Passo a passo, lentamente se aproximava meu fim[...]
Meus olhos permaneciam fechados, as minhas mãos tocavam o solo árido e quente daquele local, minha vida passava diante dos meus olhos uma vez mais. Alma e coração estavam divididos, uma parte de mim, ficava feliz, pois poderia seguir as flores brancas e rever meu pai outra vez, por outro lado, ainda havia muito a se fazer, muitos espinhos para tirar.
O rosnado da morte se aproximava, a besta quadrúpede com certeza me destroçaria numa só mordida. Mas de repente, nada, um silêncio tomou conta do que antes eram rosnados, me recusei a abrir os olhos, achei que estava alucinando. Só foi preciso uma voz, uma voz muito familiar e tranquilizante para me dar coragem e me fazer encarar o que estava a minha frente.
— Está tudo bem! — Ele diz — Abra os olhos, eu estou aqui com você agora.
— G-Gliatru! — Respirei aliviado
— O que eu falei para você sobre não vir aqui? Eu te disse que é muito perigoso.
— Me desculpa! Foi o único jeito de te ajudar.
— Está tudo bem! Eu não estou bravo — Ele me abraça. — Que bom que cheguei a tempo.
Esse simples gesto, tão repentino, mas que significava muito, palavras eram desnecessárias, o silêncio daquele abraço já dizia tudo. Ambos estávamos aliviados. Eu não queria o soltar, mas foi preciso, Gliatru não queria permanecer naquele lugar por mais nenhum segundo, e logo subimos novamente.
A Praça central estava destruída, Gnorianos por toda parte, se ajudando, cuidando dos feridos e arrumando o local. A atmosfera era triste e o clima pesado, pois os Mulionianos haviam conseguido o que queriam.
— O que vai acontecer agora?
— Precisamos nos preparar para uma possível guerra! Os Mulionianos estão em posse da Gunak-3x. E isso é péssimo. Mesmo ela ainda estando em fase de teste.
— Isso que eles pegaram, o que isso faz?
— É uma arma que meu irmão desenvolveu, achando que os Mulionianos já haviam superado sua fraqueza. Bom, ele estava certo como sempre — Pensando nisso ele criou a Gunak-3x, uma arma desintegradora de moléculas, com cano duplo.
— Incrível, o Gleorio é mesmo incrível — Sorri — Mas como eles ficaram sabendo que ele estava construindo isso? — Estranhei.
— Essa é a questão! Quase ninguém sabia, era um segredo, poucos Gnorianos tinham acesso a ela. Talvez aja um traidor entre nós.
Um traidor? Seria mesmo possível? Por que alguém se aliaria a eles? E como esse Gnoriano consegue se comunicar com tais criaturas? Eram muitas questões, Gliatru apenas me deixou na entrada do salão branco e se foi, havia muito a se fazer, muito a reconstruir, e ainda tinha o problema da barreira, que se mostrou ineficaz.
Os irmãos estavam extremamente ocupados, eram vitais para a sobrevivência de Gnoria, e eu, bom, eu mais uma vez fico do salão branco apenas a observar o trabalho. A tecnologia de reconstrução era automática, mas ainda precisava de alguns Gnorianos para dar os comandos, que podia ser feito de longe. Consistia em vários robôs, pretos e amarelos, podiam operar em varias tarefa a ao mesmo tempo, de suas mãos saíam uma quantidade maior de ferramentas.
Nos éramos desnecessários ali. Apenas Gleorio e mais dois Gnorianos recostruíam o que fora destruído. Gliatru ajudava os outros feridos a chegarem no salão branco para serem tratados, por Gleorio também, já que ele era o médico daqui. Agora você entendeu o que eu quis dizer com "vitais para a sobrevivência"?
Por sorte já o vi trabalhando, e nessa parte médica acho que posso ajudar.
Então peguei o treco transparente que o Gleorio usou em mim da última vez, e comecei a pesquisar, aprender como ele funcionava, e não parecia tão difícil, se você souber falar Gnoriano.
— Merda! — Me decepcionei.
— Está tudo bem! Não se preocupe com isso. Gleorio já está terminando, logo ele vem para curá-los — Gliatru diz entrando no salão.
— Mas eu quero ajudar.
— Você já fez muito, salvou minha vida — Sorrio meigo — Descanse um pouco agora, quando acabar, vou lhes mostrar sua nova casa.
— Casa? — Me surpreendi.
— Claro! Ou você achou que ia morar no centro médico para sempre?
— Eu meio que achei sim — Respondo abaixando o tom gradativamente.
Ele sorrio, seu sorriso era tão verdadeiro, tão fácil de entender, sempre me fazia sorrir de volta; ele se aproxima, anda em minha direção e para a poucos centímetros de mim, apenas me olhando; eu ergo minha cabeça para retribuir seu olhar, então ele se aproxima ainda mais, meu coração disparou, parecia que estava em uma escola de samba, meus olhos se arregalarão e o ar faltou.
— Obrigado por ter salvo a minha vida — Ele sussurra em meu ouvido.
E saí logo em seguida, eu não pude responder nada, e nem sabia o que fazer, soltei todo o ar preso em meus pulmões fechando os olhos quando ele se foi, não por estar aliviado, mas sim muito confuso. Alguns minutos depois, Gleorio aparece para ajudar os feridos.
Eu estava fora de órbita, apenas meu corpo permanecia em Gnoria, minha mente vagava em um planeta incrível e confuso chamado Gliatru.
— Comandante! COMANDANTE! — Emilly grita.
— O Que? Desculpa — Balanço a cabeça.
— O que deu no senhor? Eu te chamei trinta vezes — Ela sorri — Estava pensando no bonitão né?
— Que? Claro que não — Desconverso
— Qual é Jones, não mente para mim!— Vivian se pronuncia
— Onde vocês estavam?
— Ajudando a reconstruir a cidade, não, ajudando não, só estavamos vendo aqueles robôs incríveis trabalharem. Eu preciso aprender a mexer neles.
— É! Tudo aqui é incrível. Isso me lembra que precisamos prestar esclarecimentos a TellStar, eles vão querer uma pesquisa completa desse planeta.
— Aff! É verdade, vamos começar o mais rápido possível, eu vou chamar os outros — Ela diz se afastando — Ah! E comandante; o senhor mandou muito bem hoje — Grita de longe.
Eu não sabia se uma reunião daqui de tão longe poderia funcionar, entrar em contato com a TellStar na terra, de uma galáxia diferente que não chega nem em sonhos até nós. Mas a tecnologia daqui é diferente, com certeza Gleorio tem alguma coisa que possa nos ajudar. Nossa missão se mostrou um sucesso, temos provas de vida alienígena, muito mais do que sonhamos.
— Gleorio, por acaso daria para fazer contato com a terra daqui?
— Contatar seus amigos humanos na terra? Mas é claro, você pode usar a estação de rádio, lá ficam todos os equipamentos de comunicação mais sofisticados daqui.
— Obrigada! — Falo e saio correndo dali.
Chegou a hora de voltar para a missão, não foi a passeio que viemos para cá. Mas confesso, que essa reunião com a TellStar está me deixando um pouco nervoso, tenho receios, porquê conheço os seres humanos, e sei para quem eu trabalho. Meu medo é que exijam um uma prova, um espécime vivo, para possam fazer sabe lá Deus o que. Eu não poderei, eu não irei levar. Nunca.
— Estamos prontos comandante — Emilly fala junto aos outros
— Gleorio disse que tem uma estação de rádio aqui em algum lugar, que nós podemos usar.
— E onde fica isso? — John pergunta.
— Eu não sei, a gente procura. Vamos aproveitar para dar uma olhada melhor no planeta.
— Sim senhor! — Todos respondem.
Cada um subiu em um hexágono, e juntos seguimos a procura da tal estação. No caminho vimos Gliatru e os outros, ele me olhava, lá da Praça, em seus olho brancos continha uma dúvida, a mesma dúvida que rondava em meu coração, também vimos a reconstrução da cidade, o armazém de tecnologia, e algumas coisas mais adiante dele, que víamos pela primeira vez.
O resto da cidade além do armazém não era muito diferente, com prédios gigantes, onde algum deles séria nossa nova morada. Nós rondando para lá e para cá, vimos tudo, mas nada que se parecia com uma torre de rádio, talvez estivemos procurando pela coisa errada, quer dizer, por algo que se parecesse com uma torre da terra, mas não estamos na terra, então se fosse uma estação de comunicação Gnoriana, como você se pareceria?
Resolvemos entrar e ver os prédios próximos, já que não falávamos Gnoriano, só nos restava olhar. Ficamos quase cinco minutos nessa, vimos seis prédios e nada. Até que no último finalmente achamos, e adivinha? Era incrível.
— Comandante, o que um Pato falou para um Gnoriano?
— Como é que é? Não sei.
Estava demorando pra vir as piadinhas sem graça dele.
— Quak! — Ele ri — Entendeu? Porquê os dois falam com AK no final — Ele ri mais ainda.
— Pelo amor de Deus John.
— Ah! O senhor não tem senso de humor. Essa foi original.
— Essa foi péssima.
— Foi mesmo — Emilly e Vivian concordam.
Quando nos deparamos com a estação de rádio, Gleorio não mentiu quando disse que ficavam às tecnologias mais avançadas em comunicação aqui.
— Caraí! Isso é uma estação de rádio para eles? — Emilly pergunta. — Isso faz os laboratórios da TellStar parecerem uma empresa de garagem.
Realmente fazia, não havia nada igual na TellStar, computadores que só se via o teclado, todo o resto era apenas hologramas, fones de ouvido, microfones, auto falantes e radares. Até a mesa era interativa. Não perdemos mais tempo, a parte chata começaria, logo peguei meu Onitrans e pedi a Lil acesso a rede de dados da TellStar.
— Por favor inserir o seu ID e senha — Lil responde
...Id: ***********...
...Senha:********...
— Bem-vindo comandante Jones, aqui está o que me pediu.
Meu id só dava acesso até uma certa parte, por eu ser comandante e técnico de IA, de todos nós, apenas Vivian tinha acesso a rede privada. Mas não era necessário agora. Conectei meu Onitrans ao computador central, e iniciei o contato, foram duas tentativas até aprendemos a mexer naquilo.
Conectando chamada
Chamada iniciada.
— Jones? Finalmente, eu já estava ficando maluco aqui — Ele grita.
— Me desculpa senhor Miller, a missão foi muito complicada, mas conseguimos.
— Onde você está agora? Está tudo bem.
— O senhor não vai acreditar, estamos em um planeta chamado Gnoria-397.
— Então vocês conseguiram mesmo? — Ele fica surpreso.
— Sim senhor!
— Me envia uma cópia do seu relatório, junto com as pesquisas do solo, condição planetária, e amostras de todo ser vivo encontrado.
— O que o senhor vai fazer com eles?
— Isso não é assunto seu Jones, apenas cumpra suas ordens.
— Mas senhor, eles....
Chamada encerrada.
— Acho que perdemos a conexão comandante — John fala ao desligar a chamada — Não importa o que esses merdas que não tiram a bunda da cadeira digam. O que o senhor decidir nós faremos.
— Exatamente — Todos concordam.
— Não vamos entregar nenhum Gnoriano para eles dissecarem, ninguém vai achar esse planeta. Escutem, no relatório vocês vão dizer que as condições desse planeta são precárias, e vida é inexistente. Vamos atrás do solo mais árido daqui e entregar como amostra. Se acharem que é um planeta morto, vão deixar eles em paz.
— Sim senhor! — Respondem em simultâneo.
Pela primeiras eu estava fazendo o que eu achava certo, sem me importar com as ordens, se meu pai me visse agora, será que ele ficaria orgulhoso?
Nós deixamos a estação com um pensamento, esconder Gnoria dos humanos, e faríamos tudo que fosse preciso para preservar essas vidas. Em minha mente já rondava a ideia do lugar perfeito para tirar amostras, mas seria perigoso, e se Gliatru me visse entrando lá sem ele, com certeza ficaria bravo comigo, mas é para uma boa causa não é?
— Vamos descer! Eu conheço o lugar perfeito para pegarmos amostras, mas é muito perigoso, tem criaturas que podem nos devorar com uma mordida só.
— Não se preocupe comandante, eu estou aqui — Vivian se gaba
Adentramos a neblina, para eles era a primeira vez, queria poder mostrar aquela floresta a eles, mas não era a hora para isso agora. Estávamos longe da floresta, aqui tudo era morto, seco e quente. Quando descemos, eles tiveram a mesma reação que eu da primeira vez, querer tocar o solo, sentir essa maravilha era incrível, mesmo que estivesse morta.
— Como o senhor sabia daqui? — Viviam pergunta.
— Eu já desci aqui umas duas vezes com o Gliatru
— Huum! O encontro de vocês foi aqui? Escondidos de todo mundo. Que romântico — Emilly fala.
— Não foi um encontro! E não foi exatamente aqui, foi em uma floresta mas a frente.
— Floresta? Aqui? — John fala.
— Sim! Quando acabarmos eu levo vocês lá.
E assim começou a missão que eu apelidei de esconde-esconde.
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Atualizado até capítulo 23
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