Capítulo 9. Gritos de Dor

Karl

Fiquei feliz quando meu pai resolveu atacar mesmo sem as armadilhas. Ele chegou à conclusão que se havia uma festa no meio da floresta e também haviam denúncias de animais selvagens, o povo que ia à festa precisava ser protegido e ele com essa ideia nos enviou Mas deixou as crianças e uma das fêmeas em casa, cuidando delas.

Adentramos a floresta quase com a lua no topo do céu e fomos com cuidado mas nos interceptaram, lobos ferozes, enormes, que nos impediram de ir adiante. Porém, Lari que era a mais ousada de todos, conseguiu passar entre eles e arremessou suas facas atingindo um nos ombros e nos flancos.

Todos fomos atacados e atacamos mas eu me escondi e fiquei observando e não acreditei quando o meu próprio pai foi morto por um lobisomem enorme. Mais, eu tinha um objetivo ali e não podia me desconcentrar de meu foco e quando vi Dimas sozinho, de costas e de frente para uma das criaturas, lancei minha faca.

Acertei em cheio e olhei para Lari, que lançava mais uma faca no que parecia ser um lobisomem. Disseram que eram essas criaturas, mas nós não acreditamos e se o homem que foi nos avisar, fosse um deles? Aproveitei e fugi, não ficaria ali para ver o que aconteceria pois seria o próximo a estar estendido, morto, no chão.

Me escondi, mais acima, do outro lado da estrada que divide a floresta e esperei. Vi quando três deles passaram rente a floresta, vasculhando tudo e adentrei mais na mata. Eles não me viram, foram em direção à nossa casa. Segui por dentro da mata, até chegar ao fundo da casa e avistei quando eles entraram e levaram o casal que voltou para casa, com as crianças e a mulher que ficou.

Agora pegou para mim, para onde vou? Será que vão ficar vigiando a casa? Não sei se me viram, mas se aquele homem for um deles, me conhece e sabe que sou um deles. Mas tenho que pegar minhas coisas, vou esperar para ver se voltam e caso isso não ocorra, entrarei e pegarei o que puder. O que me intriga é que Lari não voltou.

**

Frederico

Os gritos de Dimas se intensificaram e fui conversar com ele:

— Calma, não lute contra a transformação, ela vai ocorrer de qualquer maneira, mas quanto mais você lutar contra, mais dor sentirá.

— O que é isso, que transformação é essa?

— Olhe para mim.

— Ááárrrrrhh (grito de dor) O QUE SÃO VOCÊS?

— Somos lobisomens e você foi ferido pelas costas, com uma faca, lembra?

Mostrei a faca que tirei de suas costas e havia guardado no cós da calça. Ele continuou gritando e a transformação se completou.

— Respire fundo e pense, como faz normalmente. Será mais lento,mas você pegará logo o jeito.

Ele prestou atenção e fez o que eu disse, fitou a faca na minha mão e disse:

— Karl… — sua voz saiu grossa e rouca e ele estranhou.

— Sim, eu vi ele arremessando a faca e te socorri, mas ele fugiu.

— Lari, minha  fi  lha , on de está?

— Tentei salvá-la também, mas ela foi muito ferida e estamos esperando para ver se ela vai aguentar a transformação.

— Não, não, porrrrquêêê? Uma lo bi somem,   não…

— Ela não pode morrer, ela é minha companheira e não conseguirei viver sem ela.

— Aaaaaaiiiiii, não, não, não….

Ele foi até o fundo de seu nicho e sentou, encolhido, com a cara entre os braços.

Ouvimos um grito e percebi que ele se agitou.

— É Lari, vou ver, se acalme.

Corri até onde ela estava e Kate havia se afastado e parecia aliviada.

— A transformação começou, mas ainda tem uma fraqueza em seu organismo, que não entendo.

— Vou perguntar ao pai dela se ela tem algum problema.

Voltei ao Dimas e informei:

— A transformação dela iniciou, mas temos um problema e não sabemos o que é, que está atrasando o processo. Ela tem alguma enfermidade ou algum problema congênito?

— O organismo dela é acelerado e queima as calorias muito rapidamente, ela precisa se alimentar o tempo todo.

— É isso, só pode ser, vou falar para a Kate, ela saberá o que fazer. Obrigada.

— Cuide dela, cuide da minha filhinha, é tudo o que tenho.

Assenti com a cabeça e corri para minha fêmea, agora não era só uma esperança, era uma certeza, sua fêmea ficaria bem e será uma excelente lobisomem. Contei a Kate e ela imediatamente, injetou várias ampolas com suplementos e percebemos uma melhora imediata nela. Seu corpo curou-se definitivamente e a transformação acelerou.

— Tomara que a agulha não quebre.

— Não se preocupe, se quebrar, o próprio corpo repelirá. Só precisamos mantê-la nutrida.

— Você tem razão. Ela é tão linda e parece uma fêmea doce, como transformou-se em uma caçadora tão forte, ao ponto de enfrentar Almir, um beta.

— Pois é, ele é durão, mas ficou bem ferido.

— Sim — ela riu — precisei dar-lhe vários pontos, depois que você saiu e foi fazer o primeiro contato. Ele não queria que você soubesse que foi tão ferido por uma fêmea.

— Não é uma fêmea qualquer, é a MINHA fêmea!

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