, que dormia calmamente sobre a cama, desliguei a TV e caminhei apressadamente até o escritório. Adentrei o amplo espaço, Daniel estava de costas para a porta, enquanto fitava o jardim através da janela de vidro.
— Com licença senhor Armstrong, mandou me chamar? — falei, vendo ele virar-se para mim, com uma postura séria, e ereta.
— Andrei e Adriana .... — fez pausa, como se tivesse contendo o choro. — estão mortos. — completou com dificuldade, sua voz estava embargada pelo choro.
Fechei os olhos, deixando as lágrimas caírem dos meus olhos, como uma cachoeira. Eu foquei em Daniel, suas palavras saíam ásperas.
— Sinto muito. — minha garganta doía. — Em que posso ser útil? Nesse momento tão doloroso?
— Falarei com meus contatos no Brasil, e ajeitaram tudo, enviarão o corpo de Andrei para cá, para que possamos prestar as últimas homenagens. — disse. — E Adriana, será velada pela família, no Brasil.— Acrescentou.
— Claro senhor Armstrong, estarei aqui para ajudar no que for preciso. — falei contendo minha vontade, de envolvê-lo em meus abraços. — Mas alguma coisa senhor? — perguntei.
Ele me olhou, e eu prendi minha respiração, seu olhar indecifrável encarou os meus. Uma onda de arrepio passou por meu corpo. Pude perceber o quanto Daniel estava tenso.
— Sim. — disse com voz rouca, me fazendo engolir o seco da garganta. — Sei que é inapropriado perguntar isso. — disse aproximando-se de mim, fixando seu olhar acima de meus ombros, sem me olhar. — Você tem a liberdade de recusar. — acrescentou, fazendo meu coração partir.
— O que posso fazer? — perguntei.
Os olhos dele encararam meus lábios, e depois subiram para meus olhos.
— Você pode segurar a minha mão? Por favor. Eu preciso de você. — pediu.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Maria Wanderléia Castro
que lindo ele pedir isso para ela 🥺🥺
2023-09-27
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Maria Sena
Nossa autora, eu sofri junto deles, eu achava que eles ainda poderiam ser encontrados vivos. Me deu até dó do Daniel, ele tá sofrendo, mas não sabe como expressar os sentimentos. Ainda bem que a Katrina não é rancorosa e pode ajudar ele a passar por isso, se assim ele permitir.
2025-03-17
0
Elizabeth Fernandes
Torcendo para o irmão e a cunhada estivesse vivos
2025-03-09
1