cap 8

Bianca

O Heitor não vai para a empresa hoje; deve ter ido comer o pirulitona casa da amante.

Que ódio que estou, eu me iludi demais com esse homem, pensei que ele tinha o mesmo sentimento que eu sentia por ele.

Amar sozinha é tão ruim, dói tanto o peito, sentir que esse sentimento é só você que sente.

Mas, tudo bem, eu não nasci com ele, e vou suportar essa separação, como ela tem que ser. De cabeça erguida.

Saio dos meus pensamentos com alguém batendo na porta. Peço para que entrem, e lá vem ele.

Vem acompanhado de uma mulher e um homem. Fico calada. Vamos ver a desculpa que vão dar.

— Amor, olha, ele é o meu cliente, e ela, a esposa dele. Foi dela que você sentiu o perfume naquele dia.

— E a mensagem de ontem?

— Eu mandei sem querer. Era para mandar para o meu marido.

— Então me fala, o que estava escrito exatamente nela, e o que significa aquilo?

Eles se olham. Parece que não sabem do que estou falando. Isso prova que estão mentindo.

— Vamos lá, quero saber o que significa tudo aquilo.

— Desculpa, senhora. Isso é pessoal. É um código que eu uso com o meu marido.

Seguro o choro. Não quero desmoronar. Está na cara toda a mentira deles. Com certeza, esse casal não tem nada a ver com a mulher que chamou o Heitor para almoçar na casa dela.

— Por favor, se retirem da minha sala. Quero ficar sozinha.

— Acredita em mim, Bia. Eu não te traí.

— Me traiu de novo, ao trazer esse casal aqui. Eles não têm nada a ver com a mulher que te mandou a mensagem. Se fosse ela, ela me falaria o que estava escrito. Não sou tão burra assim, Heitor.

Ele olha para os dois e balança a cabeça para que saiam.

— Bianca, eu te amo. Você é a mulher da minha vida, a que eu escolhi para ficar do meu lado para sempre. Jamais iria te trair. Você é tudo o que eu tenho.

Eu abaixo a cabeça e começo a chorar. Eu o amo demais, e isso está insuportável.

Ele vem caminhando até mim e para ao meu lado, pegando na minha mão.

— Me perdoa se eu te fiz pensar que eu estava te traindo. Mas eu não estou. Você é a única na minha vida.

Levanto o meu rosto olhando para ele. Ele limpa as minhas lágrimas e me abraça.

E eu me perco em seu abraço, retribuindo, apertando-o bem contra meu corpo, deixando todas as lágrimas rolarem.

— Vamos tentar de novo. Prometo que farei diferente. Vamos sair hoje à noite. Vamos nos divertir e vamos fazer amor até ficarmos satisfeitos. Pode ser?

Sorrio para ele e vou tentar dar essa chance de confiança para ele. Só espero não estar enganada com a relação do chifre.

Ele me dá um beijo na testa e sai da sala, dizendo que sairemos juntos na hora da saída.

Resolvo algumas papeladas ali. Agora, saio separando os casos de cada especialidade aqui na empresa.

E os meus casos, deixo embaixo do meu computador, para, na segunda-feira, eu poder recomeçar o meu trabalho.

A hora do final do expediente chega ao fim, e ele está na porta me esperando.

— Vamos passar em casa. Quero que coloque uma roupa bem especial. Quero você perfeita para essa noite.

Fico na ponta dos pés e dou um selinho em sua boca.

Vamos para casa, e me troco. Ele pega na minha mão e dá uma volta, dizendo que fiquei perfeita.

Ele também está muito lindo com uma calça jeans, uma polo. Está todo normal, sem os ternos e a roupa social que usa diariamente.

Saímos e vamos direto para uma casa de shows. A música ao vivo já se escuta da entrada.

Entramos e ele me leva para o bar. Escolhemos as nossas bebidas.

Bebemos e dançamos muito. Ele aparentando ser carinhoso. Mas, de repente, ele muda o jeito de se comportar. Parece que ficou um pouco distante.

— O que está acontecendo?

— Nada. Só fiquei cansado.

— Então, vamos para nossa casa?

— Ainda não. Vamos ficar mais um pouco, tá bom?

Balanço a cabeça confirmando e digo que quero ir ao banheiro. Pergunto se ele pode ir comigo.

Ele diz que está com a perna machucada, e dói quando ele força. Por isso, sentou-se. Eu digo tudo bem e vou caminhando sozinha para o banheiro.

A fila está enorme. Me encosto na parede, esperando a minha vez.

Até que eu vejo o homem parado ali. De novo esse cara. Acho que está me perseguindo já. Isso não é normal não.

Ele vira as costas e vai andando. Saio dali e vou caminhando atrás dele.

Ele sobe uma escada, e eu vou acompanhando ele até ele parar na parte de cima da casa de shows.

— Vou chamar a polícia para você. Isso é perseguição, sabia?

— Quem me perseguiu até aqui foi você, docinho.

Olho para ele desacreditada da sua audácia. E ao vê-lo assim, vejo o quanto ele é lindo.

— Não vamos querer perder o show, não é? Olha como está divertido lá embaixo.

Me debruço no parapeito e olho para baixo. Vejo o Heitor brigando com um cara, e quando todos ali estão só vendo.

— O que? — Me viro para descer, mas ele segura o meu braço.

— Você tem que ver tudo por completo, antes de tomar alguma decisão. Agora, você acha que é só uma briga de dois homens, mas vai além disso.

Volto para o parapeito e vejo os seguranças arrastando os dois para fora e uma mulher de costas os acompanhando até a saída, expulsando os três.

— Tenho que ir lá. Não posso deixar ele sozinho.

— Ele que está te deixando sozinha, meu docinho. Só você que não está vendo.

Olho para ele e vou atrás do Heitor, para que me explique o que está acontecendo.

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