CAPÍTULO 5

A vontade de xingar os dois era grande. Porém, guardou o ódio para si. Em seguida, fervendo novamente a cabeça, lembrando-se que um pouquinho antes das férias começarem, Aisha havia prometido fazer uma festa em homenagem à sua amizade com Bia, sentiu-se duplamente traída.

Tentando encontrar algum sentido no meio do caos que eram seus pensamentos, Bia enumerava cada uma das traições; Aisha não era mais virgem, havia dormido com o garoto que ela gostava e deu uma festa sem a convidar.

Ainda sem ser notada pelo casal, Bia foi recuando para trás e falando para si mesma:

— Que filha da puta, vaca! Tudo bem, Bia! Aisha pode muito bem se virar sem você, até porque ela não respira com a sua ajuda.

Juntando os últimos pingos de coragem, ela desceu as escadas dando de cara com um garoto que aparentemente, tentava limpar a sujeira do carpete. Ele estava de costas e sem camisa e nem reparou na garota que descia atordoada.

Na tentativa que ele continuasse sem vê-la, Bia calmamente deu passos silenciosos, a última coisa que ela precisava era que ele visse sua cara inchada de choro, pensou como devia estar parecendo uma idiota.

O garoto tinha um físico peculiar. Ele era bem magro, e isso chamou a atenção da garota, fazendo-a pensar que nunca conseguiria deixar seu corpo tão magro quanto o dele, mesmo se fizesse greve de fome por semanas.

A pele dele estava manchada de alguma coisa que parecia tinta azul, o que a fez recordar de quando sua caneta azul estourou e manchou toda sua mão.

Enquanto se odiava em pensamentos e imaginava mil formas de se vingar da Aisha, sem perceber estava parada pensando alto.

— Foco Bia! Você está triste, sem devaneios, acabou de pegar sua (ex)amiga na cama com o garoto que você gosta(va)... E pensar que a Gabriela mandou aquela maldita mensagem e eu querendo ser esperta, vim mais cedo que o combinado, Droga de vida!

— Oi. Você estava na festa ontem? Não reparei que também ficou por aqui. — A voz do garoto fez com que ela desse um pulo para trás de susto.

— Meu Deus! Desculpe atrapalhar sua limpeza... — Falou se culpando em seguida, por ser tão desligada e distraída. — Não sabia que a mãe da Aisha tinha empregados tão novos!

— Bem, não sou empregado, sou amigo do Henry. Só estou tentando passar o tempo, esperando pelo Henry que deve… Bom, ele deve estar ocupado, acho!

— Ele está muito ocupado! — Respondeu de forma irônica.

— Como disse?!

— Nada… Esquece!

Tentando se recuperar do susto e da vergonha, Bia finalmente olhou para o garoto, que agora estava em pé de frente para ela.

A jovem o reconheceu, era o antigo Presidente do Grêmio Estudantil. Forçando a memória, tentou lembrar-se de seu nome, talvez pudesse ser Jonathan ou algo do tipo, faziam 2 anos daquela votação do grêmio, nem sequer tinha ouvido falar mais dele.

— Ele parece ser certinho demais para estar presente em uma festa com bebidas alcoólicas e a Aisha-Pula-Puta. — Pensou alto a garota.

— O que você disse?

— Ah, nada. Esquece!

— Tá bom. Lembra-se de mim, Bia?

— Nos conhecemos?

A garota pensativa, tentava se lembrar do nome dele e ficou sem graça quando ele falou seu nome. Ficava perguntando para si mesma, qual era mesmo o nome dele.

— Sendo sincera, lembro sim, vagamente, mas, lembro, — Ela estava viciada nesse negócio de mentir.

— Pensei que não se lembraria de mim, estudamos juntos no terceiro ano.

— Ahh sim, claro… João, Josias, não, peraí… Jonathan né? Do Grêmio estudantil?

— É Jonas.

— Issoooo! Eu me confundi.— Ela mentia tanto que nem sentia mais vergonha.

— Só que nunca fui do Grêmio estudantil.

— Nem eu. — Ela soltava um pequeno sorriso nervoso.

O garoto fez uma careta meio idiota, parecia não ter gostado muito o fato da garota não saber o nome dele, por outro lado, Bia observava ele, viu que ele era mais alto do que ela e sua pele estava mais branca do que se lembrava. Ou pelo menos ela achava que se lembrava.

Naquele momento sua tristeza e raiva eram muito maiores do que a lembrança de um garoto qualquer de algum ano esquecido da escola. Mas ela sabia que se dissesse isso estaria sendo muito dura e ele não merecia receber toda sua fúria, tinha que guardar para descontar no casal descarado lá de cima.

Os olhos do garoto estavam tristes e ele parecia olhar tudo aquilo tentando descobrir por onde começar a limpeza, Beatriz sentiu uma breve comoção e tentando ajudá-lo, falou:

— Eu se fosse você deixaria isso de lado, ela tem empregados que virão limpar mais tarde, bem… Como não fui convidada já vou indo embora.

— Aisha está com Henry ainda? — Ele perguntou, como se soubesse que ela tinha presenciado a cena.

— Claro, há cerca de 10 minutos e 47 segundos atrás, ainda estavam nus.

— Você cronometrou? Quero dizer… Quem faz esse tipo de coisa?

— Garotas como eu, baby!

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