BIANCA.
Acordo no meio da madrugada com a boca seca, levanto-me e vou até a cozinha da casa para beber um copo de água.
Minha mente parece que ainda não acordou, sinto que estou em um sonho; minha casa está com sombras estranhas e eu não sei identificar exatamente o que é.
Com medo, deixo o copo na cozinha e subo correndo para o quarto.
Deito-me na cama e cubro minha cabeça com o edredom, apavorada.
Tento chamar o Heitor, mas ele apenas resmunga, sem acordar.
Pego meu celular do criado-mudo e ligo a lanterna, passando pelo quarto todo. Como não vejo nada, levanto-me e acendo a luz, aliviada por não ver nada aqui.
Mas a sensação de não estar na realidade ainda domina meu corpo.
Vou até a cama e olho para Heitor; o celular dele toca com dois toques e para.
Pego o telefone, e na tela tem uma chamada perdida com o nome "cliente".
Ele tem senha, mas se ligarem, posso atender. Espero um pouco e ele toca novamente.
Atendo e fico em silêncio, e a pessoa começa a falar.
— Oi, meu lindo, se atendeu é porque sua mulher não está por perto, não é?
Meu coração gela; olho para aquele ser que está dormindo e agora não tenho como duvidar de uma traição.
— Oi, bebê, não vai me responder? Bom, espero você hoje na minha casa, na hora do almoço. Venha, farei um peru assado com macarrão ao molho branco, do jeito que você gosta. Beijo, gato.
Ela fala de forma sensual e desliga o telefone.
Olho para o celular, inclino-me no parapeito e jogo-o para cima, para que caia lá embaixo e se arrebente.
Entro no quarto, vou até ele, puxo o cobertor do seu corpo com força.
Ele acorda assustado e me olha, esfregando os olhos.
— O que foi, amor?
— Você é um maldito, filho de uma mãe rampeira! Como pode me enganar desse jeito, Heitor?
— Pronto, vai começar de novo com a crise de ciúmes?
Respiro fundo, vou até as coisas em cima da minha estante e começo a jogar nelas.
— Sai da minha cama, sai do meu quarto, da minha casa e da minha vida! Eu não perdoo traição, sempre disse isso para você. Sua "cliente" ligou e vai fazer um almoço maravilhoso para você.
— Tá doida? — ele olha para o criado-mudo. — Cadê o meu celular?
— Tá lá embaixo, é só você ir buscar.
Ele se levanta e vem caminhando até mim, para na minha frente; coloco a mão no rosto e começo a chorar.
Ele vem e me abraça, dizendo que não é nada do que estou pensando, que é minha imaginação.
Empurro-o, eu perdoo tudo nessa vida, menos traição.
Traição não é um erro, é uma escolha. Durante o processo, a pessoa tem a escolha de trair ou não. Se ela optar por trair, não pode dizer que foi um erro.
Até o momento da traição, existe uma conversa, uma paquera, uns toques, um beijo. Tudo isso já faz parte de uma traição. Se ele não entende isso, é porque não sabe o que significa uma vida conjugal de fidelidade.
Depois de empurrá-lo, saio do quarto e vou para o quarto ao lado, tranco a porta e me deito na cama.
Ele bate algumas vezes, mas depois desiste e eu caio no sono de tanto chorar.
Acordo no outro dia com a cara inchada, meus olhos parecem que têm duas bolas de golfe dentro.
Me levanto, faço minha higiene pessoal e saio do quarto para ir ao trabalho.
Ele está na mesa tomando café da manhã e está tranquilo, como se não tivesse feito nada.
Como pode ser tão cínico a ponto de ignorar uma situação dessas? Por que um homem vai atrás de outra mulher, tendo uma em casa?
Passo direto indo para o meu carro e escuto ele me chamar para conversarmos.
Entro no carro às pressas e saio cantando pneus, deixando ele lá na garagem, gritando sozinho.
No caminho para a empresa, tudo começa a se clarear na minha mente. Ele não está comigo por mim, mas pelo que eu tenho.
Apesar de ele não vir de uma família pobre, sua família está na classe média. Pagaram uma boa faculdade de advocacia para ele.
Mas para chegar ao topo e ser bem renomado, precisaria de mim, para conseguir isso.
Com meu pai se tornando juiz, com certeza ele ocuparia o lugar dele. Eu, como besta, deixaria que ocupasse.
Mas, depois do que aconteceu essa madrugada, quem vai ocupar o lugar do meu pai sou eu. Ele vai continuar no cargo em que está, isso, se ele quiser ficar. Se não quiser, mostrei o caminho da saída.
Chego na empresa e meu pai já me pergunta por que Heitor estava ligando para ele, perguntando se eu já tinha chegado.
— Não quero falar disso, pai. Quero falar de outra coisa.
— Está bem, vamos até a minha sala.
Acompanho-o e nos sentamos no sofazinho que tem ali.
— Eu, como sua filha, quero assumir a presidência da empresa. Não quero que coloque o Heitor.
— Quer falar sobre isso?
— Não estou preparada ainda, pai, mas preciso que confie em mim e me dê a presidência.
Ele sorri e me leva até às papeladas; assim que assinamos, ele me dá os parabéns.
Agora sim, serei a superior aqui e não vou deixar ninguém pisar em mim, nem me fazer de boba.
Ingrid entra na sala sorrindo e vem me dando os parabéns.
No entanto, seu rosto não reflete a mesma felicidade que a minha, o que me deixa um pouco desconfortável.
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Atualizado até capítulo 101
Comments
Ivanilde Serra
Será que realmente você acordou? ainda não porque a tua falsa amiga está fazendo a mesma coisa com você!
2024-12-05
0
Imaculada Nova Messias
é uma bruxa ordinária bia é só quer o que é seu 😡 essa encostada sangue suga invejosa zoiuda 👿
2025-02-21
0
Teteia
E só seguir seus instintos e vai enchegar o que seu sexto sentido quer te mostrar.
2024-11-27
1