Capítulo 8

Ela havia se enganado. Não era uma ilha, quer dizer, não uma ilha abandonada no meio do nada igual as que os naufragados acabavam vivendo em filmes, essa era bastante civilizada, quase como uma cidade em cima do oceano. Ela podia ver o oceano ao longe, um mar de escuridão que se estendia por vários kilometros causando arrepios na nuca de Anastasia sempre que ela olhava, também era possível ouvir as ondas brutais batendo contra as pedras ao redor da cidade. A questão que não saia de sua cabeça era; onde diabos estava a cidade? Eles estavam andando a horas e nunca pareciam se aproximar da cidade. Já era escuro, a lua brilhava no céu iluminando o caminho deles e Anastasia não pode ver nenhuma luz de casas ou postes enquanto olhava ao redor. Onde diabos ela estava?

O cara de rosto severo tinha feito a cortesia de a colocar no chão agora, quão gentil da parte dele, certo? Que pena que a gentileza dele não estendia a conversas, durante todo o caminho o homem se recusou a responder quando Anastasia falava, sempre grunhindo como um animal ou apenas a lançando um olhar mal humorado. Anastasia estava assustada, ela tinha tantas questões. Eles iam matá-la? Ela esperava uma morte rápida. Onde estava sua mãe, Evie, e o resto das pessoas do barco? E o que diabos havia acontecido no barco? Sua mente estava começando a considerar a assustadora ideia de que isso não era apenas um sonho, a dor em suas pernas devido a caminhar por horas seguidas parecia real demais para um sonho.

— Se apresse, humana fraca. — O homem ranzinza agarrou seu braço, forçando seus pés a se moverem tão rapidamente que cada músculo em seu corpo gritou em protesto.

— Ei! Me solta, eu já estou andando. — Que idiota, ele se sentia tão superior ao ponto de chamá-la de "humana fraca"? ele era o que, a porra de um Deus?

Anastasia tentou se soltar, murmurando protestos e puxando o braço de seu aperto, mas foi inútil, a mão do homem permaneceu firme em seu braço. Os passos do homem só cessaram quando ele se aproximou de um chalé rústico, parando em frente à porta do mesmo e liberando Anastasia de seu aperto. A garota respirou fundo, recuperando o fôlego e contendo a vontade de se jogar no chão e descansar. Ela encarou o chalé, apenas uma luz fraca saia pela janela desgastada das janelas, parecia um local assustador, as árvores enormes em volta dele só reforçava a estranha vibe de filme de terror. Anastasia considerou suas opções, ela tinha certeza de que não sairia viva caso entrasse nesse chalé, dava basicamente pra sentir no ar as almas torturadas das outras pessoas que morreram ali nesse chalé, gritando para que ela corresse o mais rápido que pudesse. Eles estavam em uma colina, então talvez uma fuga seria fácil já que tudo que ela precisava fazer era descer. Mas e depois? Era a porra de uma ilha, para onde ela correria? Para o mar? Anastasia odiava o mar. Quão irônico, ela acabou presa entre a vida e a morte em um lugar cercado por oceano, seu destino estava selado e isso a fez sentir náuseas.

— Vamos lá, pare de analisar suas rotas de fuga. Ele a pegaria antes que você desse um passo.

A náusea em seu estômago apenas piorou, temendo o que esse cara faria com ela. Que modo dramático ela encontrou para morrer.

O homem ranzinza acenou para que ela começasse a andar, e Anastasia se apressou para que ele não agarrasse seu braço novamente. Quando chegaram na porta, o homem abriu e a empurrou para dentro. A garota piscou, adaptando seus olhos a fraca luz das velas e tentado reconhecer o covil onde havia se enfiado.

— A encomenda está entregue. — A voz do homen ranzinza soou em suas costas.

Encomenda, que gentil da parte dele. Anastasia travou a mandíbula, convencendo a si mesma que não era uma boa escolha o amaldiçoar. Ela tentou se concentrar no covil, era... sombrio. Eles estavam em uma espécie de sala, tinha uma mesa de madeira desgastada no centro dela, algumas cadeiras igualmente desgastadas ao redor dela, as paredes eram de cimento com janelas altas, sem chance de pular a janela, legal. Alguns lampiões estavam estrategicamente posicionados nas paredes, e havia uma grande lareira, ainda com algumas cinzas dentro dela, a parede logo acima estava escura, possivelmente por causa da fumaça, e ao lado da lareira havia uma escada que levava para o próximo andar. E lá estava ele. No último degrau da escada, a única coisa elegante e arrumada no lugar. A respiração de Anastasia gaguejou no peito, de repente ela achou muito difícil respirar, igual acontecia nos seus ataques de asma. Anastasia conhecia esse homem, ele era o mesmo que ela viu em seus sonhos. Gustav, o cara assustadoramente bonito que o acertou na testa. Ela automaticamente levou a mão a testa, sentindo o pequeno galo que havia se formado ali. Os lábios de Gustav se curvaram em um sorrisinho enquanto ele observava onde a garoto colocou a mão. Certo, se isso era sonho, ela ainda não havia acordado. Toda a conversa com Evie não havia acontecido de fato, ou havia? Sua cabeça estava confundindo o que era real ou não. Mas havia algo bom no momento, ela conseguiu lembrar de todos os sonhos. Os que teve com James, A princesa Cecily, o garoto de cabelo bagunçado e Gustav. Ela se lembrava de cada detalhe deles. O medo que ela sentia só aumentou ao lembrar do quão perigoso ele parecia em seus sonhos anteriores

— Você é o garoto que continua aparecendo em meus sonhos. Você me acertou.

O pequeno sorriso em seu rosto alargou, um brilho felino em seus olhos, olhos que ficaram preso nos de Anastasia por alguns segundos antes dele desviar. O garoto desceu o último degrau da escada, se apoiando na parede ao lado.

— Garoto dos seus sonhos em?

— Você me acertou. — Ela repetiu.

— Sim, bem. — Ele deu de ombros. — Não foi pessoal.

— Causou um hematoma.

— Sério?

Ela acenou.

— E uma dor de cabeça insuportável. — Anastasia se interrompeu, falar tudo o que brotava em sua cabeça não era exatamente forma certa de falar com o seu assassino.

A ignorando, Gustav virou as costas para a garota e caminhou até o armário de aparência precária. O garoto abriu a porta do armário, as dobras enferrujada fazendo barulho e reverberando no local silêncio. Anastasia leu livros o suficiente para saber que ele estava fazendo isso de propósito, uma espécie de tortura psicológica para que a manipulasse a falar, ela só não sabia o que ele queria que ela falasse. Anastasia não tinha feito nada para esse cara, ela sequer o conhecia fora de seus sonhos! Mas ela caiu, igual um patinho, pois Anastasia estava desesperada e com medo.

— Você vai... — Sua voz falhou, o medo como uma bola entalada em sua garganta. — Você vai me matar?

Gustav permaneceu em silêncio. Ele pegou um frasco com um líquido marrom de aparência questionável e dois copos na prateleira e fechou a porta, o barulho das dobras preenchendo o local novamente. Muito concentrado no que estava fazendo, o garoto serviu os dois copos com o líquido questionável. Ele empurrou um direção a Anastasia pela mesa, algumas gotas espirrando na mesa. Ela encarou o copo com uma expressão de nojo, sem chances de uma gota disso entrar em seu estômago.

— Isso é o suficiente pra mim, estou saindo. — Era a voz do homem ranzinza. Ela vai ouviu seus passos pesados em direção a porta, até a voz de Gustav o interromper.

— Oliver, vá até os outros.

— Honestamente, Gustav. Você não pode simplesmente mover sua bunda e ir atrás deles? "Ah, pegue a garota" "Ah, observe Cecily" "Mande um recado para James". Toda a conversa pomposa desse povo do castelo está me deixando doente. — Seu rosto se contorceu em uma carranca, deixando muito evidente de que ele não suportava essas pessoas a quem se referiu. Anastasia sentiu pena deles, ela não queria ser objeto de ódio desse homem.

— Oliver. — Apenas uma palavra. Um comando claro.

Com um rosnado muito semelhante ao de um animal, Oliver resmungou alguma coisa e saiu pela porta. O coração de Anastasia gaguejou no peito, se Oliver parecia assustador, Gustav era o diabo. Toda a estrutura grande de Oliver e seu rosto duro denunciava quem ele era, como um aviso para todos correrem. Mas com Gustav? Como saber que deveria correr, quando ele parecia tão lindo e angelical por fora? Tudo no garoto gritava perigo, é claro, sua aura exalava coisas ruins, mas a aparência dele acabava confundindo sua mente. Anastasia nem o conhecia direito e de alguma forma sabia que ele era um cara mau. A ideia de ficar sozinha com ele a noite em um local deserto era assustadora.

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