A garota caminhou pelo pequeno corredor que levava a diferentes áreas do Navio, passando reto pela porta onde todos estavam reunidos na área de lazer. Ela se retirou dos aposentos fechados e saiu para o convés, o vento imediatamente sacudindo seus cabelos e desprendendo vários fios da trança. Anastasia ignorou a decepção ao olhar ao redor, por algum motivo besta ela meio que esperava encontrar James ali. O mero pensamento do nome dele a fez sorrir. James, era um nome bonito. Trazia uma sensação de nostalgia. Talvez ela leu um livro que o personagem se chamava James? Provavelmente, era por isso o carinho ao dizer o nome.
O som de vozes abafadas podiam ser ouvidas ao fundo, barulho de talheres, uma mesa ou cadeira mexendo, passos das pessoas que trabalhavam no navio. Uma cacofonia de sons que junto ao som leve do vento, causava uma combinação estranha. Com passos cautelosos, Anastasia caminhou até a proa do Navio, a sensação do vento no rosto era agradável, a lembrava de liberdade. Sim, o vento era a descrição mais precisa de liberdade. Quando a garota abaixou o rosto para o oceano, se deparando apenas com azul, tanto azul, seu estômago embrulhou instantaneamente, uma espécie de pressão se formando no peito. Anastasia respirou fundo e deu alguns passos para trás, puxando algumas golfadas de ar e tentando se controlar, ela não entendia esse desafeto que insistia em ter com o mar, porque isso com certeza era desafeto, não medo. A garota levantou o olhar e encarou o céu, estava em um tom azul claro e totalmente brilhante devido ao sol. Sua respiração voltou a ficar uniforme aos poucos, enquanto seu olhar ainda estava preso ao céu, quando algo chamou sua atenção. Ela apertou os olhos, tentando desvendar o brilho que estava vendo no céu. Uma constelação? Não, não era possível ver constelações durante o dia, ela pelo menos pensava que não. Mas o que era aquilo se não uma constelação? Pontos brilhosos estavam espalhados em uma parte do ceu, quase formando um... Um desenho. Ela olhou, boquiaberta o aglomerado de estrelas em forma do desenho que havia desenhado outro dia. Mas não era todo o desenho, só aquela parte uniforme uniforme, desgastada e borrada que ela notou.
Um calafrio passou pelo corpo da garota, arrepiando todos os pelos do seu braço. Que diabos? Ela olhou para frente, só para perceber que havia uma neblina cobrindo sua vista. O ventou havia parado. A luz sumiu, o céu se tornou nublado, era uma tempestade se formando? Não, costumava ventar em tempestades. Anastasia olhou para trás, pronta para voltar para os aposentos do navio, apenas para se surpreender com o estranho tom de cinza que as coisas tinham, como uma memória antiga. A aura do lugar a assustava. Toda a vida que ela tinha ouvido antes? Tinha desaparecido, evaporado.
Anastasia voltou a encarar a neblina, percebendo que estavam a atravessando. Então aconteceu, como um estalo em sua cabeça, a sensação de que uma caixa pandora havia se desbloqueado. Ela se sentiu com 100 anos, como se tivesse vivido inúmeras vidas e carregasse anos de sabedoria. Anastasia não conseguia explicar. Era uma sensação muito parecida com a de atravessar o tempo, o espaço, estar fora do lugar e o mesmo tempo encontrar pela primeira vez o seu real lugar. Era confuso, sua cabeça voltou a doer. A neblina começou a sumir, aos poucos a cor voltando ao mundo, o que diabos tinha acabado de acontecer?
O barco estava parando, perdendo a velocidade, e só então Annie percebeu que estavam se aproximando de uma ilha. Mas como havia uma ilha ali? A garota não era expert no assunto, mas dominava um pouco geografia, não havia nenhuma ilha nos mapas. Quando o barco parou completamente, Annie caminhou em direção a porta para perguntar sua mãe o que estava acontecendo, mas o barco... Ele estava diferente, desgastado, quase como se fosse desabar a qualquer momento, como se tivesse passado anos no fundo do mar. Novamente, o que diabos estava acontecendo? Anastasia estava ficando maluca, era isso? uma pegadinha da sua cabeça? Ela caminhou até os aposentos novamente, indo direto até a sala onde todos estavam reunidos. Não havia mais uma porta, as janelas estavam quebradas e as coisas pareciam enferrujadas, móveis com aparência antiga completamente destruídos.
— Ok, Anastasia. Você deve estar dormindo ainda. Talvez isso seja uma paralisa do sono, certo? Sua cabeça a enganou e a fez acreditar de que você tinha acordado, mas você não acordou. Isso é apenas um sonho, algo criado nas profundezas do seu cérebro extremamente criativo.
Isso a fez respirar mais levemente, era claramente um sonho, fazia total sentido. Ela só precisava descobrir como acordar, ou esperar até que seu cérebro a acordasse. O som de vozes chamou sua atenção, fazendo com que a garota corresse até a proa do navio, curiosa para saber de quem se tratava. Ela colidiu contra algo, interrompendo seus passos. Anastasia levantou o olhar e percebeu que era um homem. Um homem muito alto, e com uma carranca no rosto. Ela não o conhecia, por que ele estava em seu sonho? Não era coisa boa ter visitantes, geralmente em suas paralisias do sono todo mundo se revelava um monstro e tentava a matar. Ele respirou fundo, tentando se acalmar, só pioraria a situação caso sentisse medo. Levantando seu queixo, Annie o encarou no que esperava ser uma expressão dura do tipo "Não toque em mim."
— Quem é você, o que faz no meu navio?
Ele a encarou por alguns segundos, a avaliando. Então ignorou sua pergunta, deu meia volta e caminhou até a grade do barco. Anastasia permaneceu aonde estava, questionando o que deveria fazer a seguir.
— Não me faça perder meu tempo. — O estranho disse ao notar que ela não havia saído do lugar. Sua voz era áspera, grosseira assim como seu rosto. — Venha, ele está te esperando. E não costuma ser generoso com atrasos.
Ele? Quem era "ele"?
— Quem é Ele? — Ela pronunciou seus pensamentos.
— Venha e você descobrirá.
Uma cobra. Usando a curiosidade para atraí-la.
— Boa tentativa.
— Senhorita. — Ele começou, claramente irritado. — Não me faça usar uma espada e carregá-la a força.
Só agora ela notou o brilho de uma lâmina ao lado do corpo do homem. Ah, claro que seu cérebro criaria homens medievais com espadas, ela precisava parar de assistir dramas de época.
— Isso é grosseiro da sua parte, eu tenho pernas.
— Então as use.
Anastasia permaneceu em silêncio, se recusando a dar um passo. Era algo estupido de se fazer, ele tinha uma maldita espada, mas seu sonho era mais estupido por pensar que a garota correria até a morte de bom grado. A moça olhou ao redor, procurando por qualquer tipo de arma que a desse vantagem por tempo o suficiente para que pudesse o acertar e correr. Uma moldura presa na parede chamou sua atenção, era um quadro que um dia c certeza valeu um bom dinheiro mas que agora estava caindo aos pedaços, a arte nele completamente apagada. Bem, ele parecia pesado e seria útil para um golpe contra a cabeça. Percebendo seu olhar preso no quadro, o estranho deu um passo em sua direção, a mão segurando o cabo da espada em sua cintura, um claro avisou que disparou alarmes de alerta na cabeça da garota. Merda. Ela caminhou em direção a grade, observando o estranho com o canto do olho, ela não tinha chances contra ele, nem mesmo com um quadro mais velho que os monarcas de seu país.
Quando Anastasia chegou a grade, ela observou a areia a alguma distância. Ele queria que ela pulasse? Era areia, mas e se a garota acabasse se machucando? Percebendo sua hesitação, o homem simplesmente agarrou sua cintura e a jogou em seu ombro.
— Ei! Você disse que não me agarraria se eu andasse! — Anastasia esperneou, chutando e socando enquanto tentava se livrar, ele tecnicamente nunca disse isso, mas idai?
— Quieta. — Ele murmurou, a voz ranzinza. — Por que aquele bastardo continua me metendo em situações assim? Idiota arrogante, venha e cuide do problema você mesmo.
Ele estava falando que ela era um problema? Oh, uau. Anastasia mordeu a língua para não xingar a ele e seu maldito chefe aparentemente preguiçoso, o único problema aqui era eles, a sequestrando contra sua vontade.
Depois de amaldiçoar quem quer que fosse, o garoto pulou. Sem drama, a distância era de basicamente uns 5 metros, mas ele caiu em pé na água rasa como um maldito gato. Ele sequer cambaleou, apenas continuou caminhando completamente inabalável com Anastasia ainda em suas costas como um saco de batatas.
— Você pode me colocar no chão.
— Mais uma palavra, e eu te coloco pra dormir.
Raiva preencheu a garota, quem era o idiota arrogante agora? Ela permaneceu em silêncio, enquanto planejava inúmeras formas de assassiná-lo.
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Atualizado até capítulo 37
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