Bianca
Acordo em desespero e sinto duas mãos em cima de mim, tentando me acalmar. Minha mente parece ficar confusa, não consigo mais entender o que é sonho e o que é realidade.
— Que bom que a senhorita acordou, temos muito o que conversar.
Vejo-o ali parado, olhando-me com seriedade. Suas mãos estão nos bolsos da calça, seu corpo totalmente ereto, olhando para mim sem piscar.
Seus belos olhos azuis são tão chamativos, como o mar. Você se perde dentro deles se olhar demais. Para não me perder, desvio o olhar para o lençol da cama. Tento me levantar, mas ele pede para eu não fazer isso.
— É melhor nem tentar, você passou por várias reconstruções.
Vejo meu corpo com várias faixas, levo minha mão até o meu rosto. Estou completamente enfaixada, apenas com os olhos de fora e a boca.
— Pode ser que você não consiga falar agora, mas eu a tirei daquele galpão, salvei a sua vida. Mais um pouquinho e você não existiria mais.
— Quem é você? — falo com um pouco de dificuldade por causa das faixas em meu rosto.
— A minha apresentação fica para depois, mas eu quero saber de você. Já investiguei sobre a sua vida, sei quem você é e o que faz. Mas quero saber como você chegou àquele galpão.
— Eu confio em você do mesmo jeito que você confia em mim. Se já sabe tudo isso, pesquise mais um pouco.
Ele se aproxima mais de mim. O medo me atinge. Eu nem sei por que sonhei com uma versão diferente dele.
Pois é isso que estou vendo aqui. Não se parece em nada com aquela pessoa que estava me ajudando. Esse aqui parece um homem mais frio, nem mesmo um sorriso ele dá.
— Aqui você só responde o que eu perguntar. Quero saber como você chegou àquele galpão.
— Para falar a verdade, eu não sei. Não sei o que é realidade, o que é sonho na minha cabeça. Minha mente está confusa, não estou conseguindo distinguir o sonho da realidade.
Ele me olha tentando entender do que estou dizendo. Ele passa a mão na cabeça e no rosto, parece que está nervoso ou agoniado com alguma coisa.
— Tem alguma coisa que você não fazia que agora... talvez... você faça? — Balanço a cabeça negando.
Ele se senta ao meu lado e começa a contar tudo o que sabe sobre mim, meu nome, o nome do meu pai e principalmente o nome da minha mãe.
Como ele sabe o nome da minha mãe, ele para de falar tudo o que sabe sobre mim ao perceber que fiquei curiosa com essa parte. Quando abro a minha boca para perguntar, ele me interrompe.
— Logo você saberá de tudo. Agora, você precisa voltar a descansar.
— Quanto tempo estou aqui?
— 23 dias. Já passou por muitas coisas. Então descanse, e com o tempo, conversaremos mais.
— Não, eu não posso. Se isso for um sonho, eu já entendi tudo. Sei o que tenho que fazer para me libertar desse pesadelo.
Com seu olhar curioso sobre mim, minha boca se abre e eu começo a contar para ele todo o meu sonho. Ele se espanta ao saber que ele estava nele.
Ele se levanta da cama e vai até a janela. Eu paro de contar quando acordo dentro do galpão. Mas ele me manda continuar, mas eu não consigo. Não quero relembrar pela terceira vez todo o trauma que meu corpo sofreu.
— Vou dar um tempo para você me contar tudo, mas quero que você entenda. Seu primeiro sonho e o agora são reais. Você esteve 22 dias em coma. Talvez sua mente tenha projetado sua vida antes de você chegar naquele galpão. E como você mesmo disse, você acordou em cima de sua cama sem nenhum sinal de tortura. Já desta vez, você acordou toda cheia de faixas. Então veremos com o tempo o que é real e o que não é.
Ele parece ser um homem bem sério. Não consigo ver um sorriso em seus lábios.
Mas ele está certo, eu preciso entender se agora estou na vida real. Porém, se estiver, vou querer colocar todo o meu plano em ação. Quanto mais rápido me livrar daquelas três cobras, mais rápido estarei livre para fazer tudo o que preciso.
Ele me olha por um tempo e depois sai do quarto. Coloco a mão na minha cabeça mais uma vez e sinto cada parte do meu corpo totalmente enfaixada. Agora o desespero me atinge. Agora eu realmente estou na realidade da minha vida.
Passo os olhos por todo o quarto. Aquela sensação de estar dormindo não tenho desta vez. Talvez essa seja minha segunda chance ou, talvez, a chance de fazer todo mundo pagar pelo mal que me fez. A porta se abre e nela vem chegando uma senhora com uma bandeja na mão.
— Bom dia, senhorita. Vejo que acordou. Que tal tomar um cafezinho da manhã direto na boquinha? — Direto na boquinha? Parece que serei bem mimada aqui.
Balanço minha cabeça para ela e, com toda a paciência do mundo, ela vai ajeitando para que eu tome meu café, já que só tenho uma mão que não está enfaixada.
— Eu não consigo imaginar a dor que você sentiu antes de chegar aqui, mas quero que você saiba de uma coisa. Mesmo com a carranca do patrão, ele é um homem de bom coração. O irmão dele também é um amorzinho. Posso dizer a você que você nunca mais irá sofrer.
— Como a senhora se chama?
— Dulce. Sou a governanta da casa, e o patrão me colocou para cuidar de você e ajudar no que você precisar. Vou trocar seus curativos também, viu?
— Então me conta quem é ele? Como se chama e o que faz da vida?
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Atualizado até capítulo 101
Comments
Rosa
Que loucura,coitada se realmente ela estiver na vida real e não no sonho ela foi muito torturada. tomara que esse homem seja alguém que irá ajudar ela a se vingar de todos.
2025-02-26
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Imaculada Nova Messias
então será que o estranho é parente de sua mãe bianca um dom da máfia 😎🤔?????? porque do seu pai não é senão estaria lá até agora sofrendo mutilações 🤦🏽♀️😒
2025-02-22
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Imaculada Nova Messias
aí você já tá querendo saber demais em bianca o estranho já te disse que vai te contar e fazer as apresentações depois então espera 🙂
2025-02-22
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