Entrando no inferno

O mortal silêncio tomou conta de nós novamente, e tudo que se ouvia eram as doce melodia dos últimos preparativos sendo feitos. Longo atravessaríamos as barreiras; ato que eu queria muito presenciar. Ir de Gnoria para Mulion, era como ir a lua, já que Gnoria é um planeta satélite.

Gleorio estava inquieto, a cada centímetro que nos aproximarmos, mais estranho ele ficava. Mulion mechia com algo nele, talvez fossem as lembranças do passado, que agora vieram a tona.

E lá estávamos nós, na mesma nave espelhada do Gliatru, e logo a contagem regressiva para nosso fim fora entoada em Gnoriano. E nós partimos num piscar de olhos, percorreríamos cerca de 400,100 km para chegarmos em Mulion, mas não estávamos na nossa navezinha, as Gnorianas funcionavam a base de propulsão super luz, ou a dobra espacial se você preferir.

Quando chegamos na primeira camada do planeta de fogo, quase que imediatamente, a camuflagem, e um tipo de escudo protetor maleável a base de grafeno foram acionados, para proteger a nave dos gases e do ardor. A primeira consistia de gases altamente tóxicos, por isso o escuro de grafeno, logo a baixo, teria uma densa camada de fumaça, que saia do solo ardente e se concentrava toda ali. Era um percurso de cerca de 2,5 km, totalmente as escuras, não se enxergava nada dentro delas. Apenas com os radares da nave saberíamos onde estaríamos indo, e ter a certeza de que não pousaríamos em um Lago de lava vertente.

Foram cinco minutos até atravessarmos as camadas. Logo pousamos no solo quente, e teríamos tempo suficiente, graças a hiper resistência do grafeno. Ao descer da nave, cobrimos nossas faces com capacetes pretos feitos de policarbonato com tela interativa feita também de grafeno, que nos permitia ver a distância que estávamos um do outro, para não nos separarmos, uma Central de comunicação interligada entre todos e indicava, também a presença de possíveis inimigos por perto.

Gleorio havia pensado em tudo, não só nos capacetes, mas também nas armas, as tão esperada flúon-x, que disparava jatos de goliun, trinta vezes mais potentes, graças a fórmula aumentada, recarregável, mas não infinita, e nas roupas, roupas nanotecnologicas poliméricas que usávamos, para conter o calor e a alta temperatura.

Mulion era escura, e extremamente quente, devíamos ter cuidado redobrado por onde pisávamos, você não quer ter uma morte agonizante no fogo de Mulion, quer? Não havia prédios, nem casas, apenas vulcões, lava, e magma das erupções já cessadas. Mas a frente, ficava uma única torre, aparentemente feita de vidro preto, alta e esguia, com uma lança na ponta. Único local possível para Damag estar mantendo Gliatru. Mas como entrar sem sermos notados? Com certeza Gleorio tinha um plano.

— Eu não faço a mínima ideia! — Ele diz com um sorriso.

Ou não né.

Eu acho que não é mais novidade alguma, quando digo que mais uma vez, estávamos ferrados. Conforme íamos nos aproximando do local, mais alarmes de inimigos eram dados pelo indicador de movimento, e aparentava estar cheio de Mulionianos, e se dois já eram um verdadeiro porre, imagina quarenta deles, e só na entrada. Precisávamos de um milagre rápido, talvez uma passagem secreta ou algo assim. Eu sei, não estamos em um livro, as coisas não são fáceis assim.

Enfrentar todos esses Mulionianos estava fora de cogitação, ou entrávamos sem sermos notados, ou então morreríamos. Nos afastamos lentamente do local, sem chamar a atenção, cruzamos todo o lado esquerdo, para chegar na parte traseira da torre, rezando para encontrarmos algo que facilite nossa vida. Estávamos tão perto dela, que dava até para tocar, e havia uma porta, mas com três Mulionianos guardando ela.

— Acho que está na hora de testarmos nossos novos brinquedos! — Sussurrei a todos.

— SIM SENHOR! — Minha tripulação responde.

Vivian tomou a frente, e se esgueirando pele escuridão dos  cantos, ele caminhou abrindo caminho, com sua flúon já preparada, chegou por trás dos cascudos e  disparou o primeiro jato, chamando a atenção dos outros, sem perceber Vivian achara seus ponto vital. Nunca havíamos percebido que toda a chama que percorria pelo corpo dos cascudos, vinha de um único lugar, um ponto bem atrás do pescoço, onde as chamas eram mais ardentes. Mas acertar só ali seria complicado

A flúon se mostrou um sucesso, e finalmente estávamos a altura para lutar com os cascudos, mas só um jato não surgiu muito efeito, o fogo se apagara por poucos segundos. Eles gruniram e correram na direção dela, era nossa vez de ajudar, John, Gleorio e eu, corremos até eles, momento perfeito para a manobra 237.

— John! — Esquerda! — Gritei.

Fora preciso apenas isso para que ele entendesse o que eu queria, e rapidamente, foi para a esquerda, levando um Mulioniano, eu fui para direita com outro, e Gleorio ficou com o último. Tentar apagar o núcleo era o que restava. Corri sem saber para onde ir, e a minha frente, estava um beco sem saída, um grande vulcão selava a passagem. Então acelerando com toda velocidade que minha  pernas poderiam aguentar, eu corri, com o cascudo atrás de mim, me impulsionei pelas paredes do vulcão, e saltei com uma manobra evasiva, caído atrás do Mulioniano, que com a repentina mudança nos acontecimentos, não conseguiu parar, dando de cara com o vulcão, e aproveitando que ele estava ao chão, descarreguei toda minha flúon, apagando completamente seu núcleo. Um já foi, só restam setenta e oito mil deles agora.

Rapidamente, corri, recarreguei, e fui para ajudar os outro. Gleorio estava a lutar com o cascudo ainda, então sem ser percebido, cheguei por trás na tentativa de apagá-lo, mas fui percebido. O Mulioniano viera em minha direção agora, mas abaixou a guarda, dando oportunidade para Gleorio e Vivian apagarem seu núcleo. Ele caiu bruscamente, se quebrando no chão. John chegou logo depois, o que indicava que três já eram.

Sem titubear, entramos na torre pela porta dos fundos. Estava escura, seu interior era gélido, e sua atmosfera pesada. Caminhamos apenas um pouco, até nós depararmos com uma escada, e no final dela um grande corredor bem iluminado, preto e azul, nas paredes, tinham pequenas bolinhas espalhadas aleatoriamente. Mas não estavam lá apenas para decoração, eram armadilhas a laiser, e passar por ali estava fora de contexto. Então voltamos, pela mesma escada, para pensar no que fazer.

— Ali! Comandante! Ali. Um duto de ar — Emily é quem diz.

— Perfeito! — Sorri.

— Perfeito nada, eu não vou caber ali!— John reclama. — Vocês miudinhos cabem — Ele diz se referendo a mim e a Emilly.

— Então o que você sugere? —Argumentei.

— Talvez seja melhor nos separarmos!—  Gleorio diz.

— O que? — Todos perguntam em simultâneo.

— Falem baixo! — Ele avisa. — Vocês que cabem, vão por ali, nós três vamos encontrar outra passagem, nos encontramos do outro lado.

Não sei se nos separarmos era uma boa ideia, mas que escolha temos?

— Tudo bem! — Respirei profundamente.

Em seguida John nos ajudou a entrar na passagem de ar, e logo, nós seguimos por ela, andando o mais silenciosamente possível. O caminho era cheio de bifurcações, parecia mais um labirinto. Tomei qualquer caminho que eu achei ser o certo, e seguimos, por quase dois minutos antes de chegarmos a algum lugar.

— Olha! É ele? — Sussurrei parando para olhar a grade — Aquele é o tal Damag?

A grade dava para o salão principal da torre, onde havia apenas um trono escuro e sombrio, no alto de uma pequena escadaria de três degraus.

— Deve ser! Mas o que ele está fazendo? — Emilly sussurra em resposta

— Eu não sei, não dá para ver nada!

A imagem que tínhamos de Damag não era muito clara, mas algo podia ser ouvido, ele estava a conversar com alguém, entre grunhidos e gritos, o nome de Gliatru fora audível, e logo o cascudo se retira. Alguns minutos depois, trás consigo, Gliatru, arrastado pelo chão, com partes dos seus braços queimados pelo fogo dos cascudos.

— Gliatru! — Sussurrei ao vê-lo.

— Depois de tanto esperar! Finalmente podemos conversar! Eu vou querer saber onde aprendeu está língua! — Damag diz ao Gnoriano a sua frente.

— Vai pro inferno! — Gliatru diz com dificuldade.

— Ora! Isso é jeito de tratar seu anfitrião?— Ele sorri — Eu sou praticamente seu irmão mais velho!

— VOCÊ NÃO É NADA MEU! — O Gnoriano se exalta.

— Magoei! — Damag faz cara triste.

O Gílio era sórdido, assim como haviam dito. Qual seriam suas intenções com Gliatru?

— Se vai me matar, faça logo isso, não fique enchendo meu saco.

— Eu não vou te matar! Bom, agora não, estamos esperando visitas, e que tipo de anfitrião eu seria se matasse o nosso convidado de honra?

— Visitas? — Estranha

— Sim, um presente meu para você! Trouxe seus amiguinhos para lhe fazer companhia, não quero que se sinta só — O Gílio diz caminhando até o Gnoriano. — Vai adorar a surpresa. — Termina com um sorriso.

Visitas? Será que ele já sabe que estamos aqui?

— Vá atrás deles! — Ele ordena aos cascudos e logo se retira do local.

Ferrou, nosso plano de passar despercebido fora para o beleléu. Damag havia deixado Gliatru, acorrentado a parede no salão onde estavam, com apenas um cascudo de guarda, era nossa chance. O duto que estávamos, tinha duas saídas, e uma levava exatamente onde precisávamos ir. Caminhamos com cautela até a saída do outro lado do salão, o abrindo com mais cuidado ainda, quando Gliatru nos notou, apenas fiz sinal de silêncio a ele, que nos olhava surpreso, como quem diz — Vão embora daqui! Provavelmente é o que ele vá dizer.

A mira de onde estávamos era certeira, então depois de me certificar de que estava carregada, tratei de descarregar novamente em seu núcleo, o fazendo quebrar ao cair ao chão, em seguida pulei de lá de cima,  e ajudei Emilly a descer.

— O que vocês estão fazendo aqui? —Ele pergunta espantado

Como se não fosse óbvio.

—  Vim comprar um pônei! O que você acha que a gente veio fazer? Cada pergunta em. E fica quieto, me deixa te salvar.

— Você nunca me escuta, né? — Diz com um sorriso.

— Não! — Sorri de volta.

— Deixa para namorar outra hora comandante! Como a gente vai soltar ele?

— Ela está certa! Como pretende soltá-lo? — Damag diz aparecendo das sombras.

MERDA! Eu não tinha pensado nisso.

— Que tipo de criatura estranha é você? — O Gílio fala se referindo a nossa aparência.

No local onde estávamos, nós éramos os alienígenas.

— Solta ele! — Fora só o que consegui dizer.

Ta bem, talvez eu estivesse com um leve medo.

— Soltar ele? — Ele ri da minha cara. — Por que eu faria isso?

— Porquê precisa dele?

— Essa é uma ótima pergunta! Mas primeiro, vamos as apresentações, não queremos ser mal educados, não é? — Caminha até nós, parando no meio do caminho. — Eu sou Damag, lorde de Mulion, prazer em conhecê-los.

— Você é maluco!

— Os melhores são! Alguém disse isso, mas não relembro quem — Ele diz confuso. — Então, vai me dizer seu nome, ou eu vou ter que arrancar sua língua?

— Tão encantador! — Digo sarcástico. —  Igor, meu nome é Igor.

— Me perdoe se pareço presunçoso! — Ele sorri levemente — Mas eu não consigo evitar, eu sou muito bom!

— Damag, por favor, deixa ele ir, você já tem a mim, deixa ele ir.

— Não! Eu vim até aqui para te salvar, e não vou sair sem você.

—  Parece que essa criatura, lhe é muito importante! — Damag diz a Gliatru.

Com apenas um olhar, Damag puxou meu corpo até ele, me prendendo com suas unhas em meu pescoço.

— Não! — Gliatru se debatia nas correntes. — SOLTA ELE!

— Gliatru, tudo bem, está tudo bem.

Damag apenas nos observava atentamente.

— Qual é a sua ligação com essa criatura? — Ele fala apertando meu pescoço.

Nada fora dito, nem nos mesmos sabíamos o que estava acontecendo entre a gente. O clima pesou, apenas olhares confusos eram dados.

— Então? Ninguém me vai contar? Que pena, acho que vou ter que pagar pra ver.

— NÃO! — Grita Gliatru.

Porquê nessas missões, sou sempre eu que me ferro? Eu só pude ouvir Gliatru gritar e se debater, antes de ser atirado com força na parede do lado oposto do cômodo.

— Que merda! — Digo ao chão com dificuldade.

Em questão de segundos lá estava ele, me puxando pelos pés de volta a ele.

— PARA! PARA! DEIXA ELE! EU TO AQUI, DEIXA ELE EM PAZ.

— Parece que estamos tendo resultados, mas ainda não chegamos lá, você ainda precisa de um incentivo extra — Damag sorri. — É melhor se apressar se quiser salvá-lo.

— O QUE VOCÊ QUER DE MIM?

De repente, Damag materializa uma lança feita com a vidraça da janela agora quebrada. Me jogando no chão, ele crava a lança em meu abdômen, me fazendo gritar de dor. Gliatru observava tudo inquieto, se debatia e tantava de todas as formas se livras das correntes. Meu sangue escorreu pelo piso escuro daquela torre, minhas mãos buscavam Gliatru como última tentativa, meus olhos o observavam pela última vez, assustado, catatônico, e então ele explodiu.

— FINALMENTE! — Damag grita e gargalha descontrolado.

Um brilho azul tomou conta de todo o ambiente, e com as mãos ainda na lança, Damag a retirá sem piedade deixando apenas um buraco em meu abdômen.

E foi então que aconteceu...

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