Aquela conversa me trouxe a tranquilidade em saber que Martha não estava tão assustada com o que viu.
Mesmo que um dia, mais cedo ou mais tarde, inevitavelmente, ela descobriria sobre a condição da minha família, da minha alcateia, mas esperava que ela já estivesse confiando plenamente em mim quando isso acontecesse.
Não sabia dizer por qual motivo, mas não queria afastá-la, ou obrigá-la a fazer as transações por nós, se ela fizesse de bom grado seria mil vezes melhor.
Por outro lado, ela estar na pensão deixa tudo mais difícil, ela tem mais acesso aos segredos da minha família e quando a lua cheia chegasse, ela saberia. Ainda que as mulheres da alcateia não se transformassem, tudo ficava mais intenso nessa época.
- Hey\, otário – Timmy deu um encontrão em mim – Fred quer saber se a Collins abriu os freezers.
- Ainda não\, acho que ela está enrolando. Por quê?
- Porque o xerife viu ela na pensão\, pode ser que queira investigar a moça.
- E talvez tenha evidências no freezer – disse entediado.
- O que me leva uma dúvida\, Tyler. Se não é para o xerife descobrir que matamos o cara\, por que deixamos o corpo a vista?
- É para ele saber não para ter provas.
- É a mesma coisa\, amanhã é lua cheia\, sabe o que ele vai fazer.
- Nesse caso\, é bom você achar onde se esconder.
- Eu? – Timmy soltou uma risada alta e forçada – eu nunca me escondo\, se ele quer vir atrás de mim\, deixe que tente.
- Você quem sabe. Diz pro meu pai que vou verificar os freezers.
Passei pela floresta sem empecilho, antes da lua cheia tudo parece tão calmo e silencioso, como se a floresta e os habitantes dela apenas esperasse pelo pior.
Verificar os freezers da rotisseria era uma forma de distrair e manter a mente ocupada até o dia seguinte.
Mandei mensagem para Martha quando já estava no saguão da pensão. Ela pareceu surpresa, desceu com Angus no colo e o colocou no chão.
- Ele parece bem – observei retoricamente.
- Sim\, está conseguindo caminhar um pouco.
- Gostei da coleira que conseguiu para ele.
- Já achou um dono? – balancei a cabeça devagar.\, ela sabia que eu não estava procurando – e o que devo a honra da sua visita?
- Nada demais\, achei que podia querer ajuda para limpar a rotisserie\, ver o que pode ser aproveitado ou não\, passei lá ontem\, o lugar parece abandonado.
- E quer fazer isso hoje?
Eu sorri, fazendo sinal para que me seguisse, a rotisseria ficava a poucas quadras, mas o suficiente para me encantar com Martha, ela andava rebolando, perfeitamente e sorria toda vez que eu falava com ela.
Queria que aquela caminhada durasse muito tempo, queria fazer perguntas e ouvir todas as respostas, mas o encanto acabou assim que paramos em frente a porta de vidro e o cheiro de carne pútrida invadiu minhas narinas.
Havia muita carne ali e entre elas, carne humana.
- Você está bem? – Martha perguntou em tom de acusação.
- Sim\, só um pouco tenso com o que vamos encontrar aí.
- Foi você quem quis vir.
Ela abriu a porta e passou por ela, agora começava uma corrida. Eu precisava achar os restos humanos antes dela.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 80
Comments
Sueli Parajara Bento
credo misericórdia resto humanos nem eu queria isso aí
2024-01-18
2
Maria Izabel
qual será o mistério 🤔
2023-09-21
3
Maria Izabel
nossa mais qual o objetivo do avô ou alguém colocar carne humana no frizzer
2023-09-21
0