Planeta Gnoria-397

Gliatru, seu nome era Gliatru, irmão mais velho do Gleorio. Um era o completo oposto do outro, Gleorio era cientista e super animado e Gliatru era general do exército e super sério.

Estávamos de volta à sala branca, e Gleorio contava como havíamos chegado lá.

— Gliatru estava em uma missão de reconhecimento, quando viu a nave de vocês! — Ele diz — Então ele os sedou e os trouxe para cá, depois voltou para buscar a nave de vocês, ele estava realmente preocupado.

Apesar de tudo ter dado certo, as notícias não eram boas em relação a nave, estava terrivelmente destruída, e mesmo que estivesse inteira, não teríamos condição alguma de sequer ultrapassar a primeira barreira protetora do planeta.

— Não se preocupe com a nave, iremos conserta-lá para que possas seguir de volta à seu planeta o mais rápido possível — Gleorio garante.

Voltar? Quem liga para isso agora, ninguém em sã consciência pensaria em voltar depois de ter encontrado um planeta super desenvolvido e habitado. Quer dizer, até mesmo os níveis mais elevados de oxigênio daqui se tornam apenas detalhes comparados com o quadro todo.

Detalhe que precisava ser resolvido rapidamente, por enquanto que permanecíamos dentro da sala branca onde os níveis de oxigênio podiam ser ajustados, estávamos seguros, mas dali não passávamos. Imediatamente Gleorio começou a pensar em uma solução para que pudéssemos conhecer o planeta sem maiores complicações.

— Como o corpo de vocês é frágil, e não suporta tanto oxigênio assim, eu pensei em construir um filtro, se baseando no nosso sistema respiratório, que consegue se adaptar a qualquer ambiente. — Ele diz com os olhos brilhando

— Maravilha! E você pode criar isso? — Pergunto incrédulo.

— Claro! É moleza, mas vou precisar de uns fuaks taks para criar quatro desses. Por hora tente não sair muito.

— Fuaks taks?

— Sim, acho que seriam cerca de quatro horas terrestres.

Ele rapidamente saiu correndo animado para construir o tal aparelho, parecia uma criança que acabara de ganhar um brinquedo novo, me deixando sozinho com seu irmão.

O clima não podia estar mais pesado e constrangedor, ambos olhávamos para cantos aleatórios; sem poder dizer uma palavra, até que ele se levanta, e vai até o painel de controle onde Gleorio trabalhava, mexe por uns segundos e pega uma geringonça que parecia uma arma, mas tinha três agulhas na ponta, uma mine tela em cima e um tubo transparente no final, que rapidamente se encheu com um líquido azul brilhante. Depois virou as três agulhas e injetou o líquido nos cabos que percorriam seu corpo, primeiro onde havia três entradas, depois, logo abaixo da boca do estômago, removeu duas das agulhas, e injetou mais uma vez nos outros dois buracos, um de cada lado do peito, com uma entrada só, soltando um gemido baixo de dor.

O líquido percorreu todo o tubo, iluminando toda sua extensão, fazendo seu corpo cair para frente com as mãos apoiadas na mesa, quando finalmente o líquido havia se conectado a seu cérebro ele normalizou.

— Eu odeio essa parte! — Ele diz com a cabeça ainda abaixada.

Então era isso? É isso que o Gleorio fez? Para poder falar minha língua?

— O-o que é isso? — Digo gaguejando.

— Esse é o Oneo-35, escâner de ondas neurais, eu acho. Ideia do meu irmão, pergunte a ele depois.

— I-incrível.

— Você está bem? — O estranho pergunta — O que aconteceu para estarem daquele jeito?

— Cometa, não deu tempo de desviar.

— Sinto muito pela sua nave, nós vamos consertar! Bom, o Gleorio vai.

— Tudo bem, valeu a pena.

Ele sorriu, e isso me fez sorrir também, o tom grave da sua voz era algo incrível de ouvir, soava como música para mim, poderia ouvi-ló falar por horas, mesmo que fosse em Gnoriano.

— Grr grr! — Emilly chega cortando o clima. — Com licença comandante, podemos conversar?

— Você é o comandante? — Gliatru pergunta.

Apenas aceno com a cabeça e ele sai, sem mais nem menos.

— Comandante, o senhor não perde tempo mesmo em — Ela diz sorrindo

— Do que você está falando?

— Qual é comandante, todo mundo viu os olhares que o senhor deu para o alienígena bonitão ali.

— O que você queria mesmo? —Desconverso.

— Nada! — Ela sorri — Só atrapalhar o clima mesmo, eu vim para cá porquê meus pulmões já estavam começando a doer, a atmosfera desse planeta e um pouco pesada, pedi a Vivian e os outros para não ficarem muito tempo lá fora.

— Bom trabalho! E quanto a isso, não se preocupe, Gleorio já está trabalhando em um jeito de podermos sair sem complicações. Apenas aguente mais umas horas até ele voltar.

— Fantástico! Não vejo a hora de saber tudo sobre esse lugar.

Sua animação era contagiante, eu nunca a vi tão feliz assim, com nada na terra. Nós ficamos conversando por um tempo até Viviam e John entrarem também. Não havia outra coisa para fazer, tínhamos quatro horas até Gleorio retornar, então o que fazer?

Uma hora havia se passado, e todos os outros estavam dormindo como pedras, levantei e segui até uma das imensas janelas de vidro que dava a visão do lado leste do planeta, onde tinham mais construções gigantes, e uma especialmente destacada, feita inteiramente de vidro, seu interior era visível mesmo de longe, coberta por plantações e todo tipo de coisa tecnológica, parecia algum tipo de armazém, onde eles guardavam toda sua tecnologia. E paralisado pela inconformidade da beleza desse planeta, nem percebo quando Gliatru se aproxima.

— Então, você é comandante? — Ele pergunta baixinho.

— Sou sim, por quê?

— Você não é meio baixinho para isso? — Ele sorri

— Talvez! — Sorri de volta.

— Assim que puder sair, quero que veja uma coisa!

— O que? — Pergunto curioso.

— Quando puder sair, você verá!

Ele se foi, mais uma vez, me deixando mais ansioso e curioso do que eu já estava.

— Ah! Qual é. Isso é maldade.

Cada segundo a partir daquela revelação passaram martelando em minha cabeça, o tempo era diferente aqui e parecia que não anoiteceria nunca. Em meu relógio marcava seis horas da manhã na terra, o que significava que eu não havia dormido nada, bom, mais ou menos se contar a parte que eu estava sedado, e havia acabado de entardecer em Gnoria quando Gleorio entra correndo na sala.

— Aqui! Desculpa a demora — Gleorio diz hiperativo.

Gleorio estava com um caixa transparente com quatro daqueles objetos losangulares, com cateters nasais que ele havia acabado de construir.

— Eu chamo de FlO², seu novo sistema de filtração de oxigênio, com regulador de intensidade do fluxo e medidor de qualidade do ar, totalmente recarregável e com modo economia de energia, mas lembre-se menos energia significa menos oxigênio.

— Uau! Você é mesmo incrível, fez até propaganda. 

— Ele é portátil, mas se você quiser posso fixá-lo ao seu corpo para não precisa carregar por aí.

— Jura? Seria muito legal.

— Tudo bem! Deve doer um pouco mas nada de mais.

— Eak iak reteak coak ojuak eliak? — Gliatru diz aparecendo logo em seguida.

— Iak! Igor por favor retire seu uniforme e sente-se na maca.

— Aqui? Agora? — Pergunto envergonhado.

— Sim, por favor! — Ele responde apontando para a extensa mesa de ferro no canto da sala.

Eu nunca havia me sentido tão envergonhado antes, se só o Gleorio estivesse aqui estaria tudo bem, mas porquê o Gliatru não sai daqui agora?

Ambos permaneciam esperando que eu fizesse o que ele disse, então segui como uma tartaruga até a maca, Abaixei meu macacão, e tirei minha camiseta o mais devagar que eu pude, sentando de frente para eles; ao me virar para encará-los, ambos estavam com uma expressão surpresa, talvez fosse pelas diversas cicatrizes em meu peitoral e costa, mas essa é uma história para outra ocasião.

Gleorio se aproxima cauteloso, tentando disfarçar os olhares, pega um dos aparelhos, junto com suas ferramentas. Liga o FlO² e o posiciona um pouco abaixo do meu peito, bem na boca do estômago, pega um tipo de chave elétrica e começa a fixar.

— Não se mecha! Eu não quero acertar nenhum órgão importante.

Gliatru não parava de olhar, o que não facilitava em nada. A sensação dos fechos de ferro entrando na minha pele, e se fixando à derme, era algo terrível, essa porra doía mais do que só um pouco, e eram quatro fechos, com duas pontas cada. Eu quase me arrependi de ter pedido isso. Logo após terminar, ele pega uma tela transparente pequena, parecida com nosso Onitrans, digita algo, e em seguida, o escâner começa a administrar um tipo de analgésico, que fizera a dor parar, e a ferida se curar em alguns segundo.

— Incrível!

Eu parecia um papagaio, repetindo incrível para absolutamente tudo nesse planeta.

— Prontinho! agora você já pode sair.

Eu estava realmente feliz, e apesar do incômodo de ter algo grudado em mim, isso era um mero detalhe, que logo eu me acostumaria.

— Como se sente agora? — Gliatru pergunta.

— Eu ainda não sei!

— Vai se acostumar — Ele sorri.

— Impressionante meu irmão! Eu nunca soube que você sabia sorrir.

Gleorio estava realmente impressionado, como se estivesse vendo algo totalmente inusitado, mas Gliatru respondeu com um olhar tão ameaçador que até eu fiquei com medo.

— Não está mais aqui quem falou! Eu só achei estranho, você nunca sorri e nunca vem para cá, e de repente, não saí mais daqui!

Após dizer isso, Gleorio saí correndo gritando por desculpas com apenas um olhar de seu irmão.

— Quando ele sair, eu volto para arrumar os outros — Ele grita de longe.

A relação deles é tão engraçada.

— Não ligue para ele! Quando anoitecer eu venho te buscar.

Apenas concordei e ele saio dando passagem para Gleorio trabalhar em paz.

— Eu ouvi direito comandante? — Vivian diz se aproximando — O SENHOR TEM UM ENCONTRO COM O ALIENÍGENA BONITÃO?

— Não é um encontro, ele só quer me mostrar uma coisa.

— COMANDANTE! — Ela arregala os olhos

— Não! Não é nada disso que você está pensando, sua pervertida.

Ambos sorrimos, mas por dentro eu estava tão nervoso e surpreso quanto ela. Quanto tempo demoraria para anoitecer aqui?

O resto do tempo foi decidindo como cada um queria seus aparelhos, e após saberem de tudo, apenas John quis fixar o seu, Emilly e Vivian optaram por uma pusera fina de pressão que se grudava ao braço, pois elas queriam personalizar as suas. Depois disso, Gleorio surgiu com roupas especiais, dizendo que as noites em Gnoria eram muito frias, e nos entregou um conjunto de camisa e calça, feitos de um nanotecido polimérico de alta densidade, com abertura para não atrapalhar o FlO², e nos proteger das diferenças de temperatura. Agora estávamos totalmente prontos para conhecer o planeta.

Emilly e Vivian foram se vestir em outro lugar, deixando apenas eu e John ali. Começava a anoitecer e eu ainda nem havia colocado a blusa quando Gliatru apareceu, assim como havia dito mais cedo.

— Vamos? — Ele para e olha — Você ainda está assim? — Diz sorrindo.

— Me desculpa, você veio mais cedo do que eu esperava.

— Certo, certo! Me desculpa.

Ele se senta para esperar que eu terminasse de me vestir, e com tudo feito nós saímos.

— Onde nós vamos?

— Você já vai saber.

Gliatru fora em direção a um dos eixos hexagonais que pairavam a sua espera do lado de fora da sala, subiu e falou.

— Você está pronto? — Ele fala estendendo à mão.

Assim que peguei em sua mãos, senti algo estranho, como um choque, e logo imagens invadiram minha mente; cenas nubladas, que em primeira mão, não davam para entender, mas pude ver com clareza, duas pessoas abraçadas, frente a uma janela, em um quarto familiar e aconchegante de madeira. Soltei com rapidez sua mão, e pude ver sua expressão confusa a me encarar.

— O que foi? — Ele estranha minha ação repentina.

— Não! Nada, nada mesmo.

Aquilo me assustou muito, mas tentei disfarçar e logo agarrei novamente sua mão direita; sem nada de novo dessa vez. Logo ele me ajudou a subir, o eixo se iluminou e começou a se mover; era como andar de skate, andar de skate no ar.

— Se segura, nós vamos acelerar!

O impulso da aceleração fez meu corpo desequilibrar e consequentemente se agarrar ao dele, agora grudado em seus braços, me mantenho fixo em seu rosto, ele me olha e então sorri, um sorriso tão meigo que quase faz minhas pernas fraquenjarem. E mesmo não sabendo a distância desse tal local, eu rezava para que ele não chegasse nunca.

Com cerca de oito minutos de viagem, ele começa a descer, e meu frio na barriga só aumentar.

— Não me solte agora, nós vamos atravessar a neblina — Ele diz sério.

E assim foi feito, quando adentramos a neblina, ela era extremamente fria e úmida, e seu comprimento era maior do que o imaginado. Quando atravessamos, revelou seus segredos nunca vistos antes, era como se existisse duas realidades, vivendo em simultâneo num mesmo planeta, separadas apenas por uma camada densa de neblina, e era absolutamente linda.

A penumbra gélida pairava por toda parte, carregada por uma solidão penetrante, com construções abandonadas, plantações mortas e marcas por todo lado.

— Esse é um cenário à muito esquecido, lembranças de um tempo de prisão e sofrimento — Conta com uma voz carregada de tristeza.

— O que aconteceu aqui?

— Não se preocupe com isso agora, eu não te trouxe aqui para contar histórias tristes. Nosso destino está logo à frente. O único lugar desse cemitério de lembranças que ainda se mantém vivo.

Conforme sobrevoávamos aquele lugar, mais nítido ficava às marcas de uma guerra que eu nem me atreveria a imaginar; voávamos em direção a uma luz, que tomava conta de todo o ambiente, conforme nos aproximavam do destino. Ele tinha total razão, era uma floresta viva, em meio a toda essa morte.

Tão linda, tão viva, era simplesmente inimaginável, com plantas bioluminescentes, árvores que não possuíam tronco algum, com suas folhas tão finas e transparentes, flores que pareciam se mexer, e um lago, bem no centro da floresta, um lago roxo bioluminescente, e não, não era algum tipo de microrganismo que causava esse efeito, a água em sua forma mais pura era assim.

— É perfeita! — Falo com os olhos arregalados.

Eu não consegui parar de sorrir, como algo tão maravilhoso pode ficar escondido assim? Mas havia algo de bom nisso, pois só assim o habitat pode sobreviver intacto até hoje.

— Eu posso tocar?

— Claro que pode!

Assim ele desceu, e me ajudou, o solo parecia vivo e era tão gelado, que me fez sorrir ainda mais.

— Eu sabia que ia gostar — Ele diz me encarando — Você fica lindo sorrindo, sabia?

O iluminação natural desse ambiente escuro e abandonado, faz o clima ficar ainda mais perfeito, os reflexos em seus olhos brancos o tornavam ainda mais lindo, e eu me permiti encarar por uns minutos, gravando essa cena em minha mente para sempre.

Para tentar disfarçar a vergonha, caminho em direção ao lago, me abaixando para tocá-lo, a água era tão quentinha e impressionante, ela era.

— Incrível! — Eu disse mais uma vez.

Simplesmente incrível.

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Comments

Fujoshi_raiz

Fujoshi_raiz

runnnnn

2023-04-04

2

Fujoshi_raiz

Fujoshi_raiz

pervertida kkkkk

2023-04-04

1

Fujoshi_raiz

Fujoshi_raiz

Gleorio é o melhor irmão kkkkk

2023-04-04

1

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