Capítulo 13. Explicações

Larissa

Acordei sentindo algo pesando sobre mim e muito calor. Abri os olhos, vendo um quarto desconhecido e não lembrava como vim parar aqui. Olhei para o que pesava sobre mim e percebi que alguém estava me agarrando por trás, daí vinha o calor. Era um homem, dei um pulo, me afastando e teria caído da cama se ele não tivesse me segurado.

— Calma, amor, sou eu, Fred.

Me virei rápido para conferir que era ele mesmo e não um lobo negro enorme.

— Fred? Que alivio…tive um pesadelo, um lobo corria atrás de mim, me pegava e  e  

— Calma, vem cá.

— Preciso ir ao banheiro.

Levantei e percebi que estava nua e tive um déjà vu, corri para a porta que achei que era o banheiro e meu corpo estava todo dolorido. O que estou fazendo dormindo com Fred, em um quarto desconhecido e nua?

As lembranças caíram como um balde de água fria, todas de uma vez. Eu fui ferida por um lobisomem, descobri da pior maneira, que eles existem. Senti muita dor e me transformei em uma loba, Frederico estava lá e parecia um monstro. Chorei sem conseguir controlar, entrei no box e deixei a água cair sobre minha cabeça e lavar minhas lágrimas.

Eu não esperava, mas Fred entrou no box atrás de mim e pousou as mãos em meus ombros.

— Eu vou te explicar tudo, prometo. Seu pai também está aqui e essa é a nossa casa. Só fique calma, por favor.

— Por quê você diz que essa é nossa casa?

— Porque é, você deve estar com fome, vamos terminar logo para descermos.

Ele me ajudou a tomar banho e não achei tão estranho assim, havia uma conexão entre nós, que fazia tudo parecer tão natural. 

Terminamos de tomar banho e ele me deu um roupão. Vesti e fui guiada ao closet onde minhas roupas estavam arrumadas e também haviam peças novas, vesti um conjunto de lingerie e um vestido solto, que era mais prático, pois meu estômago roncava. Ele vestiu moletons e veio até mim, me abraçou com carinho, pousando meu rosto em seu ombro.

— Estou aqui, vai dar tudo certo, só fale comigo, está bem.

— Por quê estou aqui, junto com você como se fossemos casados?

— Porque somos, os lobisomens acasalam com uma única fêmea, que é reconhecida pelo cheiro. As fêmeas também reconhecem seu companheiro, pelo cheiro. Você sente o meu, o que acha dele? 

Cheirei seu ombro e senti um prazer tremendo com o aroma mais delicioso do mundo, é um cheiro cítrico que mistura maracujá com almíscar e penetra no fundo da minha alma me informando que ele é meu. Senti mais do que ouvir, a loba pulando dentro de mim.

— Sim, eu sinto, mas é tão estranho.

— No começo tudo parecerá muito estranho, mas vou te ensinar E logo você se acostumará. O que importa saber é que nossa vida é parecida com a dos humanos.

Descemos para a cozinha e eu conjecturava em meus pensamentos, se aguentaria viver daquela maneira. Parecia que eu havia atropelado várias fases e ido direto para os finalmente. Não gostei disso e tratei de absorver o máximo possível de tudo que eu ouvia e via, para decidir o que fazer. Afinal, continuo sendo uma caçadora e eles os animais selvagens.

Comi bastante, um pouco de tudo que havia sobre a mesa e meu pai chegou neste momento, sentando para comer junto comigo. Pelo visto estavam todos os que sobraram de nossa equipe, morando ali e Joel parecia estar gostando muito.

Fred se retirou para resolver um problema que alguém veio avisar, mas parecia que a questão estava ali, dentro da casa,pois ela podia ouvir vozes alteradas. Uma das vozes parecia ser de uma mulher e estava muito irritada. Me levantei para ir espiar e vi uma mulher brigando com Fred e pegando nele com intimidade.

Ela me viu entrando na sala e se virou para mim, perguntando irritada 

— É essazinha aqui, que roubou o meu lugar?

Ouvi um rosnado e percebi que fui eu mesma que o produziu. Ela avançou para cima de mim, levantando a mão com as garras de fora e quando ia baixas para arranhar meu rosto, segurei seu pulso, apertei e levei um susto ao ouvir o barulhp dos ossos quebrando e a larguei imediatamente.

Vi quando Fred a agarrou pelos cabelos e jogar pela porta, ordenando:

— Vá embora e não volte mais.

Ele veio até mim e com carinho, colocou uma mexa do meu cabelo atrás da orelha e perguntou:

— Você está bem?

— Sim, mas acho que quebrei o braço dela.

— Ela ficará bem, os lobisomens se curam rapidamente e você vai aprender a controlar sua força.

O que ele não entendia, era a raiva que eu estava sentindo por viver essa situação. Fiquei calada, elaborando meus próprios planos, não deixaria que outras pessoas ou circunstâncias, comadassem minha vida. Voltei para a cozinha e chamei meu pai para caminharmos e ele concordou. Saímos pela porta dos fundos e não olhei para trás, para não ver a cara de desagrado do Fred.

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