Capítulo 14

O silêncio na mesa do bar que Tae-ho e Alexander usava, contrastava imensamente com as vozes e os ruídos que os envolvia. O castanho, observando seu amigo estranhamente quieto em sua frente, simplesmente decide dar mais um gole na cerveja que segurava.

Depois de terem almoçado com sua mãe e terem passado à tarde com ela, o ruivo decidiu que o melhor a fazer, seria arrasta-lo até o Pub mais próximo antes de fazê-lo falar o que havia acontecido para que repentinamente, o mesmo decidisse ficar na Coréia pelo próximo ano. Embora nenhuma quantia de álcool que Alexander havia bebido, o havia preparado para o que ouviria escorregando dos lábios do amigo.

O ruivo engole em seco, completamente em silêncio a medida que agora, apoiava suas costas na poltrona macia em que havia se sentado. Sinalizando para um dos atendentes que andavam de um lado para o outro, o americano simplesmente pede mais duas cervejas puro malte para a mesa.

O silêncio dos dois homens era absoluto, sendo apenas quebrados pela gentil voz do atendente, e pelos sons das garrafas e dos copos sobre a mesa. E Tae-ho observou quando o ruivo segurou a garrafa contra seus dedos, e ingeriu grandes goles do álcool de uma só vez. Diante da visão, o ômega apenas respirou fundo, já tendo em mente a ressaca que ambos teriam naquela manhã.

— Caralho. - Alexander pronuncia pela primeira vez depois de um bom tempo, enviando um doce sorriso aos lábios do amigo que estava em sua frente. — E eu pensando que estava mais ferrado pra mim por ter não só encontrado Sohwa, como também por ter sido obrigado a compartilhar o quarto com ele quando cheguei em casa. Mas meus parabéns! - o ruivo diz com um largo sorriso, agora visualizando os olhos castanhos de Tae enquanto erguia sua cerveja e improvisava um brinde. — Você definitivamente tem uma vida mais fodida que a minha!

Tae-ho tentou se conter e não rir, principalmente quando ele sabia sobre o que se tratava aquela situação, mas ainda assim, ele foi incapaz de fazê-lo. Uma risada aflorou por seus lábios a medida que o riso e a falta de ar tomavam conta de seus pulmões conforme ele gargalhava, alto e claro.

Alexander observou com cuidado quando Tae jogou sua cabeça levemente para trás e riu, assim como olhou com atenção para seus cabelos castanhos balançando e seus olhos se fechando. Tae-ho era belíssimo, e se ele não fosse seu melhor amigo — já que praticamente agora Alexander o via como irmão—, com toda a certeza ele já teria dado um jeito de arrasta-lo para sua cama.

— Estamos em competição agora? - o sorriso largo e a voz jovial de Tae percorre o ambiente, sobressaindo as vozes à sua volta. Alexander apenas da de ombros, varrendo outra vez o local com os olhos enquanto procurava instintivamente alguém que lhe chamasse a atenção.

— Pode apostar que sim! - Alexander responde com um sorriso de canto, ainda olhando para o fundo do Pub antes de outra vez, passar a encarar os olhos castanhos do menor. — Mas e então? Você não me disse como se sentia sobre isso. - a voz do ruivo agora, estava mais baixa, mais fresca e séria, atraindo a atenção de Tae para uma conversa que agora, seria mais... intensa.

Diante das palavras do beta, o castanho por um momento, se viu incapaz de responder imediatamente. Como ele se sentia? De fato, com toda a certeza era uma mistura de sentimentos e sensações que nem sequer ele era capaz de cita-las corretamente.

Tae-ho sentia raiva de seu pai, mágoa. Com sua mãe ele sentia a tristeza, e compartilhava de sua decepção e remorso. Ele se sentia exausto, o tempo todo simplesmente por estar naquela condição deplorável de um ninguém! Um ninguém que simplesmente foi vendido para alguém.

Mas a pergunta de Alexander possuía um significado mais profundo do que aquilo, o ruivo queria saber sobre o homem com ao qual agora ele era obrigado a conviver, um homem ao qual agora, ele estava "casado".

Tae-ho engole em seco, incapaz de pronunciar as palavras que diziam que ele se sentia usado pelo homem em questão, ou que até mesmo o detestava.

Tais coisas seriam mentira.

O castanho sim, e sentia usado, mas este sentimento se concentrava estritamente ao homem que um dia o concebeu. Era isso, a resposta era simples. E ele, diante dela, simplesmente respira fundo, procurando a maneira certa de dize-las ao seu amigo, e tirar alí, de seus olhos, a preocupação e o medo que ele sentia.

O ruivo temia por ele, temia por aquela situação, e Tae era incapaz de conforta-lo. Afinal de contas, ele também sentia a necessidade de ser embalado nos braços de alguém antes de pela primeira vez depois de muito tempo, chorar como uma criança.

Outrora, o seu consolador seria Alexander, mas naquele momento, após ser praticamente obrigado a retornar para a Coréia, para a sua casa, o ruivo estava tão quebrado quanto ele.

O ruivo não estava bem, e porcaria! Tae-ho também não.

Mas no fundo, não existia nada melhor do que duas pessoas quebradas tentando juntar os cacos uma da outra...não é? Eles necessitavam apenas de um tempo. Nada mais que isso.

— Seria mentira dizer que estou bem. - a voz mais grave, e completamente ausente do tom suave, sério e extrovertido que sempre portava, escorre pelos lábios do castanho, fazendo com que Alexander fosse obrigado a simplesmente, focar toda a sua atenção em seu tom de voz. Ao seus olhos, Tae-ho concerteza estava mais perdido do que havia deixado transparecer, tanto para si mesmo, quanto para sua mãe que tanto o amava.

— Me sinto reprimido e enganado, e com toda a certeza usado por meu pai. Mas também seria mentira dizer que eu estou ferrado, ou até mesmo no poço do sofrimento. Tudo poderia ser bem pior, essa é a verdade. - o mesmo continua, brincando com sua cerveja a medida que simplesmente decidia que o melhor, era olhar fixamente para ela. — Neste momento eu poderia estar vinculado com um louco! Estuprador, obsessivo. Um alfa violento que simplesmente me viria como um depósito de esperma ambulante. - a voz seca se arrastava, de uma maneira estranhamente brutal em comparação com seu tom baixo e suave, e Alexander, perante elas, sentiu seu corpo estremecer. Merda! Era a primeira vez que ele temia verdadeiramente por seu amigo. — Mas por não ser assim, inutilmente eu ainda agradeço, agradeço por ter sido vendido para um homem que pelo menos, me vê e né enxerga. Eu sou uma pessoa, eu sou alguém. E fico feliz que eu não seja tratato menos que isso, com menos respeito que necessito. - e então, repentinamente uma risada seca escapa de si a medida que então, seus olhos que ardiam em lágrimas contidas, se voltavam para a imensidão que as orbes de Alexander refletiam antes de outra vez, quase que sem vida, sua voz se arrastar.

— Eu estou agradecendo Alexander! - o sorriso em seus lábios era visível, assim como a mágoa e o rancor através de seu olhar. — Eu estou agradecendo por ter sido vendido para alguém decente, ao invés de estar irritado por ter sido arrastado para essa merda! - uma lágrima solitária escorre por sua face. Alexander engole em seco enquanto ainda com pesar, observava o sorriso sem vida de seu amigo. — Essa porra não é irônica?

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Comments

Elo Maia

Elo Maia

é ser resiliente, né

2024-03-27

2

Cleidiane Rocha

Cleidiane Rocha

essa conversa está longa demais.

2024-02-21

0

Dracarys

Dracarys

Não vai... né?🙂

2023-10-09

6

Ver todos

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