BIANCA.
Dulce me conta algumas coisas do patrão dela. O nome dele. Diz que ele é dono de uma empresa e termina de me dar a última colherada da sopa.
Ela sai e manda eu descansar, dizendo que amanhã tudo será resolvido e com certeza estarei melhor.
Me ajeito na cama e fecho meus olhos. Henry Aguiar, agora sei o seu nome.
Pensando nisso, acabo adormecendo.
Depois da primeira noite que acordei aqui, percebo que toda aquela tortura era real. O que não era real era o meu sonho, onde eu o via, o Henry, nele.
Só não entendo o porquê de eu vê-lo no sonho, sendo que na vida real ele não estava lá.
Minha cabeça já está toda no lugar. Não tenho mais a confusão entre realidade e fantasia.
Agora, com mais clareza, lembro de tudo o que aquelas pessoas fizeram comigo. As traições, as ofensas e as humilhações. Tudo isso permanece na minha mente com toda a clareza.
Mas por que vim parar aqui? Por que aquele homem me trouxe para cá?
Cansei de confiar nas pessoas. Mesmo ele me ajudando, não posso confiar. Confiar demais só me prejudicou.
Aqueles que estavam mais perto de mim foram os que mais me prejudicaram. E os nomes deles nunca mais sairão da minha mente.
Olho para meu corpo mais uma vez. Quero ver como está meu corpo depois de todo aquele show de tortura que a Ingrid e o Caleb fizeram comigo.
Tento tirar um pedaço da faixa para ver como está a recuperação da minha perna. O lugar que a Ingrid mais cortou. Ela ia e vinha com a faca em cada parte da minha perna.
Ao começar a desenrolar, começo a sentir uma ardência. Quando desenrolo totalmente, vejo que minha perna está inchada. As cicatrizes da faca não existem mais, só uma cicatriz talvez seja da cirurgia plástica.
Aos poucos vou desenrolando cada faixa de cada parte do meu corpo e vendo todo o estrago agora de cima.
Mas o que realmente me abala é quando eu tiro a faixa do meu rosto.
Em frente à minha cama há um espelho enorme. Posso ver claramente meu rosto totalmente inchado.
Meu rosto... Não pode ser... Não acredito nisso. Estou totalmente irreconhecível.
O desespero me atinge. Eu começo a chorar, gritar, me espernear...
Até que ele e a Dulce entram no quarto.
Dulce vem de um lado da cama e ele do outro, tentando me segurar, já que não paro de me debater.
Ódio! Mil vezes ódio de todos eles. Sem eu perceber, já estou estapeando a coitada da Dulce e o homem misterioso.
— Fica quieta, Bianca. Você só vai se machucar mais.
Ele fala com uma voz calma. Como vou ficar quieta? Com vergonha, acabo cobrindo meu rosto com o lençol.
— Seu rosto não vai ficar assim, Bianca. Esse é o processo da cirurgia. Seu rosto logo voltará ao normal, só terá uma pequena cicatriz. Nem dará para reparar, já que também usaremos uma pomada para diminuir.
— Eu quero ficar sozinha. Eu preciso ficar sozinha. Por favor, saiam. Me deixem sozinha.
Peço, chorando. Estou parecendo uma aberração, ninguém deveria me ver assim.
— Não vamos sair daqui, Bianca. Você precisa se acalmar. Dulce, ligue para o médico agora.
— Nãããão, não quero que ninguém me olhe. Saiam daqui.
Ele fica calado. De repente, sinto a cama cedendo e ele me abraçando, falando no meu ouvido que eu não vou ficar assim. Logo estarei com meu corpo do jeito que era antes. Preciso ter paciência.
Ainda enrolada no lençol, permito-me chorar, e sinto sua mão retirando o lençol do meu rosto e me abraçando mais forte.
Em seu abraço, continuo chorando. Sinto uma picada no meu braço. Quando olho, vejo o médico retirando a seringa e jogando-a no lixo.
— Isso é um calmante, senhorita. Agora vai ficar tudo bem. Sua recuperação está indo bem, a cirurgia foi um sucesso. Só precisa ter paciência, seu corpo voltará ao normal. Isso é apenas parte do processo pelo qual todos os pacientes passam.
Abaixo minha cabeça. Meu corpo não está mais agitado.
Com cuidado, o homem me deita na cama. Antes de sair, ele segura minha mão e peço para que fique aqui comigo um pouco mais. Ele balança a cabeça e senta ao meu lado.
Sem jeito, ele começa a acariciar minha cabeça e logo me faz pegar no sono.
(...)
Agora estou presa novamente no meu sonho, voltando de onde acordei da primeira vez. Onde tudo parecia um mar de rosas, onde eu achava que era feliz.
Porém, dessa vez, me vejo ali, como se estivesse assistindo a um filme sobre a minha própria vida.
Vejo exatamente o momento em que meu pai está no celular. Não consigo ouvir o que ele fala, mas vejo no canto escondido o Heitor com um celular na mão, como se estivesse gravando tudo o que meu pai está dizendo.
Depois que meu pai encerra a ligação, Heitor aparece e suas vozes também.
"Você terá que me entregar a empresa. Se eu mostrar isso à corregedoria e à sua filha, você estará em apuros.
"Não faça isso, Heitor. Não posso simplesmente fazer isso, a Bia vai desconfiar."
"Me casarei com ela, e você passará a empresa para o meu nome."
Vejo meu pai abaixando a cabeça, e eu saio desse sonho.
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Atualizado até capítulo 101
Comments
Imaculada Nova Messias
o processo da recuperação é lento bianca só tem 23 dias que você tá aí é o que sofreu foi bárbaro demais monstruoso 😡😥😎 mas com o carinho apoio e atenção que está recebendo vai da tudo certo
2025-02-22
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Imaculada Nova Messias
você vai ter que ter calma e paciência bianca a tortura que sofreu foi violenta brutal demais 😡 e não vai descontar sua frustração em cima do Henry não ele só esta ajudando você 😥
2025-02-22
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Imaculada Nova Messias
coisa mais estranha bianca você prevê as coisas antes de acontecer 😳 credo que medo minina 😒
2025-02-22
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