Capítulo 04

— Você pode se instalar no quarto, que possui suíte. Vou pedir para Rômulo dar uma arrumadinha no quarto ao lado e levar a cama de Arthur para lá. — escutei Renata falar calmamente, enquanto Katrina a encarava.

— Seria o melhor, Senhor Armstrong. Você também precisa descansar um pouco. — avisou o Doutor, pegando sua bolsa e saindo logo em seguida.

Eu estava mesmo precisando descansar, e eu já não via a hora de tomar um banho e deitar um pouco. Estava me sentindo esgotado, e desde que cheguei de viagem, não havia pregado o olho um minuto sequer. Eu sentia a exaustão física, e nem falo na fome que já estava sentindo.

— Tudo bem, descansarei. — Comentei soltando a respiração pesada. Não tinha para onde correr.

— Então, assim que se instalar, nos acompanhe no jantar. Estaremos lhe esperando. — Concluiu Renata saindo em seguida.

Katrina ia saindo, mas segurei em seu braço, fazendo ela me olhar.

— Katrina, preciso que arrume as coisas de Arthur em meu quarto, mas prefiro que continue cuidando dele. — falei sentindo seu olhar sério em mim.

— Tudo bem, não se preocupe. — disse, e eu pude ver seu rosto corar.

Ficamos nos entreolhando, eu ainda estava ali segurando seu braço, e nem havia me dado conta. Me perdi completamente naquele seu olhar tão inocente. Me senti inundado por sua pureza, porque era isso que seus olhos demonstravam: "pureza".

— Katrina, preciso de você aqui. — Renata a convidou, adentrando o quarto e quebrando aquele momento tão magnífico.

Eu olhei para a mulher de estatura pequena, parada a poucos metros de nós dois, e voltei meu olhar para Katrina.

— Pode ir. — falei soltando seu braço.

...

...

...— kATRINA —...

Agradeci mentalmente quando Renata chegou no quarto pra me chamar. Me senti uma boba, demonstrando o quanto fiquei abalada por aquele toque inesperado de Daniel. Tentei de todas as formas não demonstrar, mas foi inútil. Meu corpo traidor é bem mais traidor que todos os homens que têm uma amante.

O Doutor me recomendou repouso, mas dessa forma, não tem como ter um repouso, não é? Se bem que meu corpo estava pedindo por esse descanso há horas.

Caminhei até a cozinha em companhia de Renata. Eu pensei que o Doutor já havia ido embora, mas ele ainda estava na mansão. Arthur estava sentado sobre a cadeira da cozinha, enquanto o Doutor o examinava.

— O que houve, Doutor? — perguntei preocupada. Parece que não sinto mais o cansaço.

— Não se preocupe, estou somente fazendo um breve check-up de rotina. — explicou, me fazendo ficar mais tranquila.

O Doutor levantou-se de onde estava, ajeitou suas coisas na pequena bolsa que trouxe, e me olhou por cima dos óculos transparentes que usava.

— E você, menina? Precisa descansar. — disse sério.

— Até que eu queria muito descansar, ah como eu queria, mas não poderei, não sem saber que Arthur está tranquilo, mesmo o tio dele estando aqui pra ajudar. — expliquei.

— Não se esforce muito, lembre-se que está com uma leve concussão, portanto, tenha repouso. — disse parando em minha frente. — Você tem que descansar bem, Arthur vai precisar que você, de vez em quando, o analise durante a noite.

— Sim, Doutor, tranquilo. — falei.

— Qualquer coisa, me avise e eu virei. — o Doutor deu um tapinha em meu ombro e foi embora.

Sinceramente, eu não sei mais ficar longe de Arthur. Me apeguei a ele como se fosse um filho meu, como se fosse um pedaço de mim. É estranho, eu sei, mas sempre nos apegamos a algo ou alguém. Era assim com Arthur. Ele roubou um pedaço do meu coração.

Olhei para Arthur, que agora estava tomando uma sopinha que Renata havia preparado. Ele coçou os olhinhos e estendeu os bracinhos pra mim. Eu o peguei no colo o aninho, deixando um beijo em sua testinha pequena.

— Vou levar Arthur para o quarto, e depois cuidarei em arrumar as coisas dele no quarto de Daniel. — falei, observei Laura fechar a cara.

— Deixe ele pra mim, eu farei. Você fica aqui ajudando Renata na cozinha. — disse Laura com arrogância.

— Não precisa, eu mesma o coloco pra descansar. — Olhei séria pra Laura, que não se sentiu intimidada.

— Não seja teimosa, os patrões não estão aqui, e quando eles retornarem, eu posso falar a eles que você passou por cima da ordem de uma governanta, e você não quer problemas. — disse Laura pegando Arthur dos meus braços.

Eu já estava cansada o suficiente para ter que ainda ficar escutando aquela cobra criada. De repente, ela se revelou. Assim que entreguei Arthur pra ela, fui para meu quarto descansar um pouco. Às vezes, a exaustão tinha lá suas vantagens. Minha cabeça chegava a latejar. Arthur me importava muito. Nós dois somos tão apegados que ele só dorme se eu o fizer dormir, e Laura sabe muito bem disso. Mas ela tirou hoje pra me provocar, porém uma coisa que eu não precisava era arrumar um novo problema.

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