Capítulo 1

  Um sorriso deslumbrante abrange os lábios de Tae-ho quando seus passos o levam para fora da área de recepção do aeroporto. Seu celular vibra suave no seu bolso, e quando o pega, uma risada suave escapa de si quando visualiza o nome na tela do mesmo.

— Deixe-me perguntar, quanto está gastando com essa ligação internacional? - suas palavras inglesas carregadas de sotaque eram como músicas para os ouvidos de Alexander.

— Não precisa se preocupar com isso! - o americano do outro lado da linha responde com suavidade e alegria. — Chegou bem?

— Sim, cheguei. Finalmente voltei para casa! - Tae-ho estava alegre, sinalizando para o primeiro táxi que viu quando saiu para o lado de fora do aeroporto. — Fazia muito tempo que eu não vinha para a Coréia, devo ressaltar que senti saudades. Falando nisso, o que você estava fazendo nestes últimos três dias que não o vi? - o coreano pergunta suave, cumprimentando o motorista do táxi conforme aos poucos passava a ajuda-lo a colocar sua mala no porta-malas do carro. Suspirando enquanto organizava o boné sobre seus cabelos em seguida.

— Não foi minha intenção sumir por esses dias, mas infelizmente, um homem como eu nunca nega as necessidades e vontades de uma bela mulher durante o cio! - Tae tentou conter sua risada a medida que entrava no táxi, mas foi impossível devido o tom de voz forçada e ridícula de Alexander do outro lado da linha.

— Ah, faça-me o favor! - Tae-ho diz, dizendo o endereço brevemente para o motorista que rapidamente passou a se direcionar para ele. — Três dias? - a risada do americano do outro lado foi bastante audível. — Esquece, vamos fingir que não ouvi isso. Agora me diga, o que eu vou dizer pra sua mãe quando ela me perguntar o porque você se negou a passar as férias novamente aqui? - o coreano pergunta, observando a paisagem que refletia através da janela do carro com afeição.

     Tae-ho Kim sempre fora um estudante, e um atleta modelo. Apaixonado pela natação e bastante focado nos estudos, com bastante esforço, o rapaz acabou conseguindo uma bolsa de estudos internacional após um torneio estadual ao qual participou.

     Inicialmente foi um grande problema, mas felizmente — ou por intervenção do destino — a família de Alexander, seu amigo de infância, acabou o ajundando financeiramente até que por fim ele se estabelecesse no exterior com seu filho.

     O americano em questão havia sido adotado pela família Kook quando estes foram em uma viagem para os EUA, e ele voltou para sua cidade natal quando obteve ali uma melhor oportunidade de estudos. Coincidentemente Alexander quis se matricular na mesma faculdade em que Tae obteve uma bolsa de estudos, embora tudo isso havia sido mais uma desculpa esfarrapada para que ele pudesse ir embora da Coréia o mais rápido possível.

     Embora Tae-ho nunca soube o verdadeiro motivo que o levou à isso, já que Alexander que amava tanto morar ali, repentinamente desejou sumir daquele lugar.

— Diga à ela que infelizmente o nosso capitão solicitou minha presença por algumas semanas a mais! - o jovem diz após uma risadinha suave. — Ou sei lá, inventa uma desculpa, você sempre foi bom nisso. Lembra quando você sumiu naquela festa de aniversário da Joel, e eu só fui descobrir semanas depois que na verdade você se trancou a noite toda com o Stefan em um dos quartos da casa? Sinceramente, até hoje não acredito como que eu acreditei nas suas palavras quando você me disse que havia tido uma crise alérgica e por isso voltou pra casa mais cedo! - agora foi a vez de Tae-ho rir. Era impossível dele se esquecer de tal deslumbrante acontecimento.

— Você fala como se fosse um santo Alexander!

— Não sou, mas tampouco saio por aí mentindo para meu melhor amigo... - Alex diz em um tom pesaroso, fazendo Tae revirar os olhos com um suspiro divertido. E então, um sorriso suave abrange seus lábios quando ele repentinamente reconhece a rua em que o táxi adentrava. Fazia quase dois anos que ele não colocava os pés ali, mas ainda assim, reconhecia perfeitamente bem a fachada daquelas casas. — Certo, você precisa aproveitar bem a sua curta estadia aí, depois que você se estabelecer me liga. Beijo, te amo! - E com um sorriso no rosto, Tae responde um "eu também" antes de ter a ligação finalizada.

     Alguns momentos depois o taxista estacionou na frente de sua casa, e o rapaz não tardou em sair do carro e pegar sua mala, agradecendo o motorista e rapidamente, tratando de abrir o pequeno portão de ferro na frente.

     Tae-ho observou os degraus da pequena escada que o levava para o nível superior da casa, e depois seus olhos caíram sobre a fachada simples mais organizada. A casa não era grande ou luxuosa, mas o suficiente para que ele e seus pais pudessem ter uma vida confortável.

     Um sorriso suave abrange seus lábios conforme as lembranças de sua infância assolavam sua mente conforme ele tratava de subir os degraus puxando sua mala consigo. Seus passos eram tranquilos, Tae não estava com pressa para reencontrar seus pais, ele sabia que ambos estariam o esperando do outro lado da porta como sempre fizeram. E ele esperava uma bem-vinda alegre como sempre obteve, mas o clima que estava na casa quando ele adentrou não era um dos melhores.

     Esperava um sorriso deslumbrante de sua mãe, mas obteve um lugar silencioso como resposta. Seus olhos vasculharam a entrada da casa procurando algum sinal, era estranho, o ambiente estava frio.

     Tae-ho deixou sua mala e a mochila que levava próximo a porta de entrada. O castanho tirou o boné que usava e jogou os cabelos para trás conforme aos poucos adentrava o ambiente. O jovem nadador chamou por sua mãe e seu pai algumas vezes, não obteve resposta, o que resultou em sua surpresa quando entrou na sala e os observou ali, sentados no sofá um de frente para o outro.

     Sorriu abertamente na intenção de cumprimenta-los, mas rapidamente mudou de atitude quando percebeu os ombros trêmulos e a cabeça baixa de sua mãe, ela chorava silenciosamente.

— Mamãe? - Tae-ho chama docemente, passando a se aproximar e se ajoelhar aos pés da mulher a medida que abraçava seus ombros e a puxava para si. Quando não obteve resposta, seus olhos se voltaram para seu pai, e sua garganta ficou seca quando observou o estado deplorável com o qual ele se encontrava.

     Seu pescoço e braços estavam enfaixados, e seu rosto completamente marcado de hematomas e cortes recentes. E como se não fosse o suficiente, os olhos do mais velho se negaram a se encontrar com os seus. Ele estava envergonhado de si mesmo aparentemente. Tae-ho respira fundo, tentando ao menos compreender o que diabos estava acontecendo ali.

— O que aconteceu? - perguntou ainda fitando seu pai. Dae não respondeu, apenas se levantou do sofá e caminhou para a entrada da casa, sinalizando que simplesmente sairia de lá. Tae suspirou já acostumado com as atitudes do pai, não era a primeira vez que ele chegava machucado depois de dever alguém, mas era a primeira vez que sua mãe se encontrava desconsolada.

     Quando o barulho da porta soou pelo espaço silencioso anunciando que Dae havia saído, sua mãe por fim se rendeu ao aperto no peito que sentia.

     Tae apertou a mulher em seus braços quando seu corpo pendeu em direção ao mesmo o abraçando. Sua mãe escondeu o rosto na curva de seu pescoço enquanto o abraçava forte, deixando as lágrimas e o desespero que sentia se esvaziar através delas.

     Seu pai definitivamente havia feito algo deplorável para que sua mãe se encontrasse naquele estado. Tae-ho respira fundo, aninhando sua mãe ainda mais contra si conforme aos poucos, passava a acariciar os cabelos castanhos da mesma a medida que tentava acalma-la.

     Aquele definitivamente seria um longo dia.

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Comments

Maria Eliza

Maria Eliza

Vai dá merda, e se ele não conseguir gerar um filho em 1 ano, fudeu,eu tô surtando por ele

2024-04-09

2

Shinobu Borboletas

Shinobu Borboletas

que história pft cara

2024-01-15

2

Shinobu Borboletas

Shinobu Borboletas

aí cara sua escrita é linda

2024-01-15

2

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