Minha mãe era uma mulher muito carinhosa e pacata, dedicada
ao máximo em ser uma boa mãe que se esquecia de ser amiga. Apesar disso, ela
era a pessoa que eu mais amei no mundo.
Nunca soube muito sobre sua juventude ou nossa família, ela
dizia que mudou para uma cidade grande porque queria que eu fosse criada com
mais oportunidades que ela.
Nunca duvidei ou questionei, sabia que ela escondia algo,
mas sempre achei que devia ser algo muito doloroso.
Por isso, quando Tyler a mencionou, senti meu coração
acelerar, eu tinha muitas perguntas.
- Não exatamente quer dizer o que?
- Eles namoraram na adolescência\, depois acho que se
afastaram.
- E o que mais?
Ele deu de ombros, mas notei seus olhos ficando sombrios.
- Eu não sei\, acho que eles nunca superaram.
Eu sorri, genuinamente. Saber que minha mãe teve um grande
amor era edificante.
- Ela nunca se casou.
- Nem com seu pai?
- Não sei quem é meu pai\, ela disse uma vez que foi apenas
um cara que ela conheceu no Brooklin.
- E ela nunca te falou sobre Grey’s Fall? Ou sobre Fred
Montgomery?
- Não.
- Poxa\, ele vai ficar desapontado – Tyler riu.
A essa altura ele já tinha destroçado toda a comida da mesa.
Classe, com certeza, não era das qualidades dele.
- Acha isso estranho?
- Nossos pais serem ex namorados?
- Não\, eu te conheci ontem e já está passando o dia comigo.
- Quer que eu vá embora?
- Não\, é claro que não. Só foi algo que pensei.
- Mas tem razão\, eu não devia te incomodar tanto. Vou te
ajudar a subir suas malas e depois eu vou pra casa.
- Não tem que ir\, é sério.
Eu sendo idiota de novo, se tivesse uma máquina do tempo eu
voltava naquela hora e mudava o que eu disse.
- Tudo bem\, abre a mala pra mim?
Tyler se levantou, foi até a sala e fez um carinho em Angus.
Depois desceu para pegar as malas no carro, ele estava sendo prestativo ao
extremo. Era estranho, mas eu gostava,
Me aproximei da janela da sala a fim de abrir o porta malas
para ele do andar de cima, mas antes que eu pudesse ver o carro lá embaixo, me
assustei com as tábuas destroçadas, quebradas como isopor e parcialmente
arrancadas da janela.
- Ele fez isso?
- Martha? Martha? A mala.
Fui despertada dos meus pensamentos, apertei o botão e ele
não demorou em trazer tudo para dentro. Eu estava assustada e confusa, sem
conseguir disfarçar.
- Você está bem?
- Estou. Obrigada por tudo\, Tyler.
- Aconteceu alguma coisa?
Mas antes que ele pudesse esperar a resposta, seu celular
começou a tocar insistentemente, Tyler o pegou e franziu a testa, quando atendeu
ficou em silêncio por alguns segundos então respondeu com “estou a caminho.”
- Preciso ir.
- Está tudo bem?
Mas ele já estava fora do apartamento, voltei para a janela
a tempo de vê-lo entrar por um estreito corredor entre os dois estabelecimentos
á frente, rumo a floresta.
Voltei minha atenção para a madeira, sem entender como ele
conseguiu fazer aquilo com as mãos, tudo estava ficando cada vez mais sinistro.
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Atualizado até capítulo 80
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