Capítulo 11

Sabe a sensação de ser observada? Quando você não ve, mas consegue sentir um desconforto em cada centímetro do seu corpo. Foi essa sensação que despertou Anastasia, apenas para que a garota desse de cara com um rosto muito próximo do seu a estudando como um espécime. Anastasia gritou e pulou para cima, batendo a testa na do garoto que não foi rápido o suficiente para se afastar.

— Maldição! — O garoto berrou, a mão indo para a testa. — Gustav, ela me acertou. De forma bárbara e cruel, essa humana é um risco para nossas vidas.

Anastasia choramingou, a pancada fez seu cérebro girar como se tivesse sido colocado dentro de uma batedeira. Sua cabeça doía, e toda a baboseira que esse garoto falou fez ela desejar bater a cabeça dele na parede só para cessar o barulho.

— Você não deveria a perturbar enquanto ela dorme. — Foi a resposta de Gustav, ele a observava com diversão no rosto. — Se afaste, Atlas, ou o próximo ataque de fato será bárbaro.

Aparentemente todas as suas intenções assassinas estavam explícitas em seu rosto. O garoto, Atlas, de fato se afastou, ele correu tão depressa para o outro lado do cômodo que chegava a ser cômico.

— Vocês.

Anastasia suspirou, olhando em volta da sala. Os quatro estavam lá; Gustav, James, Cecily e Atlas. Gustav estava sentado na cabeceira da mesa, assim como ontem, o corpo largado como o de um rei, a única diferença é que agora ele usava roupas simples, apenas uma blusa branca de linho enfiadas de forma precária na calça. James estava de pé próximo à porta, o corpo encostado na parede, suas roupas tão elegantes quanto as que Gustav usava ontem; túnica preta, calça preta e botas de couro. Talvez essa fosse a moda aqui nesse lugar estranho, Anastasia não prestou muita atenção no homem ranzinza, mas ele também usava roupas bastante fora de época, apenas não eram tão elegantes quanto essas. Anastasia procurou o olhar de James, encontrando um conforto que não deveria encontrar ali. Ele meio que era seu raptor, mas de alguma forma doentia Anastasia apenas… confiava em James. O olhar dele pousou sobre ela, gentil e apaziguador, capaz de emanar o tipo de paz que a pessoa só sentia no inverno, sentada em frente a uma lareira com um livro na mão e um xícara fumegante de chocolate quente ao lado. Era engraçado como a energia desses rapazes era capaz de revelar muito sobre eles mesmo que ela não os conhecesse, enquanto James emanava o conforto do inverno, Gustav se parecia com o vento brutal e impassível do inverno.

— Eu não sou seu animal, Gustav. — Cecily disse, atraindo a atenção de Anastasia para ela. — Não mande seus lacaios atrás de mim e espere que eu venha correndo.

— Hmmm. — Gustav virou a cabeça para o lado, considerando sabe se Deus o que. — Da próxima vez devo apenas jogar um osso e esperar que você apareça?

Deus, o olhar que Cecily lançou ao garoto fez os ossos de Anastasia tremerem, eles não transmitam nada. Era como uma lâmina afiada.

— Da próxima vez você deveria ter o decoro de se vestir apropriadamente, principalmente na presença de duas damas.

Gustav olhou para o peito exposto, a camisa que não estava completamente fechada não fazia muito para esconder o que havia por baixo. Um sorriso matreiro se formou no rosto do garoto.

— Quando estou na presença de damas elas parecem preferir a falta de roupas.

Os olhos antes vazios de Cecily faiscaram por questão de segundos, chamas muito evidente no olhar dela, mas então ela piscou e desapareceu, seu olhar cinza voltou a ser gelado.

— Você parece confundir a mim e a humana…

— Ei. — Digo, interrompendo a fala de Cecily. — A discussão de vocês parece animada, mas eu tenho um nome, Anastasia.

Cecily sequer desviou sua atenção para a garota.

— Como eu dizia, você confunde e a mim e a Humana Anastasia com uma de suas amantes.

Do lugar onde estava, Atlas soltou uma risada estrangulada. Idiota.

— Por que insistem em se referir a mim como “a humana”? Vocês são o que, deuses?

— As mulheres que eu levo para cama costumam dizer que sim. — Gustav disse.

— Pare de se gabar. — James falou pela primeira vez. — Sente-se, Anastasia. Precisamos conversar.

Anastasia levantou a sobrancelha com desconfiança, mas ela precisava de respostas. A garota se aproximou de mesa, encarou Gustav sentado na cabeceira e escolheu o lugar mais afastado dele que pode. Ela acabou de sentando de frente a Cecily, que também estava a mesa.

— Veja bem, o que temos para falar pode parecer confuso, talvez você não entenda. — James começou.

O garoto caminhou até a mesa mas não se sentou, ele apenas colocou as mãos sobre a mesa e inclinou o corpo para frente. Isso enfatizou as veias da sua mão, não que Anastasia estava prestando atenção, claro que não, mas como parecia atraente. A garota xingou a si mesma, em uma situação como essa ela estava mesmo notando quão atraente era as veias da mão de James?

— Talvez eu não entenda o que? — Ela encarou James, esperando ansiosamente para ele prosseguir.

— Tudo. A situação, onde você esta, nossas escolhas.

— Escolhas desesperada de um povo desesperado. — Gustav disse, seu olhar estava em Cecily, não totalmente a encarando mas como se estivesse vendo através dela. A garota não percebeu, estava ocupada demais observando James falar.

— Um povo desesperado? — Anastasia questionou, cada vez mais confusa.

— Você está em Atlantis, Anastasia. — Atlas disse, ainda do outro lado do cômodo, ele de fato parecia querer distância da garota.

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