Torcendo para que fosse rápida o suficiente, a garota bateu o copo na mesa e o estilhaçou em alguns pedaços, alguns estilhaços cravando em sua mão e fazendo com que sangue pingasse da ferida. Gustav não se mexeu, ele apenas a estudou.
— Não se aproxime! — Anastasia ameaçou, embora sua voz soasse tremida demais para uma ameaça.
Ela levou a garganta um dos estilhaços grandes, o sangue ainda pintando de sua mão que estava tremendo. Então em questão de segundos, entre um pensamento e outro, Gustav estava na sua frente, uma carranca no rosto enquanto encarrava o sangue em sua mão. O olhar do garoto subiu para a marca vermelha em seu braço onde o Cara Ranzinza agarrou antes.
— Isso foi Oliver? — Ele perguntou, a voz muito baixa. Muito ameaçadora.
Anastasia apenas o encarou, sem saber o que responder. Ele claramente estava irritado por sua "encomenda" estar danificada, como se não tivesse causado um galo em sua cabeça na noite anterior.
— Brutamontes. — Ele murmurou.
Em um movimento rápido, Gustav segurou ambos os pulsos da garota e a empurrou até a parede. Seu toque era firme, o suficiente para que ela não conseguisse ir contra, mas não o suficiente para deixar uma marca. Seu rosto estava em branco novamente, os olhos frio anunciando que uma tempestade estava a caminho.
— Não teste a minha paciência, Anastasia. Você é inteligente o suficiente para que possamos ter uma conversa civilizada.
Ele tentou tirar o vidro da mão de Anastasia, mas a garota agarrou firme, de modo que quanto mais forçasse, mais rasgava a pele.
— Anastasia, maldição. — A garota decidiu que iria o ignorar, ela podia passar a noite inteira assim. Em algum momento a falta de sangue iria acabar amortecendo a dor.
Gustav murmurou algum palavrão e então deu um passo para trás, soltando os pulsos da garota. Anastasia afrouxou o aperto no vidro, apenas para levar a mão até a garganta.
— Maldição garota, por que diabos você insiste em tentar tirar a própria vida? Por acaso tem um instinto suicida ou lhe falta faculdades mentais?
Um grunhido escapou de garganta de Anastasia, ele realmente estava surpreso por ela preferir tirar a própria vida após ter sido sequestrada?
— Vá pro inferno! — A garota gritou, irritada demais para temer a morte. — Prefiro tirar minha própria vida do que servir como um objeto para seus fetiches pervertidos!
Gustav ergueu as sobrancelhas, o olhar incrédulo no rosto.
— Objeto... para fetiches pervertidos. — Ele disse, muito lentamente. — Por Ares, não sei onde você adquiriu esse linguajar.
— Vá para o inferno. — Ela repetiu.
Gustav negou com a cabeça, ainda assimilando as palavras.
— Não sei como sua mente a levou até esse raciocínio, estou ofendido por você pensar que eu faria isso. — Ele passou a mão pelo cabelo, bagunçando os fios já rebeldes. — Deixa eu te falar uma coisa, Anastasia; Eu não preciso forçar as mulheres, elas vem ate mim, e eu me divirto muito mais as satisfazendo. Se um dia você vier até a minha cama, será por vontade própria.
Suas palavras era arrogantes, ele definitivamente era cheio de si. Mas Anastasia não se concentrou nisso, ela se concentrou no fato dele parecer realmente ofendido. Sua mente havia ido longe demais? Mas qual outra ideia ela teria, quando suas palavras deram a insinuar aquilo?
— Eu não estou sendo uma vítima de tráfico humano? — Sua voz estava cheia de esperança.
— Por Ares, não.
Foi muito difícil impedir que as lágrimas escorressem, ela estava tão aliviada e ainda sim com medo de seguir essa esperança.
— Então me deixe ir embora, por favor.
Gustav voltou a encarar sua mão, o caco de vidro ainda rasgando a pele
— Solte isso, Anastasia.
Ela o fez, porque de alguma forma seus comandos eram difíceis de ir contra.
— Boa garota. — Ele puxou a camisa branca de baixo do colete e rasgou um pedaço, entregando a faixa a Anastasia. — Cuide disso e sente-se.
Ela se sentiu um cachorro, mas decidiu não retrucar. A única questão que precisava do seu foco agora era a de como sair dessa maldita ilha.
Suspirando como um pai que acabou de lidar com uma criança desobediente, Gustav se sentou na cadeira.
— Em seus "sonhos", você viu outras pessoas, certo? — Ele começou.
Anastasia acenou para o garoto, sua atenção na mão que estava tentando enfaixar, ela não era nenhuma profissional, então só enrolou em volta de mão de forma firme e torcendo para que fosse forte o suficiente para estancar o sangramento.
— Oliver foi até eles, estarão aqui logo pela manhã. Embora não tenha certeza de que Cecily vira, a garota adora ir contra tudo que falo.
— A garota de cabelo vermelho?
— Sim. A princesa ranzinza e orgulhosa de Atlantis.
Os olhos de Anastasia arregalaram, então ela era mesmo uma princesa? E de Atlantis? Sua cabeça só ficou ainda mais confusa, pensando nos fatos que ela não havia dado atenção antes.
— Estamos em Atlantis? Tipo, realmente existe? Vocês são o que, uma espécie de civilização antiga e secreta? Oh! O governo dos EUA, sabe, não sabe? Vocês tem algo a ver com a área 51?
Gustav parecia perdido.
— Seu cérebro vai longe. E eu nem sei o que metade disso significa. Apenas... Vá dormir. Eles estarão aqui pela manhã, como eu disse. James e Atlas sempre foram os faladores, eles explicarão tudo. Não consigo encontrar vontade o suficiente para começar a explicar isso pra você.
James. A menção ao nome dele fez algo com a garota que ela não entendeu.
Dando um claro fim a conversa e a todas as perguntas, Gustav se virou e caminhou até as escadas.
— Seu quarto fica a direta, a primeira porta. Banheiro no fim do corredor. — Com isso, Gustav subiu as escadas, desaparecendo no escuro que estava lá em cima.
No silencio, Anastasia acabou percebendo quão cansada estava. Tinha sido um dia estranho que tomou muito de suas energias. Ela não baixaria a guarda e iria para um dos quartos, ainda não sabia se devia confiar nessas pessoas, não sabia se devia confiar em Gustav. Seria melhor apenas permanecer na sala e ficar atenta.
Anastasia caminhou até a lareira apagada, a imagem lembrando a ela do quão frio estava nesse chalé.
A garota se sentou nas poltronas que haviam em frente à lareira e puxou os joelhos para cima até que encontrasse uma posição confortável. Ela não iria dormir, claro que não, era apenas um descanso, foi o que ela pensou antes de suas pálpebras cederem ao cansaço.
Quando ela acordou no meio da madrugada, seu corpo estava aquecido. O crepitar do fogo na lareira a embalando para o sono novamente.
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Atualizado até capítulo 37
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