De repente nem a presença de Gliatru, tirava minha mente da possibilidade alarmante do Gleorio ser um traidor.
Mas por quê? Porquê eu estou tão preocupado com isso? Nem Gliatru, que é irmão dele, esta tão desesperado assim.
Eu não sei porquê isso me incomoda. Talvez seja pelo fato, que desde o começo, Gleorio, fora a sombra do meu pai, isso é estranho? Eles são tão parecidos, ambos são super protetores, pacientes e inteligentes. Eles tem a mesma personalidade, ou tinham no caso. Por isso, a ideia dele ser um traidor me é tão absurda.
Mas afinal o que é ser um traidor? A traição em si, é uma questão muito complicada, Maurício A Costa, disse uma vez, para não subestimar a capacidade de trapacear daqueles que fizeram da mentira a sua arma. Mas essa não parece ser a questão, quer dizer, Gleorio não anda por ai mentindo atoa, não é?
Em questão filosófica, Immanuel Kant defende a integridade moral de forma universal, ou seja, falar a verdade sob toda e qualquer circunstância, por exemplo, mentir para salvar uma vida, seria igualmente errado. No senso comum, mentir em casos de extrema necessidade, como salvar vidas, é imensamente aceitável. Para Kant, agir moralmente, significa agir de acordo com o dever, mesmo que as consequências de suas ações, não sejam positivas
Mas isso não responde o que é ser um traidor. No sentido pessoal, a traição não é um conceito universal, quer dizer, o que é errado para mim, pode não ser para você, varia de pensamento, para pensamento. Muitos diriam que deixar uma pessoa morrer por questões morais seria errado, mas Kant discorda fortemente, e com argumentos bem convincentes.
Então sabendo disso, Gleorio pode não achar que o que faz é errado, para ele, a necessidade de mentir pode seguir o senso comum do exemplo acima, em hipotese, ele pode achar que mentir seja o único jeito de salvar uma vida, no caso, um planeta. Mas para vista de fora, o que ele faz, é errado.
Mas deixemos de lado o hipótese dele ser um traidor, porquê ele não é, não tem chances disso acontecer. Gleorio é incrivelmente inteligente, ele não seria idiota a ponto de acreditar nas besteiras que possivelmente Damag prometeu.
Talvez você esteja um pouco cansado de me ouvir falar sobre isso, e quer saber logo o que vai acontecer, mas tente entender, nós passaremos todo esse capítulo falando sobre as questões filosóficas, psicológicas e neurobiologicas que compõem a mentira. Então minhas desculpas. E para você saber, estou rindo agora.
De acordo com a neurobiologia existe um aumento considerável na substância branca no córtex pré-frontal, em indivíduos considerados mentirosos patológicos. Mas para sabermos se Gleorio se enquadra nesse exemplo, precisaríamos estudar o cérebro dele, mas como não sabemos nem se Gnorianos tem cérebros iguais aos nossos, desconsideremos este exemplo.
Mas como definir um mentiroso? Seria aquele que possui habilidades de manipular a realidade ao seu favor, seja para ganho pessoal ou não? Mas se aderimos o pensamento hipotético, que o indivíduo em questão, acredita veementemente que sua realidade hipotética seja realmente real. Então o que seria a mentira? Se ele vive em uma via de acesso imaginária, então, a mentira, seria uma espécie de verdade?
Consideramos os pensamentos comuns, que diriam, que mesmo se psicológicamente, o indivíduo em questão, acredite que sua mentira seja real, ainda sim, seria uma mentira. Mas mentira para quem? Apenas para o observador externo, pois para ele, continuaria sendo sua verdade mais absoluta. E isso nos leva mais uma vez à questão. O que realmente é a mentira?
"A mentira é a sua verdade". Acho que podemos dizer, que nosso indivíduo hipotético, vive sob essa lei, gerando o paradoxo de que a mentira é uma espécie de verdade pressuposta que nos leva a uma contradição lógica do senso comum. E como Nietzsche disse; Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te. Pois a mentira em si, não é o problema, mas sim, a quebra da confiança, o ato de não poder mais acreditar na pessoa em questão. E o maior, dentre todos os problemas da traição, é que ela sempre vem de onde menos se espera.
Falando de Nietzsche, segundo o mesmo, a "verdade" é uma ilusão, é uma enganação que tomamos como valor social, e serve para manter nossas mentes limpas, já que ela é aquilo que trava nossas ações, que acentua nossos julgamentos, e define o que vale à pena ser levado em consideração.
Sendo assim, a nossa verdade, não é maior que a do Gleorio, talvez ele tenha realmente um forte motivo para ter feito o que fez, talvez devêssemos seguir a tão exigida verdade, e dizer a verdade à ele, e não nos esgueirar pelos cantos, vigiá-lo atrás de uma mísera pista. Talvez ele entenda o que fez, e todos nós possamos pensar em uma saída melhor juntos. Isso aceitando o fato dele ser o nosso indivíduo em questão. MAS ELE NÃO É. Eu tenho certeza.
Meu pai costumava dizer que a mentira tem perna curta, e eu sempre me perguntei, o que isso significava. Talvez o fardo seja grande de mais, para se carregar por muito tempo, ou quem sabe, seja a força da mentira, dividida pelo tempo que pretende guardá-la, mais a distância percorrida pelos boatos, que a torne algo insustentável. Em nosso caso, mentira de proporção planetária
Se seguirmos o senso comum, e aceitarmos a crença de que mentir para salvar uma vida, e algo válido, então, o que seria necessário para salvar um planeta? Façamos um exemplo, você é o nosso indivíduo em questão, e para salvar seu planeta, você precisaria se abster de toda moral, fazer coisas que vão contra os seus princípios pessoais, você aceitaria? O que você faria para garantir a sobrevivência do seu planeta?
Tendo sua resposta, acha que consegue entender Gleorio? Ou talvez você ainda pense, que eu só estou tentando arrumar desculpas, para justificar os atos cometidos pelo nosso principal suspeito? E que toda essa tese, fora apenas para me convencer, de que o que ele fez, não é tão ruim assim.
Ta legal, talvez aja sim, um conflito de interesses, e eu realmente, esteja tentando criar desculpas para o ajudar a amenizar o impacto do maior problema. Que será quando Gliatru descobrir a verdade, eu sei que todos estão fingindo que nada aconteceu, que eu não morri, e que Gliatru não me trouxe de volta. Mas afinal, que merda aconteceu lá? Quer dizer, Gliatru lutou páreo a páreo com um Gílio experiente, com seus poderes recém descobertos. Isso é insano.
Mas nesse caso, já que ele tem poderes, tecnicamente, Gleorio também tem, não é? É um fator hereditário? Ou seria igual aqueles filmes, onde por pura conveniência se pula uma geração? Toda essa questão é muito ficção científica.
Ele não só tem o controle absoluto sobre a matéria, como também sobre a vida e a morte, e super força, seguindo essa linha, ele também teria o controle da realidade? Se estivéssemos em um vídeo game, ele seria um personagem muito apelão. Isso quando aprender a controlar
Eu já nao sei o que pensar, não falamos sobre isso ainda, e eu também não sei nada sobre a família de Gliatru, além do que Gleorio contou.
Acho que fugimos um pouco do assunto. Sobre o que estávamos falando mesmo?
Gleorio, é verdade.
Façamos assim, vou lhe contar meu plano, e não conte a ninguém, será nosso segredo. Vamos fingir que não sabemos de nada, ajudar Gleorio na construção da Lil, e a noite, quando todos estiverem dormindo, entramos escondido na Oficina, e tentamos abrir aquela porta, o que acha? Está comigo?
Vou falar com Emilly, talvez ela saiba como abrir uma fechadura, que escaneia a palma da mão. Acho que Gliatru precisa ver também, mas só, quanto menos pessoas, melhor. Então seremos apenas, eu, você, Emilly e Gliatru, correto?
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Atualizado até capítulo 23
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