CAPÍTULO 20

Quando ela olhava para Michael, tentava ignorar tudo o que deu errado. Havia superado há séculos e ainda assim, continuava achando que precisava muito xingá-lo para devolver tudo o que passou.

— Sou lixo? Dois anos atrás você dava uns amassos com esse lixo.

— Ainda bem que não pego mais lixos.

— Não foi o que eu ouvi dizer.

— O que está insinuando? — Beatriz sentiu seu sangue ferver.

— Nada… Deixa pra lá.

— Triz, você ainda tem aquele número antigo?

— Acho que isso não te interessa, não acha?

— Concordo. Mas talvez interesse a você. — Ele ria e sua risada fez o corpo todo dela arrepiar.

— O que está querendo dizer?

— Mandei um vídeo seu bem interessante. Lembra dele? Aquele que você fez um streaptease…

— Não acredito! — Beatriz coloca a mão na sua boca. — Você disse que tinha apagado. Como pôde fazer isso? Esse número está com minha mãe.

— Então sua mãe neste momento, deve ter visto um dos nossos melhores momentos. — Michael continuou falando com deboche.

— Seu idiota! — Ela da um tapa no seu rosto, deixando ele irritado. — Enviou o vídeo para um número que você nem sabia se ainda era meu? Eu devia ir para a polícia denunciar você.

— Falando em polícia. Um passarinho me contou que eles foram até a escola. Se eu fosse você, ficava bem longe da polícia

— Está me ameaçando?

— Eu não diria ameaça. É uma palavra muito forte. Diria que é um aviso do seu ex-namorado, cortesia minha. Triz, você sente vergonha do seu passado? Ainda penso em você debruçada na minha cama.

— Sabe que isso nunca mais vai acontecer. — Ela sentiu as bochechas corarem com as lembranças passando.

— Será? — Michael está tão perto dela, que é capaz de sentir seu hálito terrível de cigarro.

— Michael, se afaste por favor. — Ele apóia sua mão delicadamente na coxa direita dela. — Se você não se afastar, eu juro que vou gritar.

— Que saco! — Ele se afasta. — Antigamente você era menos infantil.

— Michael, você precisa sair de Newsquare e me deixar em paz.

— Não posso te prometer isso. Vim passar uns dias para resolver alguns assuntos do meu trabalho. Ah! E antes que eu esqueça, quando for visitar a Aisha na prisão, diga que mandei um alô e que ficarei por aqui. Agora tenho que ir. Se cuida e boa sorte com sua mãe.

O homem saiu andando calmamente com as mãos no bolso assobiando. Deixando para trás uma Beatriz aflita, com medo e cheia de questões sem resposta.

Ela queria chorar, mas se chegasse em casa com lágrimas nos olhos, seria pior. Teria de enfrentar as consequências de seus atos imaturos do passado, não havia outro jeito.

Enquanto ela caminhava desolada rumo à sua casa, seu celular vibrou em seu bolso. Ainda atordoada com a situação, ela ignorou, mas depois voltou atrás, imaginando que já fosse alguma mensagem de sua mãe e se ignorasse seria muito pior.

Foi quando sentiu um alívio, viu que se tratava de Jonas. Ao abrir a mensagem sentiu um calafrio, nela estava escrito: "O Henry veio falar comigo"

Agora ele sabia que sentiria um grande alívio, era um sinal de vida, não um que desse total certeza, mas já era alguma coisa.

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