Capítulo 14. Quase Fuga

Frederico

Vi a reação de Larissa com Tina e até fiquei orgulhoso, mas depois percebi que ela só se defendeu e agora estou muito desconfiado de que ela está planejando ir embora. Entrei em contato com todos os guardas, através da ligação e mandei ficarem de olho nos recém transformados humanos.

Segui-os sem que percebessem, mas mantendo distância suficiente para ouvir o que diziam. Não é um procedimento educado, mas ela nem quis ouvir as explicações que prometi dar sobre nós. É como imaginei, ela tem dúvidas, mas não confia em mim e quer ir embora. Me aproximei, sem receio de ser rechaçado.

— Se você tem dúvidas, posso explicar, aos dois. Por quê não me dá uma chance de contar quem somos e os nossos costumes?

— Você deve compreender que estou bem confusa.

— Claro que compreendo, mas antes que fuja e se afaste de mim, de nós, peço que me ouça, por favor.

— Tudo bem, vou te dar um momento. — disse ela, se aproximando, sem fazer a mínima ideia de que não podemos ficar longe um do outro.

— Venha, vamos sentar na varanda.

Fomos até a varanda e sentamos nas cadeiras de vime ao redor de uma mesa circular com tampo de vidro.

— Primeiro, me explique sobre os lobisomens.

— Somos homens lobo, mudamos involuntariamente toda lua cheia, mas depois que acostumamos, temos muito controle. Podemos mudar completamente em lobos, também, como aconteceu com você.

— Isso só acontece na lua cheia?

— Involuntariamente, sim. Mas podemos mudar, se quisermos, depois que nos acostumamos.

— E essa história de companheira?

— Cada lobo tem só uma companheira para a vida toda. Não acasalamos com outras fêmeas que não seja nossa destinada, pois elas não nos satisfazem completamente e não podem gerar nossos filhotes. Nós reconhecemos pelo aroma, que só os companheiros verdadeiros sentem e se um morre, logo o outro morre também.

— Então, nós somos companheiros, tipo, almas gêmea.

— Sim. Também não podemos nos separar depois de nos acasalarmos estcarmos, a dor é insuportável e só passa quando nos aproximamos novamente. 

— Então, não posso ir embora, nem me afastar de você? Sou obrigada a ficar com você,mesmo sem querer?

— Você esqueceu como foi no clube e depois que nos encontramos na praça? Foi atração genuína, nos gostamos, nos reconhecemos, mesmo você não sendo como eu. A ligação, faz a união ser prazerosa e autêntica. Não conseguimos controlar.

— Espere, Fred, então eu não posso ficar longe de Kate? — perguntou Dimas, que permaneceu calado até então. 

— Se você não quiser ficar com sua companheira destinada, será uma rejeição e vocês quebrarão o laço, mas ficarão incompletos e nunca mais terão um amor tão completo e nem terão filhotes.

— Então, somos obrigados a ficar com a pessoa que não escolhemos? — perguntou Dimas.

— Não quer ficar com Kate, Dimas? Não deixe ela ouvir isso.

— Responda, Fred, também quero saber. — pediu Lari.

— É difícil explicar. O laço de companheiros é muito forte e ele atrai, como amor à primeira vista. Eu amo sua filha desde que a vi pela primeira vez e meu lobo já a marcou, não podemos nos afastar e garanto que não será desagradável ficarmos juntos.

Eu estou me sentindo alguém que está contando fábula para crianças. Meu coração está apertado, sentindo como se ela fosse me rejeitar e não suportaria isso. Chamei Kate pela ligação mental, pedindo ajuda. Não sei como ela está se sentindo, mas é a única pessoa capaz dee entender. 

— Como assim, seu lobo já marcou a loba dela?

Agora é a vez do pai reivindicar a honra da filha. É tão mais fácil entre os lobos. Não temos dúvidas, só sentimos e pronto. Eles se preocupam mais com o carnal do que o emocional.

— Nos vivemos em grupos familiares e agregados. Somos uma Alcateia e vivemos cuidando uns dos outros. Não temos política, sou o Alfa, por ser o mais forte e cuido das necessidades do povo. A minha companheira é chamada Luna e a missão dela é me ajudar com a parte social. A loba dela, também é uma Alfa e é branca, o que indica que é especial, tem a habilidade de tranquilizar a Alcateia, por isso a transformação dos novatos, nesta lua cheia, foi tão tranquila, por causa da presença dela.

Kate chegou, com a expressão fechada e foi direto para Dimas e sentou-se no colo dele, segurou o rosto com uma das mãos, passando o braço por trás de seus ombros. Beijou sua boca e ele aconchegou-a em seus braços e Lari ficou observando de boca aberta, sem acreditar que seu pai correspondeu a uma mulher estranha.

Quando se afastaram, ele atingiu o pescoço dela, aspirando profundamente e parecendo se acalmar.

— É assim que funciona o laço de companheiros, somos ligados, nos reconhecemos e é tudo muito natural. Não temos vergonha de estarmos juntos, o que sentimos é mais forte e é certo. Entenderam?

— Eu sim, — disse Dimas, cheirando mais uma vez, o pescoço de Kate.

— Leve ele, kate, mostre como é.

— Sim, Alfa.

Ela levantou-se e puxou-o pela mão, sairam e eu sabia que iriam para o quarto e o laço seria confirmado.

— Olhe para mim, Larissa, você não lembra de nossa atração, logo que nos conhecemos? 

— Sim,as é tão assustador, ver minha vida totalmente transformada, sem que eu tenha feito nada para isso.

— Mas você acha ruim, ficar comigo? Se eu não fosse lobisomem, iriamos continuar nos encontrando e namoraríamos, como fazem os humanos. Com o amor que sinto por você, nos casaríamos e formaríamos uma família.

— É, creio que sim, mas as coisas ocorreram rápido demais e minha cabeça está dando um nó. Sinceramente, não sei o que fazer.

— Eu só peço que não me deixe.

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