Capítulo 12. Fuga e Acasalamento

Frederico

O dia amanheceu saudando os novos transformados e todos que veneram a natureza. Agradecemos, apreciando com alegria, o sol que ilumina e aquece tudo, o frescor do orvalho da noite, avivando a vegetação e os pássaros que cantam, alegrando o ambiente. Temos o costume de pararmos, erguendo os braços e ficar durante uns minutos, absorvendo toda aquela magia.

Depois que abri os portões e todos saíram, os novatos estavam sorridentes, felizes, pois era uma nova vida que se inicia. Seus pais os acompanhavam e no caso de Ester, Almir também a acompanhava. Ela parecia ainda estar aborrecida com ele, o que era perfeitamente admissível, já que ela sempre esteve atrás dele e ele sempre a repeliu.

Eu estou acompanhando minha fêmea e seu pai. Mandei que trouxessem roupas para todos e quando chegássemos em casa, as coisas que eles tinham na casa em que estavam, estaria os aguardando, assim como os amigos que sobreviveram à caçada.

Fomos em direção ao estacionamento das motos e todos montaram. Kate levou Dimas e Lar iria comigo, se ela não tivesse corrido e se embrenhado na mata. 

— Lari, por favor, volte! Você vai se perder.

— Não conte com osso, ela conhece bem o mapa dessas terras, no mínimo, já planejou para onde vai e o que vai fazer. — me disse Dimas.

— Ela não sabe o que acabou de fazer.

— Correr de você?

— Pior, iniciou uma caçada e incitou o lobo a caçá-los e isso sempre termina de um único jeito e não será bom para ela.

— Como assim? — perguntou Dimas, preocupado.

— Explique a ele Kate, vou atrás da minha fêmea.

Deixei Wolf sair e seguir o cheiro da fêmea. Ela correu bastante e no meio do caminho, deixou a loba dominar e correr desesperada. Não consegui alcançá-la ainda, mas se continuar correndo assim, vai ultrapassar a fronteira entre minhas terras e as de meu tio e os guardas dele a pegarão. 

Pensando nisso, Wolf correu mais e conseguimos avistar o vulto branco correndo entre as árvores e quando diminuímos a distância e não tinha impedimentos, pulamos sobre ela. Wolf foi selvagem, não aceitaria perder sua fêmea e a mordeu, imediatamente após derrubá-la. Se ajeitou sobre ela, obrigando-a a aceitá-lo.

Larissa havia acabado de ser transformada e não entendia as nossas regras de vida, mas a natureza selvagem da loba sabia,  reconhecia seu companheiro e se deixou montar, acasalando e sendo marcada por seu companheiro. Suas mentes se ligaram e Frederico pôde falar com ela.

— " Acalme-se, Lari. Você estava quase ultrapassando a divisa de nossas terras e podia ser morta."

— " Você está me estuprando."

— " Não, meu lobo está acasalando com sua loba, atacando para que todos saibam a quem pertence e não lhe façam mal."

— " Não dá pra conversar agora. "

Me calei, pois sentimos o que nossos lobos sentem e eles estavam chegando ao seu ápice e é a melhor sensação do mundo. Terminamos e Wolf se deixou cair ao lado da fêmea. Mas nos recuperamos rapidamente, nos levantamos, aproveitando a moleza pós coito da fêmea e Wolf correu a procura de uma caça, nossa fêmea precisa se alimentar o quanto antes.

Não é facil emcontrar uma caça durante o dia, mas achamos um veado desavisado e Wolf cercou-o e pulou sobre ele, mordendo com precisão, sua jugular e sem o soltar, arrastou ele, ainda se debatendo com espasmos musculares, até o local de nossa fêmea. Abriu o animal e deu a ela as partes melhores e mais nutritivas, como coração e fígado.

A loba aceitou prontamente o alimento e assim que sentiu suas forças restabelecidas, conseguiu comer sozinha. Esperamos, apesar da fome, queríamos vê-la bem, primeiro e quando ela se satisfez, comemos o que sobrou e jogamos longe, a carcaça.

Levantamos e Wolf empurrou a loba com o nariz, para que o acompanhasse até o rio e lá, beberam a água fresca e se lavaram. Ela voltou a forma humana e antes que desmaiasse de cansaço pedi:

— " Precisamos ir, quero que monte em mim, vou levá-la até seu pai e o restante de seu povo."

Ela compreendeu e agarrou nos pelos de Wolf, que se abaixou, tente ao chão e ela subiu, abraçando-a com braços e pernas. Mandei Wolf ir devagar para não derrubá-la, pois ele é muito maior que ela e se ela desmaiar de cansaço, não conseguirá se manter sobre ele.

Sabemos que o retorno será demorado, em passo lento, mas estamos bem, com a presença de nossa companheira, tudo é felicidade. Quando chegamos a minha casa, já passava da hora do almoço, avisei mentalmente, que entraria pelos fundos e que ninguém estivesse presente,  para não nos verem nus.

Só Kate esperou, com roupas e ajudou a Larissa a descer e vestir um roupão, eu também voltei, vesti o roupão e peguei ela no colo, levando-a para o quarto de casal, que mandei preparar para nós, logo que a reconheci. Deitei-a na cama confortável e ela virou de lado, se aconchegou e dormir. Desci.

Chegando à sala, cumprimentei a todos, ainda de roupão.

— Boa tarde, sejam todos bem vindos a minha casa, creio que já estão todos instalados. 

— Sim, mas senhor, como devo chamá-lo, Alfa? — perguntou um jovem, muito alegre.

— Qual o seu nome, rapaz?

— Joel, senhor, estou gostando muito de estar aqui.

— Que bom, Joel, meu nome é Frederico e todos me chamam de Fred, mas os que fazem parte da Alcateia chamam de Alfa, pois sou seu líder.

— Ótimo, o senhor vai me transformar também.

— Se você quiser, sim, mas só na próxima lua cheia.

— O senhor…

— Agora não, responderei tudo o que quiser, mas agora preciso descansar e estar com minha companheira, não foi fácil para ela e somos seres notívagos, dormimos durante o dia, fiquem a vontade, mas peço que permaneçam na casa ou nas redondezas, não esqueçam que temos guardas cuidando da propriedade e poderão ser mortos por engano. Com licença.

Me retirei rápido, antes que viessem mais perguntas. Entrei no quarto, que estava às escuras e tirando meu roupão, deixei-o no chão e deitei por trás de minha fêmea, abracei-a e dormi com o rosto encostado em seu pescoço, sentindo seu aroma gostoso, feito só pra mim.

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