Capítulo 9

— Você parece pensativa. — Gustav disse.

Anastasia observou seus trajes, tentando convencer sua cabeça a o enxergar como um assassino.

O garoto parecia mais como um príncipe em seus trajes, botas de couro que brilhavam, uma calça preta e uma túnica preta muito elegante por cima, havia um cinto em sua cintura, como uma espécie de coldre, provavelmente um acessório para guardar sua espada.

— Eu estou em um sonho?

O rapaz girou o líquido em suas mãos, então aproximou dos lábios e tomou um gole. O olhar ainda preso aos de Anastasia sob a borda do copo.

— Um pesadelo, talvez. — Ele respondeu.

— Por que eu estou aqui?

Ele tomou outro gole.

— Na língua dos filósofos? Meio complexo, eles acreditam em tantas baboseiras.

Anastasia suspirou, e então ficou irritada, ele estava fazendo com ela que suspirasse igual sua mãe. Se Gustav não parasse de interpretar o predador brincando com a presa, a própria Anastasia daria fim ao seu sofrimento. Ela poderia simplesmente cortar alguma veia que a fizesse ter uma morte instantânea. Deus, que deprimente, a garota estava mesmo aceitando a morte? Ela não se orgulhava disso.

— Você vai me matar? — Anastasia repetiu a pergunta anterior.

Gustav encarou o copo que Anastasia não havia tocado, então se sentou na grande cadeira que tinha na cabeceira da mesa. Ele secou o copo dele e o deixou em cima da mesa, seu olhar preso em Cecily, mas agora com algo diferente de antes. Até agora, Gustav só havia a encarado com diversão e malícia, como se estivesse brincando com ela como se fazia com marionetes, agora ele estava sério, nenhum traço do que se passava em sua mente evidente no rosto.

— Isso vai depender  de como você agir.

As mãos da garota agarraram o tecido do vestido forte o suficiente para rasgar, então ela soltou com medo de acabar danificando o tecido e não ter nada para usar, mas acabou agarrando novamente, precisando de algo para descontar sua ansiedade.

— De como eu agir?

Ele acenou.

— Eu sou um cara generoso. — Gustav cruzou as pernas e se encostou na cadeira, parecendo um maldito rei no trono. — Se você cooperar, sua vida não corre perigo. Mas você der um passo fora dos trilhos, Anastasia, irei ser obrigado a apresentar a você a minha adaga.

Era um claro aviso.

— Oh, eu preciso seguir todos os seus comandos e então posso viver? — O sorriso que se formou no rosto de Anastasia era tão falso que suas bochechas doeram. Gustav com certeza percebeu isso, mas decidiu ignorar.

— Sim, parece razoável, certo? É assim que as coisas funcionam.

Seja qual fosse esse maldito jogo onde Anastasia se enfiou, ela não iria participar. Sem chances, o desgraçado claramente a queria como sua escrava, uma serva. Graças aos livros que leu, a cabeça da garota estava cheia de histórias de tráfico de mulheres idiotas ricos e doentes da cabeça que sequestravam mulheres apenas pelo prazer de tratar uma vida como se fosse um objeto para satisfazer suas vontades. Ela fechou os olhos, contendo as lágrimas que ameaçavam transbordar, não era o momento para chorar, não na frente dele. Deus, como ela queria seu pai. Fazia semanas que ela não o via, ela não queria morrer sem se despedir dele. Mas a garota precisava ser realista, no lugar onde estava não havia chance de fugas, não quando tudo que a cercava era o oceano, e ela se recusava a servir de escrava para os desejos sombrios desse bastardo. Ela ainda não conseguia montar o quebra cabeça do que aconteceu no barco, mas tinha certeza de que sua situação no momento era a de um tráfico de humanos. Talvez tudo que ocorreu foi planejado com antecedência, talvez eles colocaram droga em suas bebidas para confundir a cabeça. Ela tinha sido a única vítima? Evie estava segura? As lágrimas lutaram para sair, mas Anastasia as controlou. Também tinha os sonhos, Anastasia não conseguiu conectar eles ao que estava acontecendo, sua cabeça ficando apenas mais confusa quanto mais ela pensava.

A garota olhou ao redor em busca de uma arma, o copo na sua frente chamando sua atenção. Muito calmamente, Anastasia pegou o copo com o líquido. Gustav levantou a sobrancelha, sem acreditar que ela realmente beberia o líquido. Com uma respiração profunda, Anastasia se convenceu de essa era a escolha certa a fazer, ela não voltaria atrás.

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