Capítulo 15

Fiquei escutando aquela mulher por um tempo não definido, me custou caro, manter-me um homem íntegro diante dela, e me passar por frio e forte, diante de suas palavras que me causaram um impacto e desconforto. Tudo bem, que Arthur está sofrendo por seus pais, eu também estou sofrendo pelo meu irmão, meu pai está sofrendo pelo filho, todos nós estamos sofrendo, achei a sua observação um pouco pesada naquele momento, porque todos estamos sensíveis com a dor.

Às vezes, eu penso que não veremos mais Andrei, e tudo isso me atormenta bastante. Todo tempo, meus pensamentos me pregam essa peça, e fica difícil imaginar algo positivo nessas circunstâncias.

— A desajeitada aqui sou eu. — ela se aproximou de mim lentamente. — Eu me dei muito bem com Arthur, e eu o tenho como um filho, e é óbvio que quero tudo de melhor pra ele, e por esse motivo me preocupo. — Acrescentou parando próximo a mim. — Tem alguma notícia de seu irmão? Alguma coisa para me dizer, para que eu possa ter alguma esperança?

— Não, nada, é isso que me mata. — falei passando as mãos nos cabelos.

Os olhos de Katrina estavam carregados de dor, e sua alma era tão pura e transparente, que mesmo que tente não demonstrar, é isso que transparece em si.

— Sinto muito, muito mesmo. Eu não desisti de colocá-los em minhas orações. De verdade, essa é uma situação triste e difícil. — disse me olhando nos olhos.

— Não se desculpe tanto, Katrina, a perda da esperança é compreensível, não posso julgá-la, pois me sinto assim, sem fé e sem esperança. — comentei. — Não confunda as coisas, falta de afeição e falta de emoção, não são as mesmas coisas. Peço sempre a Deus que Andrei e sua esposa retornem, do contrário, terei que assumir tudo que é dele, até meu sobrinho crescer, e atingir a maioridade.  — falei tristemente.

Aquele maldito pensamento ruim me abalava novamente. Esses dias, estou sem ir à empresa, trabalhando só de casa mesmo, e estou por dentro dos assuntos, sei tudo que está acontecendo pela minha empresa, somente através de ligações.

A mulher preocupada em minha frente olhou para trás, verificando o que Arthur estava fazendo, e novamente voltou a atenção em mim.

— Devemos orar juntos, nós dois, uma corrente de oração é mais poderosa do que uma pessoa orando sozinha. — senti suas mãos macias tocarem as minhas. 

O contato da pele de Katrina com a minha me causou desconforto, mas mesmo assim, eu apertei a mão dela. Katrina me abraçou, e eu não aguentei as lágrimas, minha garganta doía, tentando contê-las, mas não pude.

Eu não podia ficar perto daquela mulher, meu corpo me falava isso, mas meu coração me falava o contrário. Fui impulsionado por uma força de vontade e desejo incontrolável de senti-la mais um pouco em volta dos meus braços, e isso acabava comigo. Katrina me faz quebrar as minhas próprias regras.

Sua conexão me acalmava, eram poucas as coisas que faziam me acalmar daquela forma, e nos braços de Katrina, eu me acalmava muito mais. Nossos olhares se encontraram, me deixei levar pela sua compaixão e proximidade. Chegamos ao rosto mais perto um do outro, senti meus lábios serem tocados pelo de Katrina. Porém, mais uma vez, fomos interrompidos.

— Katina... — Arthur chamou, nos fazendo olhá-lo. — Fome. — acrescentou.

Lentamente fui soltando as mãos macias e quentes de Katrina, me abaixei pra ficar na altura de Arthur e conversei um pouco com ele.

—  Também estou com muita fome. — falei alisando levemente seu rostinho pequeno, com o dedo polegar. — Vamos até a cozinha, pra ver o que o chef cozinhou para nós hoje. — segurei suas mãozinhas pequenas, e seguimos pra cozinha.

— Quelo pão e queijo. — pediu Arthur.

Adentramos a porta da cozinha, e tivemos a atenção do chef.

— Como posso ajudá-lo, senhor?

— Gostaríamos de almoçar, por favor! O que temos pra hoje? — perguntei olhando para Arthur que segurava minhas mãos, enquanto observava a cozinha com os olhinhos curiosos.

— Sanduíches de queijo grelhado. — respondeu ele me olhando, sem piscar. — Salmão com arroz e legumes no vapor, com sopa de tomate de entrada. — disse. — O que vão querer?

Observei Katrina se aproximando, abaixou-se diante de Arthur, enquanto o indagava, o que ele queria comer:

—  Gostaria de sopa com seu sanduíche? Porque pão e queijo você pode comer depois, meu amor. 

— Sim, Katina. — confirmou Arthur, fazendo Katrina mostrar um leve sorriso.

— Ótimo. Todos queremos o mesmo prato. — falei vendo o chef sair pra aprontar o que foi pedido.

Katrina me pediu permissão para sair e dar um banho em Arthur, enquanto a comida ficava pronta. Enquanto eles não retornavam, me sentei ao redor da mesa, peguei meu telefone que tocou no bolso, e eu atendi. Era papai que despachou, não poderia vir, já que sua saúde se deteriorou. Após uma conversa calorosa com ele por mais alguns minutos, eu o acalmei, farei um esforço de levar Arthur até ele.

Minha mente me levou até Katrina, como sempre. Ela me deixou sozinho, mas a minha mente não. Katrina é uma mulher linda, inteligente, curiosa, bastante, mas o que mais me chamava a atenção nela, eram suas armas perigosas de conforto e paixão. É algo que tenho que tomar cuidado, ela é bem perigosa. Resisti a tantas mulheres durante minha longa caminhada, para justamente não tirar minha mente dos focos importantes dos meus negócios e de minha vida, mas já viu que não adiantou, tanta resistência. Vim parar onde eu não deveria estar, ainda mais Katrina sendo irmã do meu sócio. Sim! Eu confirmei minhas suspeitas, conversando com ele por longe, sem demonstrar se eu sabia de alguma coisa.

Ela me faz agir contra minha própria natureza, logo nos momentos em que eu precisava ser forte, e eu quase a beijei novamente, se não fosse Arthur interromper, eu teria perdido novamente meu alto controle. Quando Katrina me beijou, foi por acidente, até que eu me perdoei, mas não posso cometer o mesmo erro duas vezes, isso é inadmissível.

Fechei os olhos, e me lembrei novamente, que me envolvendo com Katrina Vicente, é estar me metendo em uma boca quente. E além disso, serei envolvido em um escândalo com a mídia, e se Anthony souber, não seria mais um sócio, e minha empresa sofreria um dano irreparável.

— Isso não pode mais acontecer, evitarei a todo custo incidentes íntimos com Katrina Vicente. — Resmunguei para mim mesmo.

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