Você é meu destino

Se a algum tempo atrás você me disse-se, que hoje eu estaria completamente apaixonado por um alienígena, eu diria para você procurar um médico, mas cá estou eu, ainda imerso nesse sentimento, preso aos mínimos detalhes de seu rosto. Ainda parece mentira, não consigo acreditar que isso esteja mesmo acontecendo, Gliatru está deitado bem a minha frente, eu podia tocá-lo, senti-ló, mas ainda sim, parece que tudo isso ruirá a qualquer momento. Sim, eu sou um pouco inseguro, coisas boas não costumam acontecer comigo. Mas agora, parece que a vida finalmente resolveu me recompensar, por todas as surras que me deu.

Sinto como se todos os malefícios tivessem acontecido só para podermos estar aqui agora, para que eu não sentisse nada além de amor por ele

— No que está pensando? — Fala  sorrindo meigo.

— Em você! — Sorrio de volta. — Em nós, ainda parece mentira.

— Porquê? Não aguenta a pressão de namorar alguém tão bonito quanto eu? — Diz deitando em cima de mim.

— Convencido! — Sorrio. — Espera, você disse namorar? — Arregalo os olhos.

— Sim senhor! Ou você achou que eu ia deixar você ir sem mais nem menos, depois de hoje? — Termina me dando um beijo.

— Acho que deveríamos levantar! Alguém pode entrar!

— Idaí? Deixe que entrem. — Comenta me dando vários beijos aleatórios.

— Para! — Sorrio.

— Grr Grr! Com licença bombinhos, nos já chegamos a uns dez minutos sabia? Não vão descer não? — Diz Emilly.

— Mas já? — Digo empurrando Gliatru. — Porquê não disse antes. — Levanto as pressas pela vergonha.

— Ei! Me espere! — Grita da cama tentando me acompanhar.

caminho tímido ao lado de Emilly, mas Gliatru chega repentinamente, entrelaçando sua mão a minha.

— O que? — sussurro balançando as mãos — Larga!

Eu não estou com vergonha disso, imagina.

— Não! — Diz convicto.

Emilly apenas nos observava sorrindo, enquanto Gliatru me arrastava pelos corredores daquela nave, de volta ao salão branco. A nave estava parada longe de onde queríamos ir, então no Sag nós subimos, Gliatru me abraçou por trás, e assim nós fomos até a sala branca.

— Por que as coisas não podem ser sempre boas assim? — Ele pergunta próximo ao meu ouvido.

— Pergunte isso a Damag! — Ambos sorrimos. — Afinal, o que ele quer de você?

— Eu não sei! Ele diz coisas estranhas desde sempre, da primeira vez, eu não entendia o que ele dizia, mas agora, graças a você. — Para e me dá um beijo na bochecha — Eu pude compreender finalmente.

— Mas como ele fala minha língua?

— Eu não sei dizer, ele é um Gílio, e foi o único da família dele a nascer assim.

Não demorou muito para chegarmos no salão, onde Gleorio já estava a minha espera. Embora eu achasse desnecessário, Gleorio insistiu que eu ficasse internado por hoje, para ter certeza de que estava tudo bem.

— Vamos, entenda! Você morreu, e isso não é normal, então sim, você vai ficar aqui, sim, até eu ter certeza de que está bem.

— Sim senhor! — Digo sarcástico.

— Ora, fiquei com ciúmes — Ele faz bico. — Porquê não me responde assim também?

— Pare de fazer drama.

— Você me maltrata! Mas eu gosto — Diz roubando um beijo.

Balanço a cabeça em negação antes de seguir com Gleorio, e Gliatru vinha logo atrás, me acompanhando como se não tivesse nada para fazer. Após o término dos exames que Gleorio insistiu, o mesmo se foi, me deixando sozinho com seu irmão. Essa cena se repete muito. Eu sei. Eu praticamente moro nesse hospital.

— Acho bom você melhorar logo — Diz me abraçando — Não quero ficar naquela casa, sozinho sem você. Nenhum segundo.

— Espera! — Comento saindo de seus braços. — Casa? Você vai morar comigo?

— Com quem mais seria? — Ele sorri.

— Você não acha que está indo rápido demais?

— Não, eu não vou ficar sentado esperando você fugir de mim de novo. — Ele me puxa pela cintura. — Ou já se esqueceu o que me disse aquele dia que me mandou embora?

— Ah! Tudo bem, você venceu! — apenas concordei.

Ele estava certo, não há porque esperar, até porquê nossos dias estavam contados, de uma forma ou de outra.

— Escuta! Você não achou estranho o fato de Damag já saber que estávamos indo?

— Exatamente! — Ele para e pensa  —

Quem mais sabia dessa missão além de vocês?

— Eu não sei, Gleorio falou a semana inteira sobre as novas armas, qualquer um pode ter escutado.

— Droga! Gleorio e sua maldita empolgação.

— Não diga isso, ele curte o que faz.

— As vezes, eu acho que você gosta mais do meu irmão, do que de mim.

— Você acha? — Gargalhei de sua expressão — Qual é? É brincadeira. Seu ciúmes não tem fundamento algum, ele é seu irmão.

— Eu sei, engraçadinho! Tenho que ir agora, mas tarde eu venho te ver.

Ele apenas se despediu com um longo beijo, cheio de sentimentos, e já carregado de saudades, como se nunca mais fossemos nos ver. Mas diferente de suas palavras, suas ações foram contrárias ao que havia dito. Suas mãos apertavam minha cintura fervorosamente; repentinamente aquela sala tão fria, esquentou, nosso beijo ganhou intensidade, e ele me jogou na parede com força.

— Alguém pode nos ver! — Sussurro entre os beijos — É melhor pararmos

— Não importa, eu nao posso mais esperar.

Nos desejávamos desesperadamente. Sua língua vasculhava o interior de minha boca intensamente. Pela cintura ele me puxou, e caminhamos as cegas até o leito onde eu estava internado. Minhas penas cruzavam sua cintura, enquanto uma de minhas mãos grudava em seus cabelos e a outra deslizava em sua costa.

O alvo de seus beijos era cada vez mais baixo, um misto de sensação era sentido, sua língua percorrendo meu pescoço, sua mão retirando descuidadamente minha roupa, e o medo que alguém entrasse a qualquer momento. Tudo isso só serviu para nos dar ainda mais vontade.

Nada mais importava, não existia mais se quer um problema, e naquela sala fria, nossa primeira vez aconteceu, apenas uma porta nos separava do resto do mundo. As mãos de Gliatru cobriam minha boca, para que não houvesse muito barulho. Nossas roupas estavam espalhadas pelo chão, sua respiração ofegante batia em minha pele, seus gemidos baixos ecoavam em meu ouvido. E assim nós permanecemos pelo resto da tarde.

Corpos e almas juntos como um só, e entre gemidos, beijos e arfares, Gliatru sussurrava em meu ouvido — Você é meu! E eu nem ousava discordar. Então ele entrelaça nossas mãos, prendendo elas acima de minha cabeça, e sorrindo ofegante ele fala

— Eu te amo — Sussurra ofegante em meu ouvido.

Meus olhos se arregalaram repentinamente... como assim?

Surpreendentemente eu saltei daquela cama, em um movimento abrupto. Correndo com o lençol enrolado em meu corpo, eu me tranco no banheiro. Tão patético...

Não estou com medo, eu já ouvi isso antes, mas com certeza não desse jeito. E foi do meu pai. O que eu deveria fazer? Estou em pânico, eu não quero voltar pra lá.

Olhando meu reflexo, pareço tão idiota no espelho

— Vá lá! Pare de ser patético. — Reclamo para a imagem no espelho —É só dizer que o ama também. Afinal eu o amo, não é?— Converso comigo mesmo.

— Ei! — Batidas são ouvidas na porta — Você está bem? Porquê se trancou aí? Abre a porta. 

Abrir a porta? Pra dizer o que?

—E-e-eu j-já vou sair — Aviso — Que droga Igor! Pare de gaguejar, você não é uma adolescente, vá lá e resolva seus assuntos como um adulto de vinte e quatro anos — Ta! — Respondo a eu mesmo.

Caminho em passos lentos até a porta, com as mãos trêmulas, respiro fundo, ergo minha mão direita na direção da maçaneta arredondada, da porta esbranquiçada, com intenção de abrí-la, mas saio correndo me trancando outra vez no box.

— Você vai ficar aí o dia inteiro? — Gliatru insiste — Eu fiz alguma coisa errada?

Fez, fez sim! Quem disse que podia dizer que ama? Ainda mais no meio do...

— Finalmente! — Ele diz ao me ver abrir a porta — Você está bem? O que aconteceu?

Ando em passos apressados, sem olhà-lo, ainda segurando o lençol que cobria meu corpo. Ele apenas me olha recolher as roupas espalhadas pelo chão.

— O que você tem? — Diz  me abraçando por trás. — Fala comigo!

Meus olhos estavam fechados, permaneceram apertados com força, até o idiota dentro de mim, tomar a atitude mais infantil possível. Porquê tenho que complicar tudo?

— Depois nós conversamos — Pego minhas roupas e saio correndo

— O que? Espera...

Após retirar suas mãos em um movimento desnecessário, ainda com o lençol, eu saio correndo, sem dizer mais nada, sem esperar para ouvir suas súplicas. Me visto na sala ao lado, e logo corro o mais rápido que eu pude dali, pulando em um Sag.

Eu fui idiota?

Pairando sem rumo, em busca da luz no fim do túnel, sem nada encontrar. Já estava perto da estação de rádio quando movimentos suspeitos chamaram minha atenção. Gleorio estava a conversar com aquela Gnoriana do outro dia, me aproximei lentamente para não ser percebido, me encostei na parede ao lado, para escutar a conversa de ambos que se encontravam frente ao prédio.

— Nyak! — Gleorio diz em alto tom.

— Coytrak ceak lak quak deak pleak Gleorio! — Ela retruca brava.

Os acontecimentos a frente pareciam estar saindo do controle, então resolvo interferir antes que saíam de vez do controle.

— Gleorio? — Me aproximo chamando sua atenção — Está tudo bem?

— Oliak! Lak ningak ontipojak — Diz a Gnoriana de cabelos escuros.

— Não ligue para ela! O que faz aqui?— Gleorio pergunta com um sorriso meigo.

Nem se eu quisesse, não sei o que ela disse.

— Eu estava com o Gliatru e...

Após o leve citar ao nome de Gliatru, a Gnoriana de longos cabelos pretos, se virou e saiu pisando forte.

— O que aconteceu? — Estranhei.

— Não ligue pra isso! O que você estava dizendo?

— A-ah! Nada. Deixa

— Vocês brigaram de novo?

—Não! — Respondo mais altos que o previsto — Não, não houve briga.

— Então o que houve? — Ele parecia apressado para saber dos fatos.

Apenas respirei profundamente, soltando todo ar de confusão preso aos meus pulmões, antes de lhe revelar tudo o que havia acontecido. Toda minha vergonha e ações patéticas, nenhum detalhe ficou de fora. Gleorio parecia ouvir tudo seriamente, mas de repente, ele caí em uma gargalhada descontrolada.

— Me desculpa! — Diz tentando se controlar — Desculpa.

— Esqueça! — Falo dando de ombros

— Não! Me desculpa — Ele corre até me acompanhar — É normal ter medo Igor. Ta! Você exagerou quando saiu correndo no meio da relação, mas não é nada tão grave assim. Afinal você o ama? Ou não? É simples

— Nao, não é tão simples assim.

— E porquê não?

— SE EU SOUBESSE NÃO ESTARIA AQUI, NÃO É? — Paro e suspiro pesado — Me desculpa.

— Tudo bem, apenas pense a respeito, se faça essa simples pergunta, depois converse com ele.

— Obrigada — Sorrio.

Ambos voltamos para o salão branco, Gliatru não estava mais lá, o que era bom. Simplesmente sentei e fiquei observando-o trabalhar, pelo resto da tarde. Gliatru não saía de minha cabeça, me impedia de pensar em qualquer outra coisa, como se eu não tivesse um relatório pra escrever.

É verdade! Eu tenho um relatório para escreve.

Levantei abruptamente, em direção a saída, Gleorio me olhava confuso, pulei em um Sag, e voei de volta ao meu apartamento. Chegando lá, peguei meu Onitrans, selecionei o Telltext, App para escrever nossos relatórios, desenvolvido pela TellStar, e comecei o trabalho.

Informações básicas

Planeta: Gnoria-397

Língua nativa: Gink

Localizado na galáxia: GDAIN-15

Planeta que órbita: Mulion-396

Sol: Glaun-75

Translação de Gnoria: 30 anos terrestres

Translação de Mulion: 29 anos

Rotação Gnoria: 42 horas

Rotação Mulion: 15 horas

Condições temporais: Frio a maior parte do ano

Nativos: Não existentes

População: 0,0 habitantes

Tecnologia: Avançado, algumas partes ainda funcionais.

Vegetação: Não existente.

Condição planetária: Precária.

Resultados dos testes:

Tipo: Solo lixiviado

Categoria: Leve

Cor: Claro

Classificação: Solo azional

Presença de componentes estranhos e radioatividade

Solo não identificado

Amostra 1: Podem estar presentes hidróxidos de ferro(II) e alumínio (Al)  e urânio-235

Com tudo devidamente incluído, e algumas partes, nem tanto assim, tudo já estava preparado, agora era só falar com minha tripulação, mostrar o relatório, voltar a estação de rádio, e contatar a TellStar.

Com meu Onitrans em mãos, voltei ao Sag, e voei em busca da minha tripulação perdida. Fala sério, em que buraco eles se enfiaram? Você acha? Era só que me faltava! Vamo torcer para você estar errado. Gliatru vai me matar por voltar lá de novo.

Voei apenas alguns metros antes de começar a descer a neblina, pois por ordem, a floresta fica um pouco mais adiante do salão branco, ao sul. Ao descer a mesma, e se aproximar da floresta, constato que suas hipóteses estavam corretas. Infelizmente. Minha tripulação, ao redor da floresta, brincando inutilmente.

— Bonito! — expressei alto — Estão se escondendo de mim?

— Comandante! — John diz em tom de felicidade — O senhor está melhor?

— Sim, obrigada! O que estão fazendo aqui?

— Tirando uma folga! — Emily responde.

— E quem foi que deixou vocês tirarem "folga" ?

— Qual é comandante, deixa vai? — Vivian tenta me convencer.

— Não! Temos trabalho a fazer, depois de enviarmos tudo a TellStar, vocês pode tirar folga.

— Sim senhor! — Todos respondem baixo.

— E não façam essas caras.

Em seguida, voamos de volta a estação de rádio, e após mostrar o relatório a minha tripulação, e perguntar se não há objeções, conectei meu Onitrans, e iniciei a chamada.

Conectando chamada

Chamada não completada

— Que estranho! Ninguém atendeu.

— Será que aconteceu alguma coisa? — Vivian pergunta.

— Anexe o pdf ao e-mail e envie a eles, quando virem, responderam — John da à ideia

— Boa ideia!

Após enviarmos o e-mail, partimos dali, e como prometido, dei a tão sonhada folga a minha tripulação.

— Podem ir, estão de folga agora.

— Ebaaaa! — Todos comemoram juntos.

Eles se dispersaram mais rápido que as pontes que ligam as moléculas de H2O se quebram em temperatura elevada. E eu fiquei lá, sem sabe o que fazer.

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