Dance pra mim, mais uma vez?

Durante a vida adquirimos a habilidade de permanecemos inteiros mesmo estando em pedaços. E era exatamente assim que eu me encontrava neste exato momento.

Eu não disse nada, mas aquilo me incomodou, incomodou muito, então eu simplesmente dei meia volta, o mais rápido possível. Meus olhos ardiam, e eu sentia as lágrimas quererem descer. Mas eu me recuso a chorar por isso, afinal eu não ligo, não é da minha conta, Gliatru pode ficar com quem ele quiser.

No caminho de volta àquela cena não saía da minha mente, os dois juntos, ta, ta bom, não estava acontecendo nada de mais, mas eles pareciam íntimos, até que combinavam. Esses pensamentos tiraram totalmente meu rumo, e eu acabei esquecendo o caminho de casa. Como é minha primeira vez, eu nem me lembrei de gravar o caminho.

Será que Gleorio está no salão branco? Como vou voltar para casa agora?

—  Comandante? O que o senhor está fazendo aqui no meio da... "Rua"? —John chega e sorri. — Que bom que já pode sair.

— Eu esqueci o caminho de casa. —Comentei abaixando o tom.

Ele riu da minha cara, será que ele não vê o meu sofrimento?

— O que você está fazendo?

— Vamos continuar a missão comandante! Que bom que já está melhor, assim pode ir comigo.

— Espera, espera ai! Vocês iam sem mim?

— É...é..é... Não?

— Não né? — Ambos rimos da situação.

Então juntos, nós fomos, mais uma vez, ao lugar da minha quase morte. Emilly e Vivian já estavam lá, e só faltavam os últimos procedimentos para determinarmos o volume e a densidade do solo. Para isso nosso Onitrans tem um aplicativo especial, criado pela equipe de desenvolvimento da TellStar. O Earth Escaner é exatamente o que o nome diz, e para usá-lo basta coletar uma amostra do solo de vinte a quarenta centímetros e escaneá-la. Depois de tudo escaneado, clique no botão criar hologramas 3d, feito isso o App gerará um holograma 3d da amostra retirada, com todas as informações de volume, densidade e condições do solo. Mais fácil que isso só dormir né?

Sinceramente eu não queria ter que voltar aqui tão cedo, mas é melhor do que ficar lá em cima, com aquilo, se é que me entende!

Após alguns minutos os resultados da primeira amostra estavam completos e a Lil começou a falar, logo seguiriamos para a floresta tirar amostras para comparação.

Resultado da amostra escaneada

Tipo: Solo lixiviado

Categoria: Leve

Cor: Claro

Classificação: Solo azional

Presença de componentes estranhos e radioatividade

Solo não identificado

Como eu havia pensado, o solo é totalmente improdutivo e perfeito para entregar como resultado. No segundo seguinte juntamos nossas coisas, salvamos os resultados e subimos nos Sags em direção a floresta. Mal posso esperar para ver a reação deles.

Não demorou muito, assim que os feixes de luz foram avistados, expressões de surpresa e olhos arregalados estavam por toda parte

— Eu disse! — Comentei sorrindo. — Disse que iam gostar!

— O senhor estava certo, é incrível! —Vivian responde

— É sim! — Todos concordam

Diferente do resto do solo daqui de baixo, o solo da floresta e frio e húmido, como se não pertencessem ao mesmo lugar, a floresta circular com o Lago bioluminescente bem no Centro, sobreviveu separadamente do resto desse ambiente. E minha tripulação estava deslumbrada, mexiam nas plantas, sentiam a grama e a areia, tocavam na água, totalmente distraídos.

— Eu sei que é maravilhosa! Mas vamos? — Temos coisas a fazer.

— Vai ser uma pena ter que retirar um grão de areia desse solo! — Emilly diz quase chorosa.

— Vamos tentar tirar o mínimo possível! Uma amostra de vinte centímetros deve ser suficiente!

Começamos a preparar as nossas coisas, Emilly pegava seus instrumentos para a coleta da amostra. John e Vivian faziam qualquer outra coisa inútil para o momento. Nunca havia visto Emilly ter tanta dó de algo antes, com muito cuidado ela se abaixou e abril calmamente um buraquinho no chão, retirando uma pequena amostra do solo que era facilmente manipulável devido a umidade. Em seguida, pegou seu Onitrans e selecionou o mesmo aplicativo de antes, Escaneando primeiro e gerando o holograma. Segundos depois já tínhamos os resultados.

Resultado da segunda amostra

Tipo: Solo humoso

Categoria: médio

Cor: escura

Classificação: Solo zonal

Presença de componentes estranhos

Solo não identificado.

Deseja gerar tabela comparativa?

Selecione sim ou não em seu Onitrans.

Aqui estão os resultados

Amostra 1: Nenhum nutriente conhecido registrado em meu banco de dados, alguns macronutrientes primários podem ser comparados com nitrogênio (N) e potássio (K)

Amostra 2: Podem estar presentes hidróxidos de ferro(II) e alumínio (Al)  e urânio-235

Mesmo que não houvessem nenhum nutriente conhecido no solo, a diferença era clara, era uma descoberta científica inacreditável, e nosso trabalho aqui estava feito, só faltavam concluir os relatórios, que não era difícil, voltar a estação de rádio e enviar tudo.

Mas não faríamos isso agora, mesmo se quisesse jamais conseguirá arrastá-los daqui tão cedo. Então os dei uma folga para peranbularem pela floresta. Eles falavam, fotografavam as plantas e tiravam fotos de si mesmo no local, fora um momento de paz que precisávamos. Em seguida voltamos lá para cima, concluir os relatórios que seria minha responsabilidade, e enviar. Voamos na direção do salão branco, para conseguir algumas informação do Gleorio, forjar umas e ocultar outras. É para uma boa causa.

Mas chegando lá, ele não estava, e eu não vou falar com o Gliatru, então, ou eu espero ou invento as informações. Ok! Eu vou esperar aqui.

Gleorio estava com Gliatru, fora perguntar sobre nossa conversa não ocorrida.

— E então? Como foi? Você se resolveram? — Diz o mais novo dos irmãos.

— Como foi o que? Bateu a cabeça é?

— Sua conversa com o Igor! O que mais seria?

— Eu não falei com ele! Desde aquela dia.

— Como assim? Eu falei com ele hoje, ele disse que ia concertar as coisas, até veio aqui atrás de você.

— Espera! — Ele gesticula — Você disse que ele veio até aqui? Mas eu estava com a Gaulía.

— Eu já falei para você se afastar dela!

— Por que você não gosta dela?

— Porque ela é muito interesseira! Viu só! Foi só ela aparecer, que o problema piorou. Com certeza o Igor deve ter entendido errado.

— Você acha? Eu deveria tentar falar com ele? — Fala com expressão preocupada

— É óbvio! Se ele vai ouvir e outra história, né? Mas tente.

Rapidamente Gliatru saiu, correu até o Sag e voou com toda velocidade a minha procura. Foi até meu apartamento, até a estação de rádio e por fim ao salão branco, me encontrando lá.

— O que você quer? — Disse ao vê-lo entrar

— Me deixa explicar! Não é o que está pensando. Não aconteceu nada entre mim e a Gaulía, e nunca vai.

— Eu não quero saber! Não é da minha conta, você faz o que você quiser.

— Não faz assim, seja razoável, não aconteceu nada e você sabe!

Eu não respondi.

— Se está com ciúmes disso, e porquê gosta de mim né? — Ele comenta abrindo um sorriso.

— EU NÃO ESTOU COM CIÚMES! —Respondi mais auto do que o planejado.

— Então me escuta! Não aconteceu nada. Confie em mim!

— Eu acredito em você, mas isso não muda nada entre a gente...

— Qual é! Você não pode me dar uma chance? Uma chance pra nós?

Eu não respondi, não porquê eu não queria, mas sim, por não saber como dizer a ele que eu o queria, muito, mais do que já quis qualquer coisa antes, mas não posso, sem distrações!

Nossa conversa não durou muito, logo Gleorio apareceu falando de uma tal festa, que aconteceria a noite, para comemorar a reconstrução da cidade. E me chamou para ajudar nos preparativos.

— Claro! Claro que eu ajudo.

— Lak Obriak! — Gliatru diz com cara fechada.

Gleorio apenas sorriu para ele, e me puxou pelo braço. No instante seguinte estávamos no Sag voando em direção a Praça Central, onde aconteceria a festa.

— Porque precisa de mim? — Disse curioso.

— Eu soube do que aconteceu. Você não falou com ele né?

— Ah! É para isso — Me senti meio decepcionado. — E a festa?

— Não se preocupe, está quase tudo pronto! — Ele sorri fraco — Vou te ajudar! A ficar incrível para essa festa, e graças aos seus conhecimentos eu criei uma das roupas mais bonitas que eu achei da terra, para você usar hoje! Meu irmão não vai resistir.

— Você não fica mal de me jogar seu irmão assim?— Eu ri.

— Não, assim ele fica menos chato, e eu sei que é um bom humano!

— Obrigada, eu acho...

Nos voltamos com rapidez até meu apartamento, Gleorio já tinha tudo planejado, até parece que eu ia me casar com o irmão dele. É só uma festa, para que esse exagero todo?

— Não há exagero algum! Quando ver o olhar dele em você, vai me agradecer! — Ele diz enfatizando o ato

Ao dizer isso ele tira do armário a roupa surpresa, guardada dentro de uma caixa grade e bonita, e de lá tira um terno, preto, feito sob medida, com tecido justo polimérico nanotecnológico. Seus olhos brilhavam diante de sua mais nova invenção, que ele praticamente me obrigou a provar. E ao colocá-la vi que era perfeitamente ajustado, a calça não era folgada nem justa demais, a blusa social branca estava para dentro da calça, com os três primeiros botões abertos, afinal eu não ia para nenhum casamento. E o blazer, preto, milimetricamente perfeito. Se fosse na terra um terno desse custaria uma fortuna.

Eu realmente estava incrível com ele, e se eu fosse o Gliatru com certeza ia querer ficar comigo. Apenas arrumei meu cabelo, o penteando e o jogando para trás; as horas passavam tão rápido que eu nem pude perceber; quando finalmente acabei de me arrumar, já estava quase anoitecendo, e a festa logo começaria.

— Comandante! — Ouço vozes do corredor

Vou até a mesma e a abro vendo John com um terno preto também, Vivian com um vestido vermelho decotado e Emilly com uma blusa social branca para dentro da calça, um colete preto e uma calça social.

— COMANDANTE! — Todos falam juntos — O senhor está lindo com esse terno. Que inveja do Gliatru — Vivian é quem diz 

— Eu sei! — Sorri — Estou mesmo.

Gracinhas a parte, não demoramos mais tempo, logo saímos com nossos Grivaks já colocados, os cinco juntos, em direção a festa, que já havia começado quando chegamos. A Praça principal estava toda enfeitada, com luzes coloridas empinduradas nas árvores e plantas ao redor, tinha música tocando, mesas de comidas Gnorianas e Gnorianos obviamente, dançando e se divertindo. Até que para alienígenas eles sabiam dar uma festa. Ta, acho que isso foi meio preconceituoso.

Eu nunca me senti bem em festas, sou muito tímido e me sinto deslocado com elas, então apenas me cento em um dos lugares, e observo minha tripulação, John estava a comer, foi a primeira coisa que fez, Vivian e Emilly dançavam juntas, e Gleorio estava vindo em minha direção com um prato gigantesco de comida.

— Quer? — Ele diz com a boca cheia.

— Não, obrigada! — Ri de sua forma desleixada.

— Ah! Você sorriu. Que bom que está bem, porquê meu irmão vem logo ali. — Fala apontando para minha traseira.

— O que? — Arregalei os olhos me virando para ver.

E lá estava ele, pela primeira vez, estava de roupa, não que eles não usassem, mas geralmente só escondem da cintura para baixo, deixando todo seu peitoral à mostra, e assim aqui em Gnoria, para todos os lados que você olhe, verá alguém sem camisa. Mas ele estava lindo, Gleorio bem que podia ter me avisado para eu me preparar psicologicamente.

Ele estava caminhando com as mãos no bolso, seu terno era azul escuro, e combinava perfeitamente com o tom pálido de sua pele. De repente ele estava lá, com a mão estendida me pedindo para dançar com ele, eu não pude negar, não consegui dizer uma palavra, estava ocupado dê mais o olhando, então apenas peguei sua mão, em um estado automático.

Logo a música agitada deu lugar a uma mais lenta, convenientemente, isso deve ser coisa do Gleorio, eu não sabia o que fazer, eu não sei dançar.

— Não se preocupe com isso! Vamos apenas nos mexer — Ele sussurra em meu ouvido.

E isso me fez arrepiar, o tom grave e suave de sua voz ecoando mais alto em meu ouvido graças ao Grivak, me fez arrepiar dos pés a cabeça. Suas mãos vieram até minha cintura, e eu coloquei as minhas em seu ombro, e balançamos, para lá e para cá, e gradativamente eu fui me importando menos com o fato de não saber, e apenas o deixei conduzir. Ele me olhava fixamente, seus olhos não se moviam. Enquanto nós dançavamos ele se aproximava ainda mais, me olhando de cima a baixo, umideceu seu lábio inferior com a língua e falou.

— Como você fez isso? É algum tipo de feitiço humano? — Ele fala próximo a mim.

— Do que está falando? Nós só estamos dançando — Sorri.

— Eu gostei! — Sorriu de volta. — Você poderia dançar assim para mim sempre. Mas só para mim! Não gosto da ideia dos outros te olharem também.

Agora era eu que estava o encarando, como sempre sem resposta alguma, eu nunca sei o que fazer nessas situações. Gliatru se aproximava cada vez mais, a iluminação ao redor diminuía, e logo ele colocou um fim na curta distância entre nós. Me beijou, calmamente, ali mesmo, no meio da pista de dança, ignorando todos ao nosso redor, suas mãos apertavam minha cintura, e as minha deslizavam entre seus cabelos pretos, era como se não houvesse mais ninguém ali, ou no universo inteiro, apenas nós importávamos naquele momento.

Repentinamente toda nossa alegria, fora esmagada de uma única vez, como quem pisava em uma barata. Destroços caiam do céu bem onde estávamos, era como se os Mulionianos sempre adivinhacem o que estávamos a fazer; pedras esmagaram de uma vez só alguns Gnorianos, e sem reação nós ficamos, sem poder fazer nada para ajudá-los.

Com as armas desintegradoras de moléculas que o Gleorio havia criado, eles surgem, de duas naves, cerca de vinte Mulionianos.

E agora?

Será que é esse o nosso fim?

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