Sua mãe era do tipo super protetora, o que só piorou após o diagnóstico da doença do filho. Qualquer lugar que ele fosse ela ficava muito preocupada. Agora Jonas iria ouvir um sermão que o deixaria com as orelhas vermelhas.
— Vamos! Não vai dizer nada? Estou esperando.
— Eu posso explicar.
— Explicar o que, Jonas? Sua falta de responsabilidade? Sua total desobediência? Talvez queira explicar seu despreparo e prova do quanto ainda não é confiável, ignorando todas as preocupações que tenho com você. Anda, estou esperando.
— Mãe, eu não sou mais uma criança.
— Eu acredito que não seja. Afinal, nem uma criança pilotaria uma moto que não é sua e ainda sem carta. Acho que hoje descobri que você é menos responsável que uma criança. E de quem é essa moto?
— Do Henry.
— Meu Deus! Como ele deixa você andar na moto dele? — Ela coloca a mão na testa. — Estou começando a passar mal. Você quer me matar? É isso o que quer, Jonas?
— Para de ser exagerada, mãe. Só vim da festa para casa.
— Exagerada? Acha que me preocupar com você é exagero? — Ela deu alguns tapas nele. — Eu vou morrer, mas se não morrer você ficará de castigo por um longo tempo. E peça para aquele descabeçado do seu amigo vir pegar a moto, se não eu arremesso ela na rua.
— Tá bom!
— Onde já se viu. Fico igual uma tonta falando, Jonas tome cuidado, não vá fazer algo violento. Jonas não corra, Jonas NÃO ANDE DE MOTO!
Aproveitando que sua mãe falava sozinha e sem parar, Jonas foi saindo de fininho. Se havia uma regra que sua mãe ficava louca caso quebrasse, era sair de bicicleta sem as proteções necessárias.
Para as pessoas de fora parecia um exagero sem sentido, mesmo sabendo que todo cuidado é pouco, a mãe de Jonas elevava para um nível absurdo.
Jonas sabia que de nada ia adiantar argumentar com ela. Ele já havia tentado explicar que a chance de sofrer um acidente andando de bicicleta por causa do trânsito louco da cidade era muito maior do que sofrer um acidente de carro ou moto.
Claro que ela sabia que esses dados não eram tão confiáveis vindo de um adolescente louco para ter liberdade, então ela sempre rebatia com seu único e convincente argumento. "Enquanto você mora debaixo do meu teto, não!"
Não haviam muitas opções, então só restava a ele aceitar. Afinal, ter uma bicicleta é melhor do que nada. Não demorou muito e seu pai comprou uma bicicleta. Com todos os acessórios, capacete, cotoveleira, sinalizadores nas rodas. E hoje lá estava ele, fugindo de um problema causado por uma garota e uma moto.
Jonas não estava arrependido. Sabia que o preço a pagar seria muito caro, mas nada valia mais do que aquela sensação que sentiu. Beatriz, a garota a qual era apaixonado desde o primário, segurando sua cintura, montada na garupa de uma moto.
Nem nos seus melhores sonhos tinha sido tão incrível e especial. Enquanto lembrava de tudo, deitado em sua cama, sua mãe apareceu no quarto.
— E a sua bicicleta e as coisas de proteção, onde estão?
— Deixei na casa onde teve a festa.
— E quem vai trazer?
— O Henry, né!
— Ligue para o Henry trazer a bicicleta e buscar essa moto, agora! Tenho que tomar meu calmante, você quer me matar.
Enquanto ela ia embora, o garoto ignorou o drama da mãe, que resmungava ao fundo. O que importava de verdade era Bia. Não conseguia tirar da cabeça a imagem da garota.
A beleza dela e os cabelos ao vento trouxeram um sentimento de liberdade que nunca sentira antes. Aqueles poucos minutos com ela, tinham sido os melhores de sua vida.
A única coisa que faltava era saber o que ela havia achado daquilo e se compartilhava das mesmas sensações que ele sentiu.
Apesar de Beatriz não se lembrar muito dele, o charme e carisma que a garota carregava, era um encanto aos olhos de Jonas.
O jeito debochado e orgulhoso era apenas uma máscara escondendo uma garota frágil. Era triste saber que ela gostava do Henry. Os dois eram amigos, mas Jonas sabia que Henry só queria curtir.
Beatriz seria apenas mais uma na grande coleção de seu amigo, assim como Aisha seria.
Os dois tinham pensamentos diferentes. Enquanto Henry queria colecionar troféus, Jonas queria apenas Beatriz.
— A vida é injusta! — Murmurou o garoto, ainda envolto as lembranças.
Ver a garota que ele gosta, se interessar pelo melhor e único amigo era um golpe que Jonas teve de suportar. Mas ele não deixava esse sentimento atrapalhar sua amizade.
No fundo, Henry não tinha culpa, sempre foi uma escolha de Beatriz. Ir a festa foi uma maneira de poder vê-la. Aisha era amiga dela, certamente a convidaria. Com o passar do tempo, ele foi percebendo que não teria a presença da jovem.
E depois teve a certeza quando viu seu amigo Henry, muito próximo de Aisha.
Naquele momento Jonas desejou que Beatriz chegasse na festa e pegasse os dois no flagra. Não era certo o que Henry fazia, porém, Aisha fazia muito pior. Traía a melhor amiga da pior forma possível.
As horas foram passando, as pessoas indo embora e Jonas foi ficando, ficando… até pegar no sono e dormir. Sua maior surpresa foi encontrar Beatriz logo pela manhã triste e com lágrimas nos olhos.
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Atualizado até capítulo 74
Comments
Alynne Andrade
amiga muito falsa, olha que existe muitas assim.
2023-05-21
0
Luciana 🥰
estou achando interessante.
2023-03-10
1