Capítulo 17

As vozes percorriam suavemente o ambiente em que estavam. O local bem iluminado e despojado de uma excelente organização, abrigavam sócios e donos de empresas de diversos departamentos, incluindo, obviamente, Jihoon que com um sorriso ensaiado no rosto, comprimentava uma pessoa ou outra enquanto tinha segurando firme em seu braço, a mão de Tae-ho. O qual de certa forma se encontrava perdido em meio aquele novo mundo apresentado à ele.

A postura de seu "atual esposo", assim como suas vestes escuras, estavam impecáveis naquela noite. Assim como seus cabelos negros estavam perfeitamente alinhados e penteados para trás.

Tae-ho estava trajado mais casual, sua camisa social possuía alguns botões abertos, assim como o terno que ele usava era mais como um assessório deixado sob seu corpo. Não era exatamente algo "portável" naquela ocasião, principalmente se ele considerasse o perfeito conjunto social que todos os homens naquele evento usavam.

Mas ao menos, Jihoon que havia o presenteado com o conjunto de roupas, não se importou quando ele apareceu apenas usando as peças mais simples do mesmo. Na verdade, ele apenas fez questão de pentear seus cabelos para trás com os seus dedos antes de fechar um dos botões anteriormente abertos de sua camisa.

Percorrendo o local com os olhos, Tae procurava por Alexander ja que a contra gosto do mesmo, ele praticamente o arrastou para aquela festa. Obviamente o castanho notou um certo desconforto que Jihoon sentiu quando ele perguntou se poderiam levar o americano juntamente com ele, mas como o mais velho não tinha porque negar, foi incapaz de fazê-lo.

— Você está bem? - a voz de Jihoon ecoou baixa e suave contra o ouvido de Tae, que ao se voltar para ele e se deparar com seus olhos negros, sorriu docemente, concordando com a cabeça mesmo após compreender sobre o que o mais velho se referia.

Tae-ho ainda sentia uma leve pressão instalar em sua cabeça por simplesmente estar ao lado do Hyun, mas ao contrário dos dias anteriores ao jantar na casa do mais velho, era suportável. Não passava de um desconforto persistente em seu âmago. Nada mais além disso, embora Tae suspeitasse que se acabassem se aproximando muito, seu corpo novamente o rejeitaria.

— Sim... - o castanho responde, voltando a olhar à sua volta e encontrando Alexander afastado sentado de frente para uma bancada enquanto conversava com um desconhecido... bebendo. Outra vez seus olhos se encontram com os do mais velho. — Podemos ir embora mais cedo? - ele sussurra, fazendo Jihoon sorrir suave.

Ele tampouco gostava de ficar até o fim da festa, então não se importava de ir para casa algumas horas mais cedo do que o esperado.

E Jihoon, se preparando para dizer que iriam dentro de meia-hora, é impedido de comunicar a informação ao menor quando um casal se aproxima tomando para si toda a sua atenção.

A mulher era uma beta, bonita, alta e de cabelos com mechas douradas, assim como seus olhos. A mesma parecia conhecer Jihoon, principalmente se considerasse o largo e brilhante sorriso que ela despojava enquanto se aproximava e chamava por seu sobrenome.

Tae observou quando o alfa ao seu lado se afastou, permitindo que apenas a mulher se aproximasse do mais velho que com um olhar sereno, a esperava.

— Vejo que está tão belo quanto sempre Sr. Hyun! - o moreno sorri com as palavras da beta, antes de estender a mão e permitir que ela a apertasse. E Tae-ho notou quando ela se afastou, apertando levemente a própria mão em sinal de desconforto a medida que o olhava após uma breve troca de comprimentos com o herdeiro em sua frente.

— Tae-Ho Hyun. - o castanho diz no automático, enquanto soltava o braço de Jihoon e estendia sua mão direita em direção a mais velha, sentindo-se estranho por pronunciar o sobrenome que agora, era vinculado ao seu nome.

A mulher sorri, segurando firmemente a mão do Ômega enquanto o comprimentava, logo, deixando seu olhar cair sobre a aliança fina de ouro em seu dedo anelar. O sorriso em sua face então, aumentou gradativamente.

— Há! - ela solta em tom alegre antes de aproximar a mão de Tae para mais próxima de si enquanto focava totalmente no objeto contra seu dedo, Tae engole em seco. Quando Jihoon lhe deu aquela aliança antes deles irem para aquele evento, o objeto contra seu dedo estava absurdamente "pesado", mas naquele momento, ele se sentia estranhamente constrangido por ter esquecido que o usava. — Então é verdade, o nosso tão cobiçado Jihoon Hyun se casou! - a mesma volta a olhar na direção do ômega conforme soltava sua mão. — Me diga, como se conheceram?

A mesma pergunta casualmente fitando vezes ou outra, Jihoon pelo canto de seus olhos. Tae-ho não soube o porque, mas ele não havia gostado do tom de voz da beta em sua frente que repentinamente, o olhava de maneira... superior?

Ah... finalmente ele havia entendido. A mulher que não havia se apresentado devidamente até aquele momento, estava a muito tempo — provavelmente — interessada no mais velho em sua frente, mas era incapaz de se permitir aproximar por conta de sua condição rara.

Um suspiro escapa dos lábios de Tae, ao mesmo tempo em que um sorriso ameaçava formar em seu rosto enquanto ele voltava a entrelaçar o braço de Jihoon no seu a medida que carinhosamente, ele deitava sua cabeça contra o ombro do maior e olhava fixamente para a beta em sua frente.

— Em uma viagem de avião! - Tae-ho inicia docemente, interrompendo Jihoon que iniciava sua fala e agora, com uma surpresa belamente dirfarçada, olhava para o mesmo permitindo que ele continuasse com o que dizia. — Nos conhecemos durante o vôo já que por um incidente acabamos tendo que viajar um ao lado do outro. Depois por coincidência, meu pai que tinha negócios com Jihoon acabou nos apresentando em um determinado momento, depois disso fomos nos aproximando. Realmente, também é uma surpresa que conseguimos ter deixado nosso relacionamento distante de olhares curiosos por tanto tempo! - o castanho finalizou sua história que fora tomada emprestada de Alexander com um doce sorriso, embora seu âmago estivesse levemente irritado.

Não havia sido tudo uma mentira, claro. Nenhuma outra pessoa perguntou como se conheceram ou como começaram a gostar um do outro, a maioria sabia que assim como seus próprios casamentos, o de Jihoon muito provavelmente também seria em base de algum acordo mútuo. O que significava que ela havia feito aquela pergunta justamente para saber qual mentira sairia dos lábios dele ou de Jihoon, obtendo, obviamente, o que queria em seguida.

Embora a pergunta indelicada da beta não fosse o motivo maior da irritação que aos poucos, abrangia com mais força o nadador.

Tae-ho estava irritado com ele mesmo!

Ele estava irritado porque por mais que não tivesse interesse em Jihoon, seu corpo instintivamente, assim como ele, se colocou em alerta e em um estado de defesa no momento em que ele havia percebido o real interesse da beta no mais velho que estava em seu lado.

E ele detestou isso!

Detestou a forma em que suavemente aproximou mais seu corpo do de Jihoon. Da maneira em que pressionou mais seus braços juntos e deitou sua cabeça sobre o seu ombro o puxando para si. Odiou trazer novamente para si aquela distinta sensação estranha de posse que simplesmente com a presença da mais velha, assolou cada canto de seu corpo com extrema facilidade.

E Tae-ho conhecia perfeitamente essa sensação indesejosa para ele: Jihoon não lhe pertencia de nenhuma forma, mas pelo simples fato dele estar ali com ele, ter ido para aquele evento e o levado com sigo, automaticamente fazia com que seus instintos agissem em favor de sua presença, quase como se ele, durante aquela festa, o pertencesse.

Tae engole em seco, completamente alheio a conversa que Jihoon tinha agora com a beta pois estava focado demais em repreender a si mesmo por aquele sentimento chato, o qual o acompanhava desde a época da secundária.

Não havia sido uma reação instintiva que ele teve apenas com Jihoon. E saber que ele reagia assim com qualquer pessoa o colocava em um estado elevado de estresse.

— Tae? - a voz grave e rotineiramente rouca do moreno soou doce e cuidadosa, ao mesmo tempo em que ele penteava os cabelos do castanho para trás e Jihoon se aproximava, deixando um selar doce em sua testa chamando sua atenção. — Se sente bem? - o mais alto pergunta, ficando levemente de costas para a beta que agora, também perguntava se ele estava tonto ou se havia bebido muito vinho.

Sim, Tae-ho havia tomado mais de dez taças, mas estava sóbrio o suficiente para notar a olhada rápida que Jihoon lançou na direção que a mulher estava antes de voltar rapidamente para ele.

O castanho sentiu vontade de sorrir.

— Não... - compreendendo o pedido silencioso do maior, o ômega se afasta um pouco, levando uma das mãos para sua testa enquanto ainda segurava no braço de Jihoon e olhava para ele. — Minhas vistas ficaram repentinamente embaçadas... - ele massageia levemente seus olhos enquanto falava baixo, sentindo a mão de Jihoon descer e se apoiar em suas costas conforme ele perguntava outra vez se Tae estava bem. — Eu acho que a minha pressão caiu um pouco. - ele diz enquanto finalizava com uma bela cambaleada para o lado, dando a chance de Jihoon finalmente finalizar sua presença naquele evento.

— Então é melhor irmos embora. - diz alto o suficiente para que a beta escutasse com clareza o seu tom de voz, e de "preocupação". Ele se vira para ela. — Sinto muito Srta. Shia, mas infelizmente meu esposo não se encontra bem. Com licença.

E dessa forma, guiando Tae para distante da mulher, ambos se direcionaram para a saída sendo parados uma vez ou outra, mais logo rapidamente liberados para voltar a andar quando o castanho outra vez, pendia seu corpo em direção ao do alfa e resmungava sobre sua “pressão baixa”.

E quando ao fim conseguiriam sair pela portaria e Tae voltou a andar normalmente, ambos soltaram uma leve risada, respirando o ar fresco, gélido e puro da noite enquanto enchiam seus pulmões com o frescor do ambiente antes de por fim, caminharem rumo ao estacionamento para voltarem para *casa*.

— Você está me devendo um Hambúrguer...! - Tae-ho cantarola animado enquanto andava na frente, arrancando uma risada curta e gostosa de Jihoon antes de adentrar o carro.

— Certo. - o mais velho diz sentando no banco do motorista e no fim, olhando na direção do mais novo. — Gostaria de ir em uma lanchonete... ou pedir para entregarem em casa?

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