Enquanto aguardava resposta de algumas imobiliárias, também evitava tudo que fosse ligado á Tyler, o que se tornou impossível logo na manhã seguinte quando recebi uma ligação na pensão do escritório do xerife.
Instantaneamente minhas mãos começaram a suar e eu fiquei apavorada, ele ia me perguntar sobre o lixo da rotisseria e eu não saberia o que responder, teria que falar sobre Ty e a orelha.
Deixei Angus no saguão onde ele podia ficar um pouco com as crianças e fui para a delegacia, enfrentar logo o que estava me causando medo.
A atendente torceu o nariz assim que me viu, parei em frente ao balcão e esperei até que ela sentisse vontade de me atender.
- O que?
- Sou Martha Collins\, vim falar com o xerife\, você me ligou.
- E por que não disse antes? Ele está esperando\, última sala a direita.
Aquela mulher era detestável. Segui pelo corredor indicado por e bati na porta com um toque leve.
- Entre – a voz forte do xerife me deixou mais tensa.
Entrei devagar, sentindo o coração disparado quase saindo pela boca.
- Pediu para me ver?
- Sim\, mas não tem com o que se preocupar\, é apenas uma conversa. Por favor\, sente-se.
Puxei a cadeira em frente a sua mesa, ele se inclinou sobre a mesa e juntou as mãos, parecendo condescendente, mas eu sentia a energia que vinha dele me pressionando, como um peso sobre meus ombros me deixando alerta, eu sabia que não podia confiar em suas palavras.
- Então\, qual é o assunto?
- Primeiro\, me diz como está indo sua instalação na cidade? Soube que está na pensão.
- Sim\, tem um vazamento no apartamento\, então decidi ficar uns dias no hotel.
- Bem\, temos um ótimo encanador\, posso pedir para que ele passe por lá ainda hoje.
- Eu já estou resolvendo\, obrigada.
- Tudo bem – ele fez uma pausa para sorrir\, aumentando meu desconforto – também notei que conheceu Tyler Montgomery\, o fazendeiro.
- Sim\, nos conhecemos.
- Ela a tem importunado?
- Por que acha isso?
- A família tem histórico. Não ficaria surpreso se o rapaz a incomodasse.
- Não\, ele só estava me oferecendo os produtos\, disse que meu avô comprava dele.
- Entendo – outra pausa desnecessária – sabe\, uma mulher jovem da cidade grande\, morando sozinha em Grey’s Fall\, seria mais prudente escolher melhor as amizades.
- O que quer dizer\, xerife?
- Como eu disse\, os Montgomery têm histórico. Não quero acabar confundindo as coisas\, pode sobrar para você.
- Então não confunda as coisas.
- Ser um xerife sem apoio não é tão fácil\, principalmente á noite\, cordeiros se parecem com lobos.
Senti minha pele do corpo todo se arrepiar com aquela palavra, eu precisava desesperadamente sair daquele lugar. Minha cabeça rodou, me senti enjoada como se fosse vomitar.
- Desculpe\, xerife – quando eu estava prestes a me levantar e pedir para usar o banheiro\, meus olhos pararam sobre a foto na parede atrás do homem\, uma família grande\, na maioria homens\, com uma mulher jovem e bonita no centro\, provavelmente a caçula.
Tudo ficou escuro de repente e comecei a ter outra visão, essa era mais clara que as outras, eu via uma mão masculina assinando um bilhete com a letra R e aquela garota da foto a recebendo.
Quando me dei conta estava sendo amparada pelo xerife enquanto a assistente dele trazia um copo d’agua.
- Eu estou bem\, foi só uma tontura.
- Tome a água\, depois você se levanta.
Virei o copo de uma vez, sem entender porque minha boca estava tão seca. Eu ainda me sentia angustiada, fiz o possível para me recompor.
- Posso te guiar até a pensão\, ou ao médico.
- Não\, eu tenho exames marcados\, vou ficar bem. Mas se me der licença\, tenho muito o que fazer hoje.
- Eu entendo\, espero que leve em consideração meu conselho.
- Não se preocupe\, não vou ficar na cidade por muito tempo.
Me despedi como pude e saí o mais rápido possível, queria me convencer de que as visões eram só estresse, mas se aquela mulher da foto estava em minha mente, não devia ser só coincidência.
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Atualizado até capítulo 80
Comments
Maria Nascimento
muito interessante
2024-03-23
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