CAPÍTULO 19

Sua irmã era a prova de sua vida fracassada, ela com 17 anos se mostrava mais madura do que ele próprio. Já tinha passado da hora, precisa ser adulto também nas ações.

— Olhe… Bom, sei que não vai mudar muita coisa dizer isso agora, mas me desculpe.

— O que você disse? — Olhou para ele surpresa com as palavras do irmão.

— Estou pedindo desculpas.

— Peraí. Preciso gravar isso. Pode repetir?

— Para de palhaçada. Não vou repetir. Você escutou.

— Meu Deus! Vai cair uma tempestade. Bernardo Pozzi pedindo desculpas para mim? Devo estar morta. Será que tinha veneno nesses cereais? — Ela olhava dentro da caixa de cereais.

— Já estou arrependido de ter dito.

Bernardo foi embora e deixou Beatriz sozinha na cozinha com um olhar incrédulo. Se havia uma coisa que seu irmão nunca fez foi se desculpar.

A garota ficou se perguntando se um dos efeitos colaterais do amor seria a auto análise. Pois, era a primeira vez que via seu irmão assim e isso a deixou preocupada.

Era um sinal de que agora teriam de interagir mais, o que a fez fazer uma careta como se tivesse tomado suco de limão puro e sem açúcar.

A jovem foi para seu quarto e viu Bernardo sentado assistindo TV. Sua bermuda estava transparente demais deixando amostra detalhes que fizeram Beatriz sentir nojo.

Seu irmão que estava sentado olhando fixamente para a televisão era o mesmo idiota que sempre foi, mas agora com uma diferença importante. Era um idiota que havia pedido desculpas e lembrar disso, a fez sorrir.

Quando Beatriz entrou em seu quarto, tentou disfarçar sua vontade de ler a mensagem enviada por Michael. Era uma luta entre orgulho e curiosidade, duas das características mais marcantes dela.

O orgulho acabou cedendo e então ela leu novamente a mensagem. Sentiu uma vontade enorme de responder, mas não sabia se deveria.

Ela sentia que vê-lo seria o melhor jeito de descobrir como ele havia descoberto seu número, ignorando a si mesma que uma simples mensagem perguntando isso, resolveria a questão.

Decidida e com muita curiosidade, respondeu a ele dizendo para se encontrarem no parque do centro da cidade em 40 minutos, recebendo quase que instantaneamente a resposta confirmando.

Pensou em uma roupa que fosse boa o suficiente para aquele calor que fazia, nada veio à mente. Então arriscou o básico. Uma calça legging preta para que se sentisse confortável e um tomara que caia vermelho.

Falou com sua mãe que precisa revisar um trabalho na casa de Gabriela o que até foi relativamente fácil fazê-la acreditar.

Olhou-se no espelho e conferiu a roupa no corpo. Passou delineador nos olhos e um brilho labial. Depois abriu as redes sociais e postou algumas fotos que estavam na galeria há tempos.

Viu uma solicitação de amizade de Jonas e aceitou. Bisbilhotou o que ele postava, mas as únicas coisas que encontrou foram vídeos de rock e fotos de sua bicicleta.

Pensou por um segundo como a vida dele era um tédio. Investigou um pouco mais e então achou algumas fotos dos pais dele e de algumas garotas.

Passou por sua cabeça que Jonas devia ser um safado que escondia sua verdadeira face, aí desligou o celular e saiu.

Fazia um dia muito quente, por isso Beatriz prendeu seus cabelos com uma presilha assim que deu os primeiros passos na calçada.

Enquanto caminhava pelas ruas de Newsquare, viu como estava tudo arruinado, fazendo brotar seu desejo de ir embora da cidade assim que se formasse. Não demorou muito para chegar no local combinado.

Beatriz, mesmo longe, reconheceu Michael sentado em um dos bancos do parque e quando se aproximou, hesitou em encará-lo de frente. Ela percebeu que ele estava menos bonito e com uma aparência que lembrava seu irmão Bernardo, o que achou um pouco decepcionante.

Ele notou que ela o olhava de forma analítica então levantou e colocou as mãos no bolso, fazendo Beatriz jogar os cabelos para trás e logo em seguida, desviando o olhar para uma garota passando com o cabelo platinado, criando nela a vontade de fazer também.

— Agora tá curtindo garotas? — Falou Michael, trazendo a atenção de Beatriz de volta a ele.

— E se estiver, qual o problema? — Respondeu firmemente.

— Nenhum. Acho isso sexy.

— Você não mudou nada. Continua o mesmo cretino.

— Então, por que veio?

Era uma pergunta complexa demais para ela responder. A verdade era que nem Beatriz sabia ao certo. Talvez fosse impulso ou talvez ela só quisesse ver como ele estaria depois desses dois anos.

— Vim por dois motivos. Saber como você descobriu meu telefone e saber o que quer comigo.

— Nossa! Que gata selvagem.

— Michael, vamos logo! Diga o que quero saber.

— Calma! Calma, Triz.

— Odeio quando você me chama assim.

— Não era isso o que você dizia…

— Isso foi há trezentos anos atrás. Graças a Deus, eu evolui. Aquela Beatriz não existe mais. Agora desembucha.

— Está bem. — Ele se aproxima dela e ela se afasta, ficando enjoada com o cheiro do seu perfume.

— Primeira pergunta. Como conseguiu meu número de celular?

— Triz, tenho meus contatos. Isso não foi difícil.

— Diga para esse seu contato para torcer que eu não descubra quem ele é.

— Não lembrava de você assim, tão brava.

— O que faz aqui e o que queria falar comigo?

— Não posso voltar para a cidade onde nasci? — Falou sorrindo.

— Claro que pode. Mas o que eu tenho a ver com isso?

.— Quis dar um oi. Senti saudades de você. E você, não sentiu saudade de mim?

— Óbvio que não! Se eu sentir saudade de lixo, vou ao lixão. — Ela revira os olhos, tentando manter a calma e a tremedeira.

Seus lábios estavam ora secos, ora molhados demais, ansiando por deixar escapar muitas palavras feias.

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Comments

Luciana 🥰

Luciana 🥰

bichinha arretada com língua afiada😄😄😄

2023-03-10

1

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Atualizado até capítulo 74

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