Quando Jonas chegou, viu Henry no topo da colina jogando pedras no lago de dejetos formado pela pedreira. Por um momento Jonas se sentiu voltando no tempo, para a época de criança. Henry ao vê-lo, gritou:
— Vai ficar parado aí, nerd?!
O garoto deu a volta por trás das árvores e subiu a pequena colina, chegando ao local onde Henry estava.
— Que bom que você veio, Jonas.
Eu precisava falar com alguém. Você é o único em quem confio. Mas esse capacete era necessário?
— Você sabe que sim.
— Eu sei. Só estou brincando.
— Pensei que agora você tinha outros amigos em quem confiar. — Falou de forma irônica. — Está todo mundo te procurando, onde você esteve esse tempo todo?
— Como eu disse, só confio em você. — Respondeu sério e sucinto.
— Faz tempo que não via esse seu olhar. O que está acontecendo?
— A vida é uma roda gigante, cara.
— Henry, o que você e a Aisha fizeram? Ela está presa! E a polícia está atrás de você.
— Eu sei. Não é só a polícia que está atrás de mim.
— O que você está querendo dizer com isso?
— Relaxa, nerd. Isso não é importante.
— Como não é importante? Que merda vocês fizeram? Eu e a Beatriz ficamos preocupados com você?
— Você e a Beatriz? Estão juntos?
— Não! Claro que não. De onde você tirou isso?
— Calma, nerd! Vai dizer que você não quer isso?
— Sim. Mas isso não vem ao caso. Você me chamou aqui. Disse que precisava falar urgentemente e até agora não falou nada.
— Vocês dois formam um belo casal. — Falou ignorando Jonas e continuando a jogar pedras na água.
— Pode parar de ignorar as coisas que eu falo e me diga o que infernos está acontecendo com você? — Jonas segurou o braço dele no momento que jogaria outra pedra.
— Escolhas…
— Quais escolhas?
— As mais erradas possíveis, Jonas.
— É só conversar com a polícia. Eles irão te escutar.
— O problema não é a polícia.
— É quem então, Henry?
— Quanto menos você saber, será melhor para você. Já ferrei com a vida da Aisha, não quero fazer o mesmo com a sua.
— No que você se meteu?
— Em coisas erradas, cara. Agora é tarde.
— E agora? O que vai fazer?
— Vou sumir até a poeira baixar. Enquanto tiver ela. — Ele apontava para sua moto. — Posso ir para onde quiser.
— Tem certeza que ficará bem?
— Claro que sim, nerd. Imaginei que você ficaria preocupado comigo, quis provar que estou bem.
— Mas você disse que a polícia não é o problema. Vi medo no seus olhos. De quem você tem medo? Me diga? Você não disse que confia em mim?
— Confio e muito, mas esquece. Bobeira minha. Irei resolver. Aqui é tão nostálgico, não acha?
Jonas ficou em silêncio. Uma silhueta de pensamento tomava forma em sua cabeça. E ele não queria acreditar que estivesse certo. Tudo ali soava como uma despedida.
Por mais que Henry não tenha usado esta palavra em nenhum momento, era claro. E se realmente fosse uma despedida, a situação seria preocupante. Henry não havia dito nada de concreto, poderiam ficar o dia inteiro ali que o garoto não diria nada.
E o dependente disso Jonas tinha uma certeza. Dessa vez Henry tinha passado do limite de babaquices. Mesmo tentando esconder, era óbvio que não era um erro besta. A polícia atrás, seja lá quem for essas outras pessoas insinuadas por ele, também atrás dele. Jonas não sabia o que dizer, se sentiu inerte à situação.
— Tenho que ir.
— Vai ficar bem, mesmo?
— Vou. Depois que isso passar, podemos marcar um boliche. O que acha? — Disse indo em direção a sua moto.
— Seria uma boa.
— Quem sabe você não leva a Beatriz?
— Você gosta de tirar onda comigo, né?
— Claro. Você é o único amigo nerd que eu tenho. — Falou sorrindo.
— Como você é engraçado, Henry.
— Jonas! Uma última coisa.
— O que?
— Prometa-me que não irão abandonar a Aisha, igual os pais delas fizeram? Promete ir visitá-la assim que puderem?
— Por que está dizendo isso?
— Só bem responda. Promete pela nossa amizade?
— Prometo!
— Obrigado. A gente se vê por aí, nerd!
Henry montou na moto, ligou e saiu com seus cabelos ao vento, deixando Jonas parado no pé da colina. Jonas não conseguia ter reação alguma. Sentia um vazio dentro de si.
Teve um pressentimento de que nunca mais veria seu amigo. Rapidamente tirou esse pensamento da cabeça. Tinha que confiar nas palavras dele. Se Henry disse que daria um jeito era porque daria. Conhecendo o amigo como ele conhecia, sabia que Henry iria se esconder e ninguém o acharia.
Ele sempre foi bom nisso. Quando eram crianças e brincavam, Henry ficava escondido por horas. Era de sua natureza se esconder quando se sentia acuado, igual um animal selvagem.
Isso acabou tranquilizando o jovem, que montou em sua bicicleta e pedalou de volta para casa. Para sua sorte sua mãe não estava na sala. Rapidamente ele tirou o capacete, as cotoveleiras e abriu a porta da frente.
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Atualizado até capítulo 74
Comments
Alynne Andrade
fiquei curiosa, que segredo é esse.
2023-05-22
0
Luciana 🥰
caramba curiosa demais, pra saber o que aconteceu 😄
2023-03-10
2