Apesar de Beatriz não achar ruim a situação do irmão, se sentiu penalizada com o estado o qual ele se encontrava. Se aquilo fosse resultado do amor, então ela nunca iria amar ninguém.
Os cabelos despenteados do homem de 26 anos à sua frente, abriam teorias as quais Beatriz nem ousou ir a fundo, pois o cheiro que seu irmão exalava dava a certeza que nem banho ele tinha tomado. Não querendo perder a oportunidade de tirar uma casquinha da situação do seu irmão, ela disse:
— Bernardo! Levanta daí. Vai ficar assim até quando? Vá tomar um banho. Acha que assim vai reconquistar o coração da sua dama de vermelho?
— Sua sorte é que não estou bem. Comi algo que me fez mal. E quem disse que quero reconquistar ela? E para com essa história de dama de vermelho.
— Oras! Ela não trabalha na loja de roupas e usa um uniforme vermelho? Então… É sua lady in Red! — Beatriz ria com moderação. — Comeu algo que fez mal? Comeu amor ou dor de cotovelo?
— Faça piadas. Continue… Quero ver quando for você. Se bem que com esse nariz de rinoceronte, quem vai querer você?
— Em primeiro lugar. Rinocerontes têm chifres grandes e não nariz, seu sem cultura. Em segundo lugar, sou linda, todos me querem.
— O que você está dizendo Beatriz? — Sua mãe entra na sala e interrompe a conversa. — Que história é essa de todos quererem você?
— Bem, não foi isso que eu quis dizer. A senhora que ouviu fora de contexto.
— E qual seria esse contexto, pode me explicar? — Sua mãe cruzou os braços.
— Posso. Estava falando para o Bernardo ir tomar banho. Como um homem desse tamanho pode ficar sofrendo por amor, nesse estado deplorável.
— Bernardo, sua irmã tem razão. Você tem um filho, não é mais nenhum adolescente. Já não é vergonha voltar a morar aqui em casa depois que se separou? Agora vai ficar assim por causa de uma mulher? Vá arrumar um emprego, rapaz.
— Você sempre pegou no meu pé e mimou demais ela. Ela sempre foi sua "queridinha".
— Do que você está falando? Não tem nada a ver. Bernardo, você tem 26 anos. Acorda para a vida. Vai ficar nessa até quando?
Enquanto fugia da cena deprimente do seu irmão usando argumentos esdrúxulos para justificar a falta de emprego e seu divórcio, Beatriz foi para cozinha comer algo.
Ela odiava seu irmão porque ele gostava mais de peixes do que da própria família, além de nunca ajudar nas despesas e deixar seu filho abandonado em casa, muitas vezes aos cuidados dela ou de seus pais, enquanto saia para ver sua dama de vermelho.
Mas era um ódio entre irmãos, como ela costumava dizer, um ódio do amor familiar. Bernardo era o mais velho e único irmão que ela tinha. Casou cedo após engravidar sua primeira namorada.
O que era questão de tempo acabou se concretizando três anos depois, a separação. Mesmo tendo um filho com sua primeira namorada, seu irmão não sofreu nem metade do que sofria agora.
Claro que ele sempre pagou a pensão e não deixava faltar nada para seu filho, mas nesses últimos meses como está desempregado, seu pai o socorria.
Apesar da pressão constante de Sophia, sua mãe, para que ele arrumasse logo um emprego, ele usava seu filho como uma forma de ganhar tempo, trazendo ele todo fim de semana em casa, fazendo seus pais serem avós babões.
O que dava muito certo, pois na presença do pequeno Pietro, a felicidade reinava na casa dos Pozzi.
Beatriz gostava de ser tia, só não concordava com a forma que seu irmão agia. O pequeno Pietro era um amor. Era o motivo de Bia, em seus momentos sonhadores, pensar em ter um filho.
Mas esse desejo era logo encerrado quando Pietro fazia suas manhãs e chorava por coisas bobas ou quando precisava socorrer o garoto no banheiro. Nessas horas, Beatriz se perguntava como alguém era capaz de ter um filho.
Bernardo e sua história de amor com a moça da loja de roupas, sempre foi fadada ao fracasso. Todos sabiam disso. Provavelmente até o irmão de Bia já imaginava. Susy, a ex-namorada, era uma garota de 20 anos.
Era nítido que ela via em Bernardo alguém para bancar seus luxos, no entanto, quando ele ficou desempregado e não pôde mais "bancar", ela deu um pé em sua bunda, como costumam dizer.
Ela tentou justificar dizendo que gostava de outra pessoa e que agora eles finalmente poderiam ficar juntos, chutando Bernardo para fora sem se importar com os sentimentos dele.
Merecido ou não, foi um duro golpe no seu coração. Até para os padrões de Bernardo era insensível.
O irônico dessa história toda foi o fato de Bernardo ter se apaixonado pela garota. Não conseguindo lidar com a perda. Beatriz via o irmão como um eterno fracassado e tinha a curiosidade de saber se seus pais pensavam o mesmo.
Ele nunca visitava o filho e conversava apenas por ligações. Era um ser cheio de defeitos e no fundo toda essa situação era um deleite para Beatriz, pois ela pensava que era a forma que a vida encontrou para castigá-lo.
O pai de Beatriz tentou de muitas formas ajudar o filho. Colocou ele para trabalhar junto nas obras de construção do condomínio de Newsquare, o que durou apenas uma semana.
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Atualizado até capítulo 74
Comments
Alynne Andrade
Bernardo não quer nada, é bom viver assim, sempre tem quem faça
2023-05-22
0
Luciana 🥰
filho criado trabalho dobrado
2023-03-10
2