Capitulo 5

De barriga para cima Tae-ho observava o teto claro de um quarto que não era o dele, deitado em uma cama que não lhe pertencia em um apartamente grande demais para ser o dele.

Um suspiro escapa de seus lábios quando ele fecha os olhos por um momento. Pronto, era aquilo, não dava mais para ele voltar atrás.

Após sua conversa com o Sr. Hyun três noites atrás, o homem lhe disse que dentro de alguns dias entraria em contato, e agora Tae estava lá, em um quarto de hóspedes no apartamento do homem.

Girando seu corpo e se acomodando contra o colchão macio, o castanho afunda o seu rosto contra o travesseiro, pensando no quão bom seria dormir naquele momento e acordar somente daqui um ano. Mas infelizmente, tais coisas eram impossíveis de acontecer.

Tae-ho tentou então por um momento esquecer os acontecimentos dos últimos dias: sua mãe chorando desesperada por sua decisão de aceitar "pagar" a dívida de seu pai. Alexander do outro lado ligando desesperado para ele após descobrir que o mesmo havia trancado sua matrícula na faculdade. Ele tentando conversar com seu treinador de natação e demorando horas para fazê-lo compreender que infelizmente ele só poderia voltar no ano seguinte.

Tae de certa forma mentiu para cada um deles o verdadeiro motivo de sua ausência, mas infelizmente ao contrário do diretor, o treinador e o Heitor da faculdade, Alexander era o único que poderia facilmente decidir viajar para lá e ao fim, descobrir a verdade por trás de sua ação.

E infelizmente para Tae-ho, o ruivo facilmente poderia descidir agarra-lo pelos cabelos e arrasta-lo por todo aquele espaço por conta de sua estúpida escolha.

Um pequeno riso escapa do ômega quando ele imagina a cena com extrema facilidade. Alexander realmente agia como um barraqueiro quando queria. E ele tinha que ressaltar que o americano fazia isso muito bem, era realmente engraçado como ele literalmente fazia questão de encarnar um ou outro personagem nessas horas.

Lembrando de um acontecido que envolvia exatamente uma daquelas cenas icônicas do ruivo, outra de sua risada baixa ecoa pelo cômodo, o deixando de certa forma, mais relaxado naquele ambiente desconhecido e novo. Mas seu conforto esvaiu de seu corpo no exato momento em que outra vez, suas vias respiratórias pareceram queimar e todo seu ser se colocou quase que imediatamente em alerta.

Tae-ho se sentou na cama com o coração disparado olhando para a porta. Mentalmente o castanho sabia que o Sr. Kyun — aparentemente — não era do tipo agressivo, tampouco um tipo louco que avançaria para cima de si ou imporia suas vontades. Mas ainda assim, instintivamente, seu corpo o sentia como uma grande ameaça, alguém que o mataria sem sequer pestanejar.

Seu instinto ômega gritava para ficar longe de Jihoon Hyun, mas ainda assim lá Tae-ho estava, escutando as leves batidas na porta do quarto agora designado a ele antes da mesma, calmamente ser aberta.

O castanho engoliu em seco quando observou a grande figura do alfa adentrando o espaço, e como resposta, ele não tardou em se levantar em uma forma de "recebê-lo". E como aconteceu no restaurante dias atrás, o lugar repentinamente se tornou menor, sufocante e asfixiante desde o momento em que o moreno adentrou o espaço.

Mas pelo menos, de alguma forma, ele não carecia de falta de ar como naquela noite.

Jihoon observou a face do menor em sua frente que o olhava pacientemente, fitando seus olhos negros a medida que brincava com os dedos da mão na tentativa de aliviar o nervosismo. Instintivamente então, ele suaviza um pouco sua expressão, olhando mais gentilmente para o mais novo a medida que lhe estendia a caixa negra opaca que segurava. Observando o castanho olhar confuso para a mesma.

— Se arrume. - Hyun inicia, sua voz grave soava baixa e suave. — Vamos para a casa de meu pai, você passará a tarde acompanhando minha mãe antes do jantar. Acredito que esta roupa seja mais apropriada para a ocasião, não é tão quente embora tenha uma aparência mais formal. Garanto que também é bastante confortável, levando em consideração que você aparentemente o preza bastante. - o mais velho concluí com tranquilidade, observando as vestes casuais e frescas que o menor usava.

— Seus pais ao menos sabem do nosso acordo? - Tae diz após organizar seus pensamentos, aceitando de forma cortês o "presente" do homem, ainda assim, mantendo uma boa distância do mesmo.

Embora aquela notícia fosse inesperada, fazia sentido apresenta-lo para sua família já que ficaria ao lado do mesmo por aproximadamente um ano.

— Mesmo que eu não expresse em palavras, acredito que eles sabem que nosso casamento não é exatamente considerado um de verdade. - Tae-ho concorda lentamente com as palavras do homem, pensando em como seria a família do mesmo. Muito provavelmente com a mesma aura distante e fria que Hyun possuía. Um suspiro escapa do alfa quando ele provavelmente compreendeu oque exatamente o menos pensava.

Suave e de maneira bastante sutil, Jihoon leva uma de suas mãos para os cabelos castanhos do menor e os acaricia suavemente enquanto trazia a atenção do mesmo para si.

O toque era calmo, sem muito peso ou fricção, e ainda assim Tae sentiu como se uma corrente elétrica e uma sensação de repentina repulsa atravessasse seu corpo. Ele poderia ter se afastado, mas ainda assim não queria demonstrar que todo seus sentidos desejava que ele deixasse de toca-lo. O menor não queria, de forma alguma demonstrar que sentia nojo pelo homem em sua frente.

Claro, ele sentia raiva, muita raiva, mas mesmo que quisesse odiar ou detesta-lo, naquele momento era impossível que ele o fizesse. Principalmente se ele considerasse que todo o sentimento de ódio e rancor que ele portava estava naquele momento sendo dirigido ao seu pai. E por conta disso Tae não tinha energia nenhuma — naquele momento — para também compartilha-la com o homem em sua frente. O qual com toda a certeza, já tinha visto todo o tipo de gente repudiá-lo simplesmente por sua presença.

Jihoon analisou com veemência a face do mais novo que por um instantes após seu toque, pareceu empalidecer alguns tons. Era difícil para o menor, ele sabia, mas ainda assim ele precisava se acostumar com seu toque, com seu aroma e sua presença.

Ao fim, ele necessitava estar o mais *confortável* possível com sua presença para ser capaz de recebê-lo em seu interior.

Hyun sabia que poderia tentar ter um filho através da inseminação, mas infelizmente, a porcentagem de falha que acompanhava este método era ainda mais elevada do que se ele tentasse da maneira tradicional. Ele sabia disso, já havia tentado todos os meios possíveis para isso.

Jihoon sentia que ter um filho era impossível, mas ainda assim ele se agarrava aquela última chance.

Tae-ho era sua última tentativa.

O mais velho também já cogitou a possibilidade de adotar um casal de jovens. Mas infelizmente ele não teve outra opção senão descartar esta ideia. Se alguns adultos faltavam desmaiar quando por um erro ele acabava soltando uma certa quantidade de feromônios, imagina oque aconteceria com duas crianças?

Para a tristeza do homem, Jihoon seria um perigo para elas.

— Fique tranquilo. - Hyun diz suave, completando suas palavras anteriores. — Garanto para você que meus pais o trataram com carinho. - o moreno continua enquanto se afastava do castanho e se voltava novamente para a porta. — Banhe e se arrume, leve o tempo que precisar, lhe esperarei na sala.

E com essas palavras, Jihoon Hyun se retira, fechando suavemente a porta atrás de si enquanto se afastava e deixava aos poucos, o oxigênio ao redor de Tae novamente "*respirável*".

Um suspiro escapa do castanho enquanto seus olhos desciam para a caixa que ele segurava por entre as mãos, ao mesmo tempo em que um nervosismo e um constrangimento assolava seu interior...

"Oque havia sido aquilo?"

Ele não saberia responder, e tampouco acreditava que descobrir a resposta seria agradável para si.

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