Capítulo 4. Preparativos

Frederico

Passar aqueles momentos com ela foi muito bom, sentir seu cheiro, provar sua boca e a marcar, mesmo que não fosse uma marca permanente, duraria o tempo necessário para saberem que ela tinha um companheiro. O incrível foi que ela também o marcou e assim que o vissem sem camisa, saberiam.

Cheguei em casa depois de atravessar a floresta como lobo e fui direto para o banheiro tomar um banho. Iria concluir a arrumação da festa naquela noite e alertar seus guardas sobre a presença de caçadores. Chamei-os para a clareira onde estava sendo arrumado tudo para o dia seguinte.

Avisei que eram doze e que poderiam tentar colocar armadilhas pela floresta. 

— Não deixem que os vejam na forma de lobisomem ou lobo, não corram riscos desnecessários, mas se precisar matar, matem.

— Como esses caçadores vieram parar aqui, Alfa?

— Conversei com um deles e, pelo que me contou, foram contratados e devem sair amanhã para "pesquisar".

— Só pode ter sido o imprestável Alfa Cairon.

— É bem provável, mas me entendo com ele depois, agora vão, não relaxem com a guarda e os caçadores, não esqueçam das carnes para a festa. Obrigada pessoal.

Fiscalizei todo o trabalho, cuidei para as crianças e as fêmeas não se acidentarem e se ferirem, embora nossa cura seja rápido, sentimos dor. Depois deixei Wolf sair e seguimos até a casa dos caçadores e dessa vez, tinham dois homens vigiando a casa, mas fumavam um cigarro, descuidadamente e conversavam.

— Só faltava essa, patas de lobo à volta da casa, você viu o tamanho das pegadas? — disse um deles.

— Karl está delirando, não existe lobo daquele tamanho. — continuou dizendo o outro, devia estar se referindo ao homem que me tirou Lari.

— E por isso estamos aqui, nesta vigília inútil. — Era bom que pensassem assim.

Continuamos andando pelas sombras, sem fazer ruídos e fomos para a área onde ela devia estar e ela estava acordada, discutindo com alguém.

— Pare de me perturbar, Karl!

— Não foge do assunto, Lari! De quem é essa mordida no seu ombro?

Gostei de ver que a marca estava fazendo seu papel, mas odiei ele estar no quarto dela, naquela hora da noite.

— Você não teria visto, se não tivesse invadido o meu quarto.

— Eu só queria uma chance, mas vejo que você já está com outro.

— Não tenho nada com você Karl, deixei bem claro que não quero você.

— Quem é ele, heim? Aquele cara do Clube?

Minha fêmea é dura na queda e sabe se defender, mas se esse cara continuar, não vai prestar, o pior é que nem posso voltar a forma humana, pois não trouxe roupas.

— Responde, Lari, é ele? — dessa vez ele gritou e acho que acordou a casa inteira, pois as luzes se acenderam.

Me ocultei mais nas sombras da casa, pois não queria ser visto e tão pouco sair dali antes do desfecho.

— O que está acontecendo aqui? — era voz de homem, parecia ser mais velho.

— É sua filha que anda com qualquer um por aí.  

Tá explicado, é o pai dela.

— E o que você tem com isso? Pai, foi ele que invadiu meu quarto, querendo fazer o indevido.

— É verdade, Karl, o que faz aqui a essa hora da noite?

— Desculpe, Dimas. Você sabe que gosto de sua filha.

— Mas ela já deixou claro que não gosta de você, respeite ela, Karl. 

— Mas ela está se encontrando com outro, que perdeu o seu pescoço.

Fiquei atento para ouvir o que o pai iria dizer.

— Sai daqui, Karl, deixe que eu me entenda com minha filha.

Escutei barulho de passos e o resmungar de Karl, saindo. Pelo menos ele obedeceu.

— Deixe eu ver a tal mordida, filha.

— Parece mordida de animal, não de gente, mas não chegou a furar, vou pegar uma pomada para essa vermelhidão e você me conta o que aconteceu.

Se ele passar alguma pomada cicatrizante, a marca pode sumir, isso é preocupante. Esperei e ouvi ela contando que havia brincado com um são bernardo na praça e ele a mordeu, brincando. Garota esperta, realmente pensou direitinho.

— Aquele idiota do Karl, seu ciúme o cegou e ele nem se preocupou em tratar de você.

— Vamos deixar ele pra lá,papai, estou com sono.

— Sim, filha, descanse, amanhã será uma noite trabalhosa e não podemos ficar desatentos por falta de descanso.

— Obrigada, papai, a pomada já amenizou a ardência.

— Que bom filha, durma bem e não esqueça de trancar a porta.

Ele saiu e ouvi ela trancar a porta. Então será como.imaginei, eles vão caçar amanhã, vou por um vigia para ver por onde eles vão, para ninguém aparecer no caminho deles. 

Já íamos embora, quando ouvimos Dimas chamar a atenção de Karl e ordenar a ele que não importunasse mais a sua filha. Achei estranho o Karl ficar calado, parece que o pai de Lari é importante ali. Saímos nos esgueirando pelos fundos da casa, tentando não deixar marcas e fomos para os fundos da casa, entramos na floresta, prestando atenção se não tinha armadilhas.

Quando nos  sentimos seguros, corremos que nem doidos pelo interior da floresta e usando a conexão mental de Alfa, confirmei a todos que os caçadores atacarão na próxima noite. Com tudo organizado, Wolf caçou um animal pequeno, comeu, bebeu água no rio, se lavou e fomos para casa. Chegamos lá com o dia amanhecendo e fui dormir, a noite daquele dia, prometia.

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