Capítulo 4

— Acha que ela esta viva?

— Claro que ela esta viva, Atlas. Não seja estupido. — Era um voz feminina.

— Nunca se sabe, olha o estado da pobrezinha.

— Ogro, não se fala da aparência de uma garota enquanto ela está dormindo.

Anastasia se esforçou para abrir os olhos, sua cabeça pesava. Seu corpo parecia estar sendo sacudido e virado do avesso, embora ela tivesse certeza de que estava imóvel. Ao abrir os olhos, a primeira coisa que ela viu foi desenhos. Lindos desenhos, incrustados no teto. Era um teto extremamente alto, parecia ser de mármore. Ela sentiu dó da pessoa encarregada por limpar. Parecia ser uma pintura grega, muito provavelmente do deus Poseidon. Quer dizer, o homem segurava um tridente na mão enquanto o mar se levantava de forma ameaçadora ao redor dele. Só podia ser Poseidon.

Ela examinou o resto da sala, percebendo que toda a estrutura ao seu redor era grega. Ela parecia estar em um aposento extremamente antigo, o que significava que definitivamente não estava no navio.

Pânico a tomou, ela não estava no navio. Anastasia se sentou apresada na espécie de cama em que estava. Não pode deixar de notar que os lençóis pareciam extremamente chiques, era uma cama digna de um imperador. Ela encarou as pessoas ao seu redor, provavelmente os donos da voz que tinha ouvido antes. Seu olhar pousou em uma garota que provavelmente era a garota mais linda que ela já vira. Seu rosto era todo ângulos perfeitos, um nariz perfeitamente empinado e os lábios em formato de coração. Os cabelos vermelhos, com cachos completamente esvoaçantes a dava uma beleza adicional, capaz de ser notada de longe. Os olhos cinza a encaravam, mas pareciam completamente desinteressados. Ela seria ainda mais bonita se não estivesse com uma carranca no rosto, o que Anastasia imaginou que era quase constante. Desesperada para quebrar o contato, porque essa garota era extremamente intimidante e fazia os ossos de Anastasia tremerem, ela desviou o olhar para segunda voz, provavelmente o garoto que ela ouviu a insultando sua aparência. Se ela não estivesse se sentindo exausta, diria que ele não estava muito melhor que ela. Seu cabelo loiro dava a entender que ele tinha acabado de levar um choque, ou ele simplesmente não costumava o pentear. Ele também era bonito, embora não parecesse fazer nenhum esforço para tal coisa.

Então seu olhar pousou no garoto de antes, aqueles olhos azuis estavam a encarando. O que James estava fazendo ali? E onde ela estava?

— Aonde... — Sua garganta estava seca, parecia queimar. — Aonde estou?

— Lost Atlantis. — Pronunciou a garota. Ela pareceu perceber o desconforto de Anastasia, pois a ofereceu um copo de água. Agradecida, a garota pegou e fez um aceno com a cabeça antes de virar o copo todo de vez, quase suspirando com o alívio imediato.

Lost Atlantis? Talvez ela estivesse em alguma ilha no oceano Atlântico. Ela soltou um risinho, maravilhada com a referência a Atlantis.

— Como eu vim parar aqui?

Nenhuma resposta.

—Onde esta minha mãe?

Novamente, ninguém respondeu.

— Quem são vocês?

— Pelos Deuses, Anastasia, você tem muitas perguntas. — Murmurou o garoto loiro, parecendo divertido.

Ela franziu o olhar, ele sabia seu nome? Ela tinha certeza de que nunca o havia visto.

— Como você sabe meu nome? — ela perguntou, desconfiada.

— Você é famosa por aqui. — essa foi toda a resposta do garoto, deixando Anastasia ainda mais confusa.

Onde exatamente era "aqui"? E pelo amor de Deus, quem eram essas pessoas? Ela se virou para o garoto de mais cedo, meio que em busca de apoio.

— Não de ouvidos ao Atlas. — Ele disse, indicando o garoto loiro.

Annie apenas acenou com a cabeça, não sabendo muito bem o que falar.

— Quem são vocês? — Ela repetiu, sua pergunta redirecionada a James, o único que parecia disposto a lhe dar respostas.

— Amigos.

Ela arqueou as sobrancelhas.

— Onde eu estou?

— Em um barco. — Respondeu a garota de cabelos vermelhos.

— E você é?

A garota apenas a encarou, como se estivesse observando um rato desprezível que teve o azar de cruzar seu caminho. Caramba.

— Ela é Cecily. Ignora o hábito dela de nos encarar como se fôssemos meros mortais. — Atlas disse, lançando um sorriso provocativo na direção de Cecily.

Anastasia se levantou, ainda sentindo a cabeça girando. Só agora, ela percebeu que a garota vestia roupas estranhas. Um vestido estilo medieval, daqueles que provavelmente era usado em festas. Era de um tom lindo de azul, e incrustado em detalhes dourados. Um pequeno pingente de floco de neve chamou a atenção de Anastasia, era a única coisa delicada em relação a Cecily.

— Combina com seus olhos. — Anastasia disse antes que pudesse se conter. Cecily desviou o olhar, colocando a mão no pingente como se para o esconder. James lançou um olhar para Anastasia, que parecia dizer para ela não se importar com a atitude da garota.

— Isso é algum tipo de peça? Vocês são atores? — Ela percebeu que as roupas que os garotos vestiam também tinha um toque da era medieval. — Sinto muito por ter atrapalhado a gravação. Agora, eu quero voltar para o meu navio.

Silêncio. Por alguns minutos, todos na sala a observaram em silêncio.

— Sinto em dizer. — Uma voz sombria preencheu o lugar, fazendo Anastasia voltar sua atenção para o dono. Ali das sombras no canto da sala, surgiu um rapaz. O sorriso que ele ostentava em seu rosto fez Anastasia sentir calafrios. — Mas isso está fora de questão.

Deuses, onde ela tinha se enfiado? Talvez fosse uma boa opção começar a gritar por socorro. Como exatamente ela foi parar ali? A última coisa que garota lembrava era de ter se deitado para dormir, e quanto tentou vasculhar a mente em busca de outras memórias, tudo que encontrou foi uma neblina confusa. Talvez fosse um sonho, os pensamentos costumam ficar confusos em sonhos, certo? Mas tudo parecia tão real.

Ignorando todos os seus instintos que a mandavam correr dali, gritar ou cair no chão e chorar, Annie permaneceu em silêncio. Ele esteve ali o tempo todo, mas agora que ela sabia sobre sua presença, parecia que o ar tinha de repente ficado pesado na sala. O estranho carregava consigo uma aura que gritava "perigo". Sem julgamentos, mas ele com certeza não era um bom homem. Quando ele finalmente saiu das sombras e se aproximou, os calafrios nas costas de Annie aumentaram. Ele era bonito, um homem muito bonito. Mas ao tempo que James tinha uma beleza convidativa, ele tinha uma beleza assustadora. O cara era a definição de um maldito oximoro. Algo hipnótico, como aquelas plantas coloridas que você encontra na natureza, que o atrai e então você descobre que é extremamente venenoso, mas aí já é tarde demais. Seus olhos também remetiam ao oceano, assim como os de James, mas os dele eram verdes. Como o mar verde por causa das inúmeras algas, de repente, Annie nunca mais veria algas como algo desinteressante, não depois desses olhos. Ela nunca viu um tom de verde tão vivo. O cabelo dele era preto como piche, tão intenso que a fez pensar se sua mão ficaria manchada se passasse a mão. Não que ela fosse fazer isso. Ela manteria passos de distância desse garoto. Quando ele saiu completamente das sombras, a garota pode ver que ele tinha uma cicatriz que ia da sobrancelha até metade da bochecha. Isso não o deixava menos bonito. Parecia antiga, será que ainda doia? Cicatrizes devem incomodar. E porque seu rosto parecia tão familiar? Anastasia precisou desviar o olhar do garoto, puxando uma lufada de ar. Que sentimento era esse tão intenso que ela sentiu ao estranho?

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!