Capítulo 2

O humor suave e alegre que Tae-ho sentiu quando colocou os pés dentro de casa, evaporou no momento em que palavras baixas, mas ácidas escaparam os lábios de sua mãe. Tae não sabia ao certo o que sentia com tal situação ou informação, mas chegou a conclusão que a palavra mais certa para definir seria: nada.

     Tae-ho não sentiu nada quando sua mãe disse que seu pai havia feito uma atrocidade. Não sentiu nada quando a mesma disse que o mesmo havia se metido com quem não devia. Não sentiu nada quando ela disse que para resolver um problema ele se meteu em outro, e tampouco sentiu algo quando a mesma disse que seu marido havia lhe oferecido como pagamento da dívida feita.

     Tae não compreendeu exatamente oque ela quis dizer com aquilo, mas supôs imediatamente que isso se resumiria a mais simples e velha prostituição.

     Era estranho, ele sabia, deveria al menos sentir raiva, desgosto ou algo assim, mas ainda estava lá, com o mais belo e extenso nada ardendo em seu peito.

     Sua mãe naquela altura, dormia pesadamente contra seu colchão, a mesma havia caído exausta depois de horas chorando sobre seu colo pedindo perdão. A mulher pedia perdão por ter tornado aquele erro seu pai, era triste, de fato, e Tae gostaria de compartilhar da mesma dor que ela, mas ainda assim, não sentia nada.

“Deveria agradecer meu emocional por ter repentinamente se desligado?”

     Tae-ho não sabia, mas tampouco pensaria muito nisso.

     Levando a garrafa de cerveja que achou na geladeira aos lábios, o jovem observa a casa da frente através da janela da sala, ele estava sentado na beirada da mesma. Seus olhos capturavam cada detalhe da propriedade do vizinho, quase como se ela fosse um obra de arte cara em uma galeria.

     À um bom tempo o sol já havia se retirado do céu permitindo que a lua reinasse em seu lugar, Tae não sabia ao certo que horas eram. mas chutava ser de madrugada. Não sentia sono e tampouco estava cansado, deveria estar, obviamente por conta de toda a agitação e o tempo em que passou dentro de um avião, mas ainda assim estava lá, esperando seu pai chegar. O que não tardou em acontecer.

     A porta da frente foi aberta de forma silenciosa, e passos cuidadosos soaram pelo o espaço silencioso. A única luz ligada, era a de um abajur na sala, o que fez os olhos de seu pai se voltarem instintivamente para ela quando ele adentrou o local, e depois, recaíram sobre Tae-ho que agora, o olhava de forma apática.

     Quando Dae Kim adentrou a sala de sua casa, o mesmo não esperava encontrar seu filho ali o esperando. O mais velho já se sentia um lixo, mas quando o olhar sem emoção de Tae se encontrou com o seu, ele verdadeiramente desejou que tivesse permitido que o matassem naquele galpão à dois dias atrás. Dae se sentia sujo, e ele internamente sabia que aquela sensação não o deixaria tão cedo.

     Não suportou olhar para seu fho por muito tempo, rapidamente desviou o olhar, mas o que o deixou ainda mais pesado, fora a voz sem emoção e fria do mesmo, contrastando com a alegre e suave que ele geralmente portava.

— Vamos... - a voz do ômega soou baixa e grave pelo local, e por um momento Dae respirou fundo, fechando os olhos enquanto inutilmente esperava que a relação com seu filho não se arruinasse, embora já houvesse o perdido. — Acho que necessito da sua versão da história.

     Tae-ho diz com o mínimo de interesse possível, sua mãe já havia lhe dito o suficiente, ela havia explicado cada palavra que saiu dos lábios de um dos homens que trouxeram seu pai de volta para casa. Não havia como, do ponto de vista do jovem, fugir desta responsabilidade outorgada a si.

     Ou ele aceitava dar um filho à não sei quem, ou quem acabaria sofrendo as consequências deste ato infame cometido por Dae, também seria o restante de sua família, porque infelizmente, estes eram próximos o suficiente do alvo que era o Kim.

     Tae-ho esperou paciente seu pai começar a falar, parado em pé no meio da sala enquanto olhava incerto para ele. E ele ouviu, ouviu com atenção e cuidado cada uma das palavras pronunciadas por ele.

     Tae escutou atentamente quando o mesmo contou sobre os jogos de azar que participava vez ou outra. Também ouviu quando o meno disse que se embebedou um noite, e apostou até o que não devia para um cobrador famoso na região. Prestou atenção quando o mais velho disse que se encontrava com uma dívida enorme, e que achou uma saída quando um dos amigos mencionou um trabalho estranhamente específico.

     Para sair de um problema, Dae havia se metido em outro...

     Tae-ho tampouco interrompeu seu pai quando o mesmo havia lhe dito que apenas depois descobriu de quem se tratava o pobre infeliz, dono do dinheiro extraviado. E muito menos, fez perguntas do porque repentinamente Dae havia simplesmente mencionando seu nome, e o oferecido como pagamento da dívida quando obteve a oportunidade. Havia sido para livrar seu próprio pescoço, não havia o porque ressaltar isso, todos já sabiam deste fato.

     A voz de Dae era pesarosa, arrastada, fraca, e baixa. Tinha vergonha, e não era para menos. Durante seus relatos, seu filho não o olhou nem sequer por uma vez, o mesmo nem ousou interrompe-lo como ele, de alguma forma, esperava que ele o fizesse.

     Tae-ho simplesmente ficou lá, segurando a cerveja em mãos enquanto olhava pela janela sentada na borda da mesma. O mesmo não fez nem sequer um movimento, parecia estático no lugar, apenas o ouvindo. E quando Dae terminou seus relatos, seu filho ainda ficou lá, parado por brever momentos, absorvendo suas palavras e feitos.

     O mais velho não sabia ao certo que reação esperar de seu filho, mas por um momento, desejou que ele olhasse furiosamente em sua direção, gritasse e o xingasse de tudo quanto podia. Mas o que recebeu, foi ainda pior do que imaginou...

     Um sentimento de decepção, de frieza e um olhar de quem dizia que "eu já esperava isto de alguém como você". Tae-ho se levantou de onde estava sentado, deixando sua cerveja de lado e caminhou em sua direção. Seus olhos apáticos e seu rosto sem expressão, aquela imagem de seu filho completamente decepcionado com sigo havia feito sua garganta trancar.

     Tae-ho o havia rejeitado sem precisar dizer sequer uma palavra. E Dae engoliu dolorosamente em seco quando o mesmo simplesmente, pronunciou pequenas e pesadas palavras conforme passava por si, indo em direção ao seu quarto.

— Você está devendo para mim agora senhor Kim, e espero que se lembre disso. - seus passos pequenos e suaves deixados sob o piso da casa soaram por todo o espaço silencioso.

     E quando a porta do quarto do mesmo se fechou, Dae Kim finalmente permitiu que as lágrimas escorressem abundantemente por seu rosto.

     Ele esperava que um dia seu filho pudesse lhe perdoar, mesmo que esta ideia lhe parecesse impossível.

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Comments

Maria Eliza

Maria Eliza

Uau que coisa boa kkkkk Ele fala como se fosse um "UAU" uma coisa normal.

2024-04-09

3

Perdoar? provavelmente sim porque da pra ver que ele não e igual a você/Smug//Right Bah!/
ele é uma rapaz responsável e de coração bom

2024-01-29

9

Agora se arrepende neh/Angry/

2024-01-29

2

Ver todos

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