CAPÍTULO 10

Muitas vezes as pessoas tomam decisões erradas, algumas podem interferir para o resto de nossas vidas e outras nem tanto. Jovens não estão isentos disso, muito pelo contrário, é o período de nossas vidas onde mais erramos, onde tomamos decisões por impulso.

Às vezes achamos que conhecemos as pessoas. Consideramos coisas triviais na tentativa de justificar a confiança que entregamos a um amigo de infância ou familiar. Porém, nunca conhecemos as pessoas totalmente.

Todo mundo tem suas vidas e suas particularidades, dificilmente sabemos de todos os segredos de cada um, embora possa algum dia vir à tona um ou outro segredo.

Beatriz estava prestes a descobrir na prática como pessoas as quais achamos conhecer, na verdade não são o que aparentam ser.

— Beatriz Pozzi, me acompanhe por gentileza. — O Sra. Grim, conselheira da escola, chamava ela.

Beatriz pensava o motivo daquilo. Os olhos curiosos e surpresos de seus colegas de sala a acompanharam da mesa até a porta da sala.

A garota sentiu-se um pouco envergonhada por isso e seu coração começou a bater acelerado. Não havia motivos para ir até a sala da conselheira da escola, pelo menos não dessa vez. Na tentativa de aliviar a tensão e descontrair o semblante sério da mulher, ela falou:

— Está com fome? Pois eu estou e muito. Até devoraria um sanduíche agora se tivesse um.

— Senhorita Pozzi. Seu histórico de brincadeiras é bem conhecido aqui na escola. Aliás, sua última "brincadeira" não foi muito bem quista pelas alunas.

— Ah! Você diz aquilo com o papel higiênico no banheiro? Foi tão bobo. Não precisava ter chamado meus pais.

— Como não? Você jogou papel higiênico molhado na cabeça de duas alunas enquanto elas usavam o banheiro. Tem noção do quão traumático isso pode ser para elas?

— Desculpe Sra. Grim. Sinto muito por elas.

— Espero que realmente sinta.

A verdade era que Beatriz não sentia. As duas alunas às quais a conselheira se referia, nunca gostaram dela. Desde seu primeiro dia na High School, Mary Ann e Kim, pegavam no pé da jovem.

Foram diversos momentos constrangedores, mas um em especial nunca saiu da cabeça de Bia. Era sua primeira semana na escola e então após pegar sua comida no refeitório, Beatriz saiu a procura de um lugar para se sentar.

Enquanto ela caminhava vagarosamente com seus olhos distraídos, não percebeu que Mary Ann colocou o pé para que ela tropeçasse, fazendo Beatriz cair no chão com sua bandeja, espalhando toda sua comida pelo chão do refeitório.

Após cair, Bia se levantou em meio aos risos de todos os presentes no local. Demorou um longo tempo para que ela superasse, então com o passar dos meses ela foi se tornando menos fechada, fez algumas poucas amizades e jurou um dia se vingar das duas.

Sua vingança demorou alguns anos, mas quando teve a oportunidade, Beatriz a fez. Claro que teve consequências. Seus pais foram chamados, ficou de castigo e ouviu um longo sermão da Sra. Grim, mas para ela, tudo valeu a pena.

Beatriz ainda não sabia o motivo de ir até a sala da conselheira e isso a incomodava muito. Tentando dessa vez ser direta, a garota falou:

— Posso saber o que eu fiz?

— Você logo saberá. A diretora Highsmith está nos esperando.

— A diretora Patrícia? Não iríamos para a sua sala?

— Em momento algum eu disse que iríamos à minha sala, senhorita Pozzi.

A ruiva de óculos mantinha seu olhar superior e de pouco caso, contrastando com um semblante preocupado da jovem.

Ao entrarem na sala da diretora, Beatriz sentiu um frio percorrer por todo seu corpo. Ao lado da mesa da diretora estavam dois policiais que a olhavam dos pés à cabeça. Seja qual o motivo que fosse, Beatriz percebeu naquele momento que era algo muito sério.

— Por favor, sente-se senhorita Pozzi. — Falou a diretora.

Obedecendo a ordem da diretora, a jovem sentou na cadeira sentindo uma sensação ruim. Ela conhecia a diretora Highsmith há alguns anos. Seu início na escola havia sido difícil.

A diretora tinha tido um papel importante na recuperação da confiança de Beatriz, após os atos de bullying que sofria de outras alunas. Por esse motivo Beatriz sempre achou que Patrícia, a diretora, gostava dela.

Era a primeira vez que entrava nessa sala se sentindo uma réu em um julgamento.

— Aceita um copo de água?

— Não! Obrigada, Sra. Highsmith

— Beatriz, você deve estar sabendo sobre a festa que Aisha promoveu na ausência de seus pais. Provavelmente foi uma das convidadas.

— Sendo bem sincera Sra. Highsmith, não fui convidada. — Respondeu engolindo seco.

— Você? A melhor amiga da Aisha, não foi convidada, Beatriz?

— Sim. — A garota respondia secamente, mas sua vontade era de expressar sua total revolta contra sua (ex)amiga. — Acredite. Quando fiquei sabendo dessa festa, minha cara de surpresa foi exatamente igual à da senhora.

— E por que não foi convidada? Você teve algum tipo de desentendimento com ela? — Um dos policiais perguntou para a jovem.

— Não! Bem… Eu acho que não.

— Você acha ou tem certeza? — Insistiu o policial.

— Eu acho. Pelo menos achava ser a melhor amiga dela. — Respondeu de forma hesitante e um pouco nervosa. — Por que não perguntam para ela? Só chamá-la aqui também.

— A Aisha está presa! — Falou o outro policial.

— Presa? Mas como assim? Por que? Por dar uma festa sem a presença dos pais dela?

— Claro que não, Beatriz! — A diretora respondeu com seriedade.

— Senhora Highsmith! Também achei totalmente errado ela fazer aquela festa. Onde já se viu adolescentes, bebidas. Sou totalmente contra essas coisas. E outra. Ela ir para cama com aquele garoto idiota, o Henry. Total safadeza.

Beatriz resolveu abrir o jogo, sentindo seus músculos relaxarem. Nunca pensou que poderia ser uma x9.

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