CAPÍTULO 6

Beatriz tentava segurar a risada, os olhos inquietos do garoto passeavam por partes específicas do seu corpo e toda vez que ele percebia que ela notava isso, ele desviava o olhar, mas não demorava muito e ele voltava.

Ela sabia que o rapaz mantinha o olhar fixo nas suas pernas e no seu top cor preto. Então enjoada daquela exposição gratuita de seu decote e pernas, decidiu sair da casa, ignorou o garoto e foi caminhando para fora deixando o jovem para trás.

Jonas sabia que não podia perder a chance de continuar a conversa com Beatriz, então a seguiu até a rua, o que logo foi percebido por ela. Ele não queria ser chato, mas aquela era sua melhor chance de se aproximar da garota a qual tinha uma queda desde que a viu, alguns anos atrás.

Beatriz sentindo-se incomodada por estar sendo seguida pelo garoto, tratou de pôr um fim naquilo.

— O que é isso? Está me seguindo agora, Jonathan? — Falou irritada.

— É óbvio que não, sua pateta.— Falou vestindo sua camiseta. — E já falei que me chamo Jonas, não Jonathan.

— Que audácia é essa de me chamar de pateta, garoto? Sua sorte é que estou brava com outras coisas.

— Moramos no mesmo bairro, conheço seus pais. Seu pai ajudou na construção da minha casa.

— Que bom, ele é um pai legal. — Falou ironicamente. — Isso foi uma ameaça sua, dizer que moramos no mesmo bairro e que conhece meus pais? Se sua intenção é me chantagear, perdeu seu tempo, não sou rica. E onde me chamar de pateta se enquadra nisso?

— N-não, d-desculpe, f-foi no intuito de te dar uma carona até sua casa.

— Virou gago agora?

— Não. — Respondeu cabisbaixo.

Por alguma razão o garoto confiante, bruscamente ficou tímido e hesitante. Ele estava muito nervoso. Bia sentindo-se culpada por aquela cena, tentou remediar a situação:

— Bem, só por curiosidade, caso eu aceitasse a carona, pretendia me levar como, de ônibus? A pé? — Ela sorria, imaginando que sua piada tinha sido um sucesso, sem ter noção que na verdade, seu humor era incompreendido e ácido.

— Não, bem… — Ele ainda continuava cabisbaixo.

— Relaxa gato, só estava brincando com você, não sou interesseira, ando de ônibus numa boa.

— Vamos de moto.— O garoto apontava na direção do outro lado da rua.

Um pouco atônita, a garota olhava para onde ele apontava e totalmente boquiaberta, não teve tempo de perguntar, seus pensamentos foram lidos por Jonas.

— Não é minha, é do Henry!

Beatriz se perguntava como não tinha visto essa moto assim que chegou, tinha visto Henry andar nela tantas vezes, ficava se imaginando com ele, se fosse mais atenta poderia ter evitado muitas coisas desagradáveis, pensou consigo.

Ela estava louca para montar, mas não queria demonstrar para o garoto, tinha de fazer um charme. Obviamente não demorou muito para perceber que seria o plano perfeito para sua vingança contra Aisha e Henry, pois se tinha algo que o Henry tinha mais ciúmes na vida, era essa moto.

— Tem gasolina? — Pergunta a ele ironicamente, mas ele parece não entender a piada — Meu Deus! Como você é lerdo! — Ela se aproxima dele e da moto. — Olhe, eu não gosto de ajudar as pessoas porque... Obviamente, vai deixar as pessoas felizes. Porém, estou disposta a ajudar você hoje.

— C-como assim, me ajudar? Eu que te ofereci a carona.

— Garoto, não é todo dia que alguém tem o privilégio de andar pela cidade comigo na garupa? — Os dois riram juntos de maneira espontânea.

— V-vamos então? — Perguntou Jonas com um enorme sorriso no rosto.

— Você sabe pilotar?

— Se quiser descobrir, a hora é agora. — Falou subindo na moto.

— Vou arriscar. — Respondeu, montando em seguida.

Bia havia conseguido o que queria e iria se vingar do seu jeito, não era o ideal, mas, ela sabia que quando Henry soubesse que ela saiu na moto dele com outro garoto, isso o deixaria furioso, ou algo próximo do que ela sentiu pegando os dois na cama e para ela, isso bastava.

— Podemos i… — Jonas é interrompido por um grito que parecia ser de Aisha.

Ela gritava dizendo que estavam roubando a moto do seu namorado. Beatriz então olhou para trás e viu Henry na janela ao lado de Aisha, o rapaz logo reconheceu Jonas na moto e claro, ela.

Com fogo nos olhos de Bia, Henry e Aisha entenderam o recado, mas era tarde para mudar qualquer coisa. Beatriz até conseguiu reparar na roupa que Aisha usava, segundo ela mesmo dizia em seus pensamentos, uma roupa de prostituta. Enquanto Henry vestia uma jaqueta preta de estilo bad boy a qual ela adorava.

— Vamos logo, garoto! Está esperando o que? Eu mandar? — Falou ela, apressando-o — Temos que dar o fora daqui o mais rápido possível.

— Com a moto? — Perguntou Jonas, um pouco confuso.

— Claro, não sei andar de bicicleta!

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